Fraca da alma.

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Ayla Scamender
1979.


-Mãe? Pai?

-Você é a mulher mais forte que conhecemos...

-E vai ser para sempre a nossa menininha.

03:42 

-Corre! Ayla, corre!- Acordo num pulo. Escuto os gritos dos meus pais e entro em desespero.

Não penso muito, pego minha varinha e corro. Mas não para fugir. Vou em sua direção.

Espio a sala pela fresta da porta e vejo a pior cena que eu poderia ter visto.

Tem dois comensais cercando meu pai. Que está de joelhos no chão, sem forças. Minha mãe está em seus braços... e está... ela está...

Meu pai percebe minha presença e discretamente desvia seu olhar para mim.

-AVADRA KEDRAVA!

-PAI, NÃO!-Eu grito e corro.

Mas não cheguei à tempo.

Meu pai já está sem vida, ao lado de minha mãe.

Me ajoelho perto deles e os agarro o mais forte possível.

Dói. Dói tanto. Isso não pode estar acontecendo comigo... Não, não, não...

Não consigo lutar, não consigo pensar, não consigo me mover. As lágrimas descem de forma descontrolada e meus soluços são altos.

-Ah, coitadinha...-Um comensal diz em tom de ironia.-Aprendeu a lição? Não se deve cruzar o caminho do Lorde das Trevas, garota.

O ódio toma conta de mim. Apenas levanto o olhar e os encaro profundamente nos olhos.

-Bom, dê um avisinho à Voldemort. Se ele é tão forte quanto diz ser, que ele lute suas próprias batalhas, não mandar alguém para fazer o trabalho sujo.- Digo com a voz firme, mesmo entre soluços.

Eles apenas riem. Eles estão rindo enquanto eu seguro os corpos dos meus pais.

-É seu último aviso. Fique fora do caminho.-Um deles alerta.

E vão embora.

Volto meu olhar para eles. Os seguro com força, e não consigo parar de chorar.

-Por favor, não me deixem aqui... Eu não quero ficar aqui sem vocês... Mãe, pai... Acordem, por favor eu... e-eu...-Tento falar.

É como se tudo desmoronasse. Meu peito queima e eu mal consigo respirar.

Não sei quanto tempo estive aqui, com eles. Só sei que parecia uma eternidade, como se um segundo durasse anos e anos.

Sirius, James, Remus, Lily e Frank entram correndo pela porta, provavelmente por alguma denúncia dos vizinhos chegaram até aqui.

Choro mais alto. Sirius corre em minha direção.

Sirius Black
1979.

Afasto Ayla de seus pais e a aperto contra o peito. Ela luta, se esperneia, grita e chora. Mas eu não à solto.

- Não, não! Me solta, eles precisam de mim! Eles tem que ficar comigo!-Ela implora enquanto chora. Meu peito dói só de ver essa cena. De vê-la assim.

Eu juro que um dia todos eles vão pagar por isso.

-Shh... Eu tô aqui. Vai ficar tudo bem. Calma, calma...-Digo enquanto acaricio seus cabelos e ela para de lutar.

Seu choro não para. Pelo contrário, é cada vez mais profundo e dolorido.

-Eu quero a minha mãe e meu pai...-Ela diz baixinho.- Eu preciso deles, Sirius.

Não digo nada. Sei que nada que eu possa dizer vai fazer qualquer efeito que seja. Então eu apenas à seguro perto de mim, acaricio sua cabeça e deixo que ela chore em meu colo.

Até que ela se acalma mais. Então à levo embora dali, ela não conseguiu falar com mais ninguém além de mim, mas o resto do pessoal fez questão de dar um grande abraço nela.

James prometeu que iria ficar tudo bem, e Remus afirmou que ela estaria segura enquanto ele vivesse.

À levo para minha casa e eu nunca tinha visto ela desse jeito antes.

Não era nada parecido com a tortura que ela passou. Ela estava fraca, só que dessa vez, ela estava fraca da alma.

Ela não fala mais nada, apenas deita na minha cama e chora mais e mais, até que de repente cai no sono e dorme. Com o rosto todo vermelho e os olhinhos inchados.

Preciso saber o que exatamente aconteceu ali.

Porquê iriam atrás dos pais da Ayla? E como ela sobreviveu?

Mas tudo no tempo dela. Única coisa que eu sei é que eu devo estar ao seu lado até que ela esteja pronta para falar, preciso cuidar dela custe o que custar.

Me aproximo do seu corpinho pequeno e indefeso e deposito um pequeno beijo em sua testa.

-Eu te amo tanto. Vou cuidar de você pelo resto da minha vida. Eu prometo, ok? Nada mais de ruim vai te acontecer enquanto eu viver.- Afirmo baixinho em seu ouvido, ela remexe um pouco na cama porém não acorda.

À abraço e durmo ao seu lado.

Acordo de repente durante a madrugada, quase de manhã. O sol está leve, quase nascendo na fora.

Levanto meu olhar e vejo Ayla sentada na janela, como ela sempre faz. Ela olha para o mundo lá fora tão profundamente que nem nota que eu acordei.
Ela está à abraçar suas pernas e seu cabelo cai pela suas costas.

-Ei, amor.-Digo para chamá-la.

Ela nem vira o rosto para mim, continua encarando a janela, na mesma posição.

-Quando eu acordei, com meu pai gritando, ele ainda estava vivo. Só mataram ele depois que viram que eu estava ali. Me deixaram viva depois disso.-Ela diz com a voz trêmula. Levanto da cama e ando em sua direção. Ela finalmente me olha.

-Eles fizeram de propósito. Eles me fizeram assistir a morte do meu próprio pai.- Ela afirma e eu abro os braços e ela mergulha neles.

𝔸𝕝𝕥𝕦𝕞| 𝔖𝔦𝔯𝔦𝔲𝔰 𝔅𝔩𝔞𝔠𝔨 *COMPLETO*Onde histórias criam vida. Descubra agora