DESCOBRINDO O AMOR | EVANSSON
Um romance que prova que o amor muitas vezes supera a lógica.
Já passou da hora de Scarlett se casar e constituir família - pelo menos é isso que sua mãe acha. Mas se relacionar com o sexo oposto não é nada fácil para e...
Ela não deveria fazer aquilo. Era intimidade demais. Estaria cruzando um limite. Pareceria coisa de casal — o que eles não eram.
Era só sorvete. Só uma colher. Chris poderia encarar como uma rejeição caso ela não aceitasse, e ela não queria de jeito nenhum magoá-lo, nem mesmo de leve.
Então abriu a boca e deixou que ele lhe desse o sorvete. Seu coração batia acelerado e seu peito parecia uma máquina de pinball enquanto o sorvete de chá verde derretia na sua língua. Chris a observava com expectativa, ignorando o efeito que exercia sobre ela.
— Tá, é gostoso — ela tentou parecer casual. Aquilo não significava nada. Não era um encontro romântico. Scarlett era só mais uma cliente. Mantenha a cabeça fria. Ela enfiou a colher em seu próprio sorvete. — Eu falei. — Ainda gosto mais do meu — Scarlett levou uma colherada de menta com chocolate à boca. A complexa combinação explodiu no céu de sua boca. Seus dentes trituraram os pedaços de chocolate. Perfeição pura. — Me deixa experimentar.
Ela estendeu o pote para ele, mas Chris não usou sua colher para provar. Passou os dedos em seu queixo e empurrou sua cabeça para trás para beijá-la. A língua dele entrou em sua boca, e seu gosto salgado se misturou com o do sorvete. Ela não sabia se ficava perplexa, chocada, excitada, ou as três coisas.
Com uma longa lambida no lábio inferior, Chris se afastou e sorriu, abrindo seus olhos claros, intensos e misteriosos.
— Não acredito que você fez isso. — sem saber o que fazer, ela tentou pegar mais sorvete. A colher de plástico caiu sobre a mesa.
Scarlett a apanhou, mas a mão de Chris pousou sobre a sua. Então ele a beijou de novo — um beijo doce, de lábios fechados, mas que ainda assim pareceu escandaloso. E delicioso demais para resistir. A sorveteria desapareceu, assim como as outras pessoas. Naquele momento, havia apenas os dois, o gosto do sorvete e dos lábios deles, que pouco a pouco iam esquentando.
Quando Chris enfiou a língua entre os lábios afastados de Scarlett, a doçura sedosa e gelada do sorvete de menta com chocolate na boca dela o deixou maluco. Ele se esqueceu de que a estava seduzindo. Se esqueceu até do motivo. Só conseguia se concentrar no gosto e em sua respiração quente. Queria devorá-la.
Ela percebia que gemia baixinho quando retribuía seus beijos? Ou que seus dedos frios se infiltravam sob o punho da camisa dele e acariciavam sua pele?
Chris queria passar as mãos naquelas coxas descobertas e enfiá- las por baixo da bainha curta do vestido para poder tocá-la de novo. Mas, da última vez que o fizera, ela ficara morrendo de medo.
Porque não queria repetir com ele a experiência que tivera com os três babacas anteriores.
As clientes nunca se preocupavam tanto com ele. Por que ela sim? Seria melhor parar com aquilo. Estava virando sua cabeça de ponta-cabeça.
— Calma aí — uma voz risonha interrompeu — Vocês estão num local público — Scarlett se afastou, levando os dedos trêmulos aos lábios vermelhos.
Ela o pegara de surpresa naquele dia trocando os óculos por lentes de contato e deixando os cabelos soltos em ondas compridas. Até estava maquiada, mas o beijo já arrancara todo o gloss. Tudo bem. Daquele jeito, ela parecia linda demais para ser real.
Quando o grupo de engraçadinhos na mesa ao lado começou a aplaudir e gargalhar, Chris pensou que ela fosse ficar toda sem graça. Não foi o que aconteceu. Scarlett baixou a cabeça daquele seu jeito tímido e riu junto. O sorriso suave e o brilho no olhar dela, porém, eram só para ele, e o faziam se sentir como se tivesse vencido um exército inteiro sozinho. Era só Chris que ela via, só para ele que sorria, e ninguém mais.
Seu plano de seduzi-la para aliviar sua ansiedade estava funcionando. Sem dúvida, quando a levasse para casa naquela noite, Scarlett estaria pronta para preencher os principais quadradinhos dos planos de aula. Era o que ele deveria ter feito desde o início. Todo mundo sabia que, para levar uma mulher para a cama, o lugar certo onde começar não era o quarto. Era ali que entravam a sedução, o romance, o carinho e a dança. E o sorvete.
O problema era que aquelas coisas estavam funcionando no sentido inverso também. Quanto mais tempo passava com Scarlett, mais a atração de Chris por ela crescia — e não só em termos físicos. Se não conseguisse preencher todos os quadradinhos nas duas aulas que restavam, precisaria prolongar o acordo, o que não era uma boa ideia. Ele correria o risco de cair na besteira de se apaixonar por ela.
Jamais passaria por sua cabeça que as circunstâncias em que estavam poderiam ser revertidas em um cenário de conto de fadas. Além de estarem em mundos diferentes em termos de formação acadêmica e cultura, Scarlett era rica. Se ficasse sabendo do pai dele e das merdas que fazia para ganhar dinheiro, jamais confiaria em Chris. Ditados como "tal pai, tal filho" existiam por um motivo. Ele se rebelava contra aquilo e detestava o pai pelo que tinha feito, mas carregava dentro de si os mesmos defeitos. Era uma bomba-relógio ambulante, não queria que Scarlett estivesse por perto quando seu tempo acabasse e ele explodisse, destruindo tudo e todos ao seu redor.
O sexo era sua saída daquela situação. Preencher os quadradinhos, finalizar as aulas e seguir em frente. Só que, agora que a conhecia melhor, queria ser mais que o professor que ia ensiná-la a ser boa de cama. Queria proporcionar as melhores noites da vida dela.
E aquela noite seria digna de fogos de artifício.
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