— Calma, patroa — disse Rodolffo em meio à gritaria dos demais. — Vou fazer de novo: Juliette, você e Sarah tão namorando?

— Essa pergunta tu tem que fazer pra Sarah — respondeu Juliette, para surpresa da loira.

Uma porção de cabeças viraram na direção de Sarah, que acabou ficando com a batata quente sem nem sequer ser sua vez no jogo. Ela olhou ao redor, hesitou... E deu a melhor resposta que poderia naquele momento:

— A gente tá se conhecendo.

Vários "aaaaaaahs" se seguiram. Sarah sorriu, satisfeita. Era isso que ela queria: que as pessoas dentro da casa shippassem elas duas, assim como o público deveria estar fazendo agora. Juliette pareceu entender a jogada e completou:

— E muito bem, diga-se de passagem.

Foi o bastante para que o resto da casa fosse à loucura.

*****

— Eu nunca transei com alguém do mesmo sexo — perguntou Gil, que aparentemente estava obcecado em descobrir qual dos brothers era elegível para ele.

Juliette encontrou os olhos de Sarah enquanto bebia da sua garrafa e deu uma piscada para a loira. Sarah quase engasgou com o líquido que descia pela sua garganta quando percebeu aquele contato.

— Aqui dentro não vale — disse Gil, tirando a garrafa da boca de Juliette. — Eu quero saber de lá fora!

Juliette deu de ombros e bebeu novamente. Sarah arregalou os olhos e alguns participantes soltaram gritinhos surpresos.

— Tu nunca me disse que era bi! — acusou Gil.

— Eu não sou. Não era, sei lá — disse Juliette. — Já beijei umas duas ou três. Não chegou a ter sexo, mas foi quase.

Sarah franziu o cenho ao processar a informação. Realmente ela não fazia ideia... Gil olhava surpreso entre as duas, como se esperasse que elas tivessem uma DR ali na sua frente.

— Tu sabia disso, Sarah?

Sarah estava em transe. Ela imaginou Juliette sendo beijada e acariciada por outras mulheres e seu sangue ferveu. Ela tinha tanta certeza que era a única! Seu sangue ferveu, aumentando a temperatura crescente do seu corpo. Ao ver as câmera focadas nela, Sarah tentou se controlar. O jogo continua. Ela fingiu estar ofendida de uma forma que Juliette saberia que é brincadeira.

— Eu achei que tivesse sido a única! — disse Sarah. — Você me iludiu, Juliette.

As pessoas ao redor deram risada, alguns até bateram palmas esperando o desenrolar daquela conversa.

— Claro que não! Tu foi a única em vários aspectos.

— Quais? Tô sabendo agora que você já beijou, já se esfregou, já fez quase tudo com um monte de mulher por aí.

— Sarah, presta atenção — disse Juliette em meio a risadas. — Teve uma ou outra só antes de ti, mas não foi nada não. Tu foi a única que eu cheguei nos finalmente, que eu me apaixo...

O silêncio tomou conta do grupo repentinamente. Juliette paralisou em meio a frase e arregalou os olhos com a boca aberta. Sarah olhava para ela em choque. Gil foi o primeiro a se manifestar. Ele não cabia em si de alegria.

— É o amooooooor... Que mexe com a minha cabeça e me deixa assim!

******

— Verdade ou desafio?

— Desafio — respondeu Juliette, claramente alcoolizada.

Camila passou os olhos pela roda à procura de um bom desafio. Quando ela parou em Sarah, a loira soube na hora o que estava por vir.

— Faz uma pelos fãs do casal? Eu te desafio a beijar a Sarah.

Juliette não pensou duas vezes antes de levantar e quase correr na direção de Sarah.

— Mas é beijo de verdade! Não é selinho!

Todos concordaram em meio a assobios, palmas e gritos de apoio. Quando Juliette sentou no colo de Sarah e passou os braços pelo pescoço da loira, Sarah tentou ignorar a presença de tanta gente ao redor delas. Quando focou nos olhos escuros de Juliette, foi como se finalmente estivessem sozinhas, depois de tanto tempo longe uma da outra.

— Beija, beija, beija! — gritaram os participantes.

Sarah ficou imóvel, deixando que Juliette tomasse as rédeas da ação. Juliette abaixou a cabeça lentamente, até que ficou a centímetros da boca de Sarah e abriu um sorriso. Sarah não podia deixar de sorrir também. Estar assim com Juliette era como voltar pra casa depois de um longo dia fora.

— Você tem certeza disso? — perguntou Sarah com a voz rouca e olhar carregado de intensidade.

Juliette olhou rapidamente para os lábios de Sarah, tão próximos que ela quase podia tocá-los com os seus. Em seguida, voltou a encarar os olhos verdes da amiga.

— Tenho — respondeu Juliette com firmeza.

A morena juntou os lábios das duas com calma, saboreando cada instante. Em seguida, sua língua pediu passagem, que Sarah concedeu sem hesitar. A explosão de sentidos que tomou conta de seu corpo foi imediata: o gosto de Juliette, seu cheiro, sua textura, a fina camada de suor em seu colo que agora molhava a ponta dos dedos de Sarah... Tudo era Juliette e, ao mesmo tempo, não era o bastante. Ela precisava de mais.

Sarah aprofundou o beijo colocando a mão nos cabelos de Juliette e fechou o pouco espaço que havia entre as duas. Juliette se ajeitou no colo de Sarah para conseguir um ângulo melhor e, em questão de segundos, elas se devoravam em um beijo intenso.

— Que cachorragem! É assim que eu gosto — disse Gilberto em meio a palmas e assobios dos outros participantes.

Sarah e Juliette se soltaram quando perceberam a comoção ao redor delas. As pessoas estavam na maior euforia, já alcoolizadas, impressionadas com a desinibição do casal. Carla e Arthur não chegavam nem aos pés delas no quesito demonstração de desejo.

Sarah olhou de volta para Juliette e se encantou pelo sorriso da morena. Pela primeira vez em dias, a tensão entre elas havia se dissipado e uma tranquilidade pairava entre as duas. O desejo ainda era latente, mas agora as questões estavam mais bem resolvidas.

Sem pensar duas vezes, Sarah disparou:

— Quer namorar comigo?

Enganando BoninhoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora