Novata

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Acordei decidida a esquecer o que as meninas falaram no dia da minha festa e depois por mensagens e ligações, elas estão realmente convictas que o Miguel está apaixonado por mim. Mas eu não posso deixar isso nos atrapalhar, somos só amigos e continuaremos assim, não vejo o Gui como nada além disso.

Hoje é o primeiro dia de volta às aulas depois das férias de verão. O que me traz certo nervosismo, por isso, não enrolei para levantar. Todas as minhas coisas estavam arrumadas e prontas em cima da minha escrivaninha. Minha mãe disse que seria melhor, já que eu poderia querer enrolar para arrumar tudo pela manhã. 

Depois de pronta, fiquei imaginando o que aconteceria, se entraria alguém novo (as vezes acontece de entrar alguém depois das férias de junho) ou se seriamos somente nós, a mesma turma desde o ano passado.

Cheguei na cozinha, onde minha mãe já estava deixando tudo pronto para o café da manhã. Meus pais costumam trabalhar bastante, quase não nos vemos, então priorizamos esses momentos.

— Está animada, querida? — Meu pai é o primeiro a se pronunciar assim que sento a mesa.

— Na verdade, sim. Sei que já conheço a escola, mas pode ser diferente — Minha barriga se revisa em ansiedade quando imagino tudo que pode acontecer.

Sim, nós priorizamos esses momentos de café da manhã, almoço e jantar em família. Mas, vamos ser sinceros, ninguém nessa casa é uma pessoa matinal. Então, só comemos em silencio, sendo interrompido somente para perguntas simples.

Logo depois do café, voltei para o meu quarto para pegar tudo que falta, meu pai já estava me esperando dentro do carro. Volta às aulas, novas possibilidades. Aqui vamos nós.

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Eu, tecnicamente, deveria ser uma das primeiras a chegar na escola, já que estava acordada e pronta desde cedo. Mas, não me perguntem como, eu consegui chegar um pouco atrasada. Apenas 15 minutos, não é tanto assim.

A escola estava cheia, alunos perambulando para todos os cantos, pessoas animadas se reencontrando para contar como foram as suas férias. 

Eu estava olhando para todos os lados, procurando meus amigos que ainda não tinham aparecido, quando sinto um corpo chocar contra o meu, quase me fazendo cair. Porém, a mesma pessoa que quase me derrubou acabou segurando o meu braço. 

Ainda bem, porque essa provavelmente seria a queda mais vergonhosa do ano.

— Desculpa, você está bem? — OPA! Calma, eu conheço essa voz, claro que conheço.

Levanto lentamente os meus olhos, agradecendo aos céus por não ter caído de verdade. Era ele.

Conheçam, Charlie Vacchino. Olhos claros da cor do mar, cabelos pretos em um estilo bagunçado, porém charmoso. E um sorriso que tira o folego de qualquer um, inclusive o meu. E para completar, ele é meio italiano. Ele morava lá antes de se mudar para a Bahia, cidade natal da sua mãe.

E é claro que eu, em meio a todas as meninas da escola, tenho uma queda por ele. Uma queda não, um penhasco!

— Está tudo bem? — Ele me pergunta de novo. Só então percebo que não havia o respondido. 

Fale alguma coisa, penso. Não faça papel de boba agora, Valentina!

— Hm, sim. Estou bem — tentei dar um sorriso, mas estava tão nervosa que acho que pareceu mais como se eu estivesse sentindo dor. 

— Tem certeza? — Que fofo, ele está preocupado! 

— Sim, tenho. Desculpa por esbarrar em você, estava um pouco distraída — Bom, foi ele que esbarrou em mim, mas é melhor do que um silêncio constrangedor, que era a minha segunda opção.

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