Scarlett observou, perplexa, quando ele se acomodou no sofá diante deles. Usava uma camiseta preta justa sobre os ombros atarracados e tinha os cabelos até a altura do queixo. Ela não queria correr o risco de parecer mal-educada e ficar olhando para as tatuagens muito elaboradas que decoravam os braços e o pescoço musculosos dele, mas era difícil. Nunca havia visto tantas juntas e tão de perto.

Chris se inclinou para a frente.

— Sebastian... — o desconhecido o encarou.
— Não, eu entendo. Você deve ter perdido o celular ou coisa do tipo — voltando a atenção para Scarlett, ele se apresentou — Sou Sebastian, primo favorito e melhor amigo do Chris.

Primo. Melhor amigo. Ela estava toda tensa quando estendeu a mão sobre a mesa.

— Scarlett Johansson. Prazer.

Ele ficou olhando para a mão dela com uma expressão de divertimento antes de apertá-la e se esparramar de novo no sofá.

— Então Chris tem mesmo uma namorada. Me deixa adivinhar: você é médica.

Quando ela abriu a boca para corrigi-lo duplamente, Chris a abraçou e a puxou para mais perto.

— Scarlett é econometrista.

Ela o encarou com uma expressão confusa, até que se deu conta de que Chris estava com medo de que Scarlett revelasse ao primo que ele trabalhava como acompanhante. Ela revirou os olhos mentalmente. Seu traquejo social não era dos melhores, mas não era tão ruim quanto Chris pensava.

Sebastian a surpreendeu, inclinando-se em sua direção com um olhar curioso.

— Isso tem relação com economia, certo?
— Sim.
— Ela já conheceu Lizzie? — ele perguntou para Chris.

Quem era Lizzie?

Chris, porém, pareceu não ouvir a pergunta. Sua atenção estava voltada para uma loira baixinha sentada no bar. Quando ela deu um tapinha no banco ao lado, olhando para Chris, ele soltou um palavrão abafado e ficou de pé.

— Já volto.

O corpo de Scarlett ficou congelado enquanto o observava caminhar até o bar. Chris sentou no banquinho indicado, e a loira passou a mão em seu braço. Eles começaram a conversar, mas não dava para ouvir o que diziam, por causa da música e da quantidade cada vez maior de gente no lugar.

Quando foi que tinha chegado tanta gente? Havia o dobro de pessoas do que quando tinham entrado. Um fluxo contínuo de frequentadores chegando à casa noturna.

— A-aquela é Lizzie? — Scarlett perguntou.
— Não sei quem é, mas não é Lizzie — depois de dar uma olhada na cara de Scarlett, Sebastian abriu um sorriso sutil — Ele claramente não está a fim de conversar com ela. Não precisa se preocupar.

Mas não parecia que ela não tinha com que se preocupar. A loira deu risada de alguma coisa que Chris falou e chegou ainda mais perto. Os seios grandes, de fazer inveja, roçaram nele. O que aconteceu em seguida foi bloqueado de sua visão pelas pessoas em torno do bar.

— Aqui costuma ser tão cheio? — Scarlett perguntou.
— Não — Sebastian coçou a cabeça e olhou para um lado e depois para o outro — Um DJ famosinho vai tocar hoje, deve ser por isso. A acústica é muito boa, se prepare pra ser sacudida.

Ela sentiu um nó na garganta, e um mau pressentimento se instalou em suas entranhas. Desde quando ser sacudida era uma coisa boa? Havia centenas de corpos no lugar. Bem mais do que ela previa.

Uma explosão eletrônica irrompeu dos alto-falantes embutidos no teto, e o coração de Scarlett disparou de tal forma que seu peito até doeu. O ambiente se tingiu de vermelho quando chamas começaram a dançar pelas paredes. A multidão gritou de empolgação, enquanto Scarlett lutava para conseguir respirar. Lasers e fumaça. O volume do murmurinho baixou, e sons orquestrais efêmeros se espalharam pela pista. Antes que ela pudesse pensar em relaxar, uma batida voltou a pulsar ao fundo, ganhando velocidade pouco a pouco.

𝐃𝐈𝐒𝐂𝐎𝐕𝐄𝐑𝐈𝐍𝐆 𝐋𝐎𝐕𝐄 | ✓ Where stories live. Discover now