— Não precisa ficar assustada — Sebastian gritou — Não é fogo de verdade. São só luzes e projetores de LED.
A garçonete se materializou do nada e colocou uma bebida sobre a mesa, então disse alguma coisa que Scarlett não conseguiu ouvir. Em um piscar de olhos, desapareceu na massa de corpos em movimento. A música avançava para uma espécie de clímax, e as pessoas iam ficando mais agitadas.
Scarlett pegou o copo e deu um bom gole. Limão, xerez e amaretto. O ideal seria que tivesse vodca, ou melhor, etanol puro. Faria efeito mais depressa.
Sebastian lançou um olhar de divertimento para ela.
— Está com sede? — Scarlett confirmou com um aceno de cabeça.
Sirenes altíssimas ressoaram, e um silêncio total recaiu sobre o lugar por uns bons cinco segundos, então uma melodia saiu dos alto-falantes. Sem aviso, a batida do baixo voltou numa velocidade frenética. A plateia enlouqueceu.
O coração de Scarlett batia a mil por hora, e o medo ameaçava dominá-la. Barulho demais. Frenesi demais. Ela conteve suas emoções e as enterrou bem fundo, forçando-se a respirar mais devagar. Enquanto parecesse calma por fora, estaria ganhando o jogo. A música acelerava, mas o tempo se arrastava.
O movimento dos corpos permitiu uma visão direta do bar. A loira estava brincando com o colarinho da camisa de Chris, próxima demais.
Ela colou os lábios nos dele.
Scarlett se encolheu como se tivesse levado um tapa na cara. Esperou que ele se desvencilhasse da mulher pelo que lhe pareceram séculos, até que a multidão se redistribuiu e obstruiu sua visão.
Uma mistura de bile e amaretto subiu pela sua garganta.
Precisava vomitar. Ela abriu caminho na multidão, empurrando corpos em convulsão. A música continuava forte. As luzes piscavam em altíssima velocidade. O cheiro predominante era de suor azedo, perfume e álcool. A sensação era de estar em meio a músculos rígidos e articulações afiadas.
Chris ainda estaria beijando aquela mulher?
Seus olhos se encheram de lágrimas. Os corpos formavam uma jaula ao seu redor. Era impossível se mover. Era impossível gritar por socorro.
Uma mão se fechou em torno da sua.
Chris?
Não, era Sebastian.
Ele empurrou as pessoas mais próximas. Um cara devolveu o empurrão.
Sebastian simplesmente afastou o sujeito com o cotovelo e continuou passando. O tempo todo o aperto dele em sua mão continuava seguro e firme. Ele a conduziu por entre a multidão, abriu uma porta, e um ar frio delicioso atingiu o rosto dela.
A porta se fechou com um clique, abafando a música. Alguém ofegava. As luzes piscantes desapareceram. Ela cobriu os olhos e sentou no cimento frio. Suas pernas trêmulas se recusavam a carregar seu peso.
— Obrigada — Scarlett conseguiu dizer.
— Tudo bem com você?
— Estou passando mal — ela cravou as unhas na calçada enquanto procurava um lugar apropriado para vomitar. O ar não entrava em seus pulmões em quantidade suficiente.
— Calma, calma. Respira devagar — ele moveu a mão como se fosse tocá-la, fazendo com que se encolhesse toda — Senta direito. Assim. Respira pelo nariz. Solta pela boca.
Quem estava ofegando daquele jeito? O som a estava deixando maluca.
— Aguenta firme. Vou buscar o Chris.
— Não — Scarlett agarrou o pulso dele. — Eu estou bem.
Ela se apoiou e virou para a parede da construção. A frieza da superfície era agradável em seu corpo febril, o que servia de distração para os pensamentos relacionados a Chris e aquela mulher. Chris beijando aquela mulher.
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𝐃𝐈𝐒𝐂𝐎𝐕𝐄𝐑𝐈𝐍𝐆 𝐋𝐎𝐕𝐄 | ✓
FanfictionDESCOBRINDO O AMOR | EVANSSON Um romance que prova que o amor muitas vezes supera a lógica. Já passou da hora de Scarlett se casar e constituir família - pelo menos é isso que sua mãe acha. Mas se relacionar com o sexo oposto não é nada fácil para e...
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