RETROUVAILLES I - Nova versão

CAPÍTULO 12

      Todos erguem o olhar para a garota, a qual está cerrando os olhos com a pergunta.

— Você sabe com quem.

— Sim, mas eu quero que meus amigos também saibam, porque é uma fofoca muito grande. Não gosto de ser fofoqueiro e não vou estar sendo um, se for você quem contar. Então?

Alicia revira os olhos antes de responder. — Com a Karla, a garota que vazou aquele sex tape daqueles caras da escola.

     A sala é preenchida por xingamentos e bocas abertas, a minha inclusa. No inicio desse ano seletivo, Karla levou suspensão por ter divulgado um filme íntimo, de dois garotos não assumidos para todos os alunos da escola. Depois, descobrimos que ela andava os chantageando, fazendo piadas pesadas com o fato deles serem gays. Ela foi esculachada pela escola inteira, mas hoje em dia ninguém mais lembra de sua existência. Não deveria me surpreender que por trás de todo seu ódio, ela tinha o mesmo gosto pela coisa.

— Pois é, meus amigos, eu fiquei tão surpreso quando ouvi sons desagradáveis de dentro daquela cabine e logo depois as duas donzelas saíram como se nada tivesse acontecido.

— Sério, pessoal, deixa isso entro a gente. Não quero arrumar merda pra minha cabeça. — Alicia pede. — Ela está quase morrendo de medo porque Charles nos viu.

— Como eu disse, não sou fofoqueiro. — Ele pisca. — Sua vez.

Alicia corre os olhos por toda sala, parando no Kaleb. — Quantas garotas você já levou para sua fazenda?

Dou risada, erguendo minha sobrancelha para o garoto, desafiando-o a responder. Ele apenas sorri para mim, estendendo as mãos para os dois copos de tequila.

— Cafajeste! — Xingo-o, brincando.

— Um mágico nunca revela seus segredos. — Diz, levando a bebida até a boca e depois a outra.

— Corta essa! — Sam revira os olhos, rindo.

— Meu desafio vai ser para você, Sam. — Kaleb encara a loira. — Mostra pra gente a mensagem que você mandou no grupo de suas amigas após a primeira transa que teve com o Gustavo.

      Quase esboço um sorriso com a lembrança das notificações chegando no grupo, a qual Allie foi inserida. Uma chuva de palavras como: Deus do sexo, maravilhoso, melhor sexo da minha vida, eu nunca mais vou querer parar de dar para ele e entre diversos textos com um teor extremamente pornográfico. Parecia que ela não fazia sexo há um ano.

— Vou beber. — Ela recusa, fazendo eu e Allie rimos. — Certas coisas precisam ficar em particular.

— Eu daria tudo para ver essas mensagens. — Gustavo comenta, encarando-a feito um cachorrinho sem dono.

— Eu te mostro se você mostrar as suas. — Retruca, virando o primeiro shot.

     Dessa vez, quem ri é o Nick e o Charles. 

— Ah, foi muito bom! — Charles diz, ainda rindo.

— Eu quero ver, vamos negociar isso mais tarde. — Vira o segundo depois que Gus concorda com a sugestão. — Nick, quando você transou pela primeira ou quando o Gustavo transou pela primeira vez, vocês compartilharam detalhes?

— Que tipo de pergunta é essa? — Meu amigo ergue a sobrancelha, rindo.

— Porque estou querendo me informar o quanto vocês são próximos, se vou ter que dividi-lo. Charles é mais no canto dele, como ele mesmo disse, é um fofoqueiro reservado. Já vocês dois, não vivem separados.

— Não compartilhamos detalhes sobre isso, pode ficar tranquila. — Gustavo responde, rindo também.

— Não chegamos nesse nível, é tudo muito sigiloso.

— Definitivamente. — Charles interfere. — Vamos Nick, sua vez.

— Eu passo, não tenho criatividade para essas merdas.

— Eu vou, então. — Ele dá de ombros. — Alisha, você curte ménage?

— Depende com quem estou fazendo. — A ruiva pisca. — E você?

— Está usando sua vez?

— Se você preferir assim.

— Sim, eu curto. — Ele pisca da mesma forma. — Minha vez novamente, não é? — Seu olhar volta para o Nick. — Tira a camisa.

— Sério? — Meu amigo revira os olhos, bufando.

— Com certeza, o que é bonito tem que ser mostrado.

     Dou uma risadinha. Eu sabia que o Charles é bissexual, ele nunca fez questão de esconder isso, pelo contrário, sua forma de agir quanto a este assunto me deixa admirada. Nunca o vi se assumindo ou com reclusa em simplesmente dizer que fica com homens também, ele fala e faz o que tem vontade, na frente de quem quiser, pouco se importando para o resto
     Observo o Nick tirar a blusa, tentando não deixar minha boca secar com seus músculos bem definidos. Tem tanto tempo que não o vejo sem camisa, que ver o quanto mudou, me deixa impressionada. Meu Deus, como ele conseguiu ficar gostoso desse jeito? Parece que está fazendo o dobro de horas na academia, além dos treinos na escola. Eu me sinto minúscula vendo-o sem camisa. Percebo um desenho preto em sua costela, reparando na hora que é uma tatuagem. Ele tem a merda de uma tatuagem e eu não soube disso. Preciso me obrigar a desviar o olhar, engolindo em seco. Eu poderia facilmente voar em cima da Vanessa por ficar olhando-o sem pudor algum.

     Controle-se, ele não é o seu namorado.

— Como eu sinto falta desse corpinho em cima de mim. — Tenho a impressão que nunca tive a mínima vontade de ser surda, até agora. Estava me mandando controlar para não avançar na garota, mas ouvi-la falando isso, me deixa em uma crise de nervos sem tamanho.

    Qual é, ele pegou todas as amigas da Blue, além da própria?

— Podemos resolver esse problema mais tarde. — Ele fala, piscando, PISCANDO, para a garota.

— Porra, Emery! — Alisha solta um xingo, me empurrando pra cima do Kaleb.

     Levo um susto com seu ato, sem entender nada. Olho para ela, afastando minha mão, a qual estava segurando o copo de vodca. Eu amassei a merda do copo e nem mesmo percebi.

— Meu Deus, me desculpa. — Arregalo os olhos, morrendo de vergonha.

    Que raios eu tenho na cabeça?

— Ainda bem que estou de short, só molhou minha perna. — Ela levanta, passando as mãos na perna molhada.

— Vem cá, vou te dar uma toalha. — Sam a puxa para a cozinha. 

    Largo o copo no chão antes que alguém veja, tentando disfarçar quão nervosa estou. Eu não deveria estar sentindo nada, estava flertando com o Kaleb minutos atrás, na frente de todo mundo. Sou uma hipócrita por odiá-lo por fazer o mesmo.

— Minha vez de novo. — Charles volta a falar, quebrando o silêncio pela segunda vez. — Alicia, fala no ouvido da Emery o que você me disse sobre certa coisinha uma vez, aquela sobre uma pessoa com uma outra pessoa.

— Caralho, você fica me usando para falar o que quer, por que não fala? — A garota o encara.

— Não gosto de passar informações sem o consentimento do informante.

— Idiota! — Ela ri, desviando o olhar para mim, enquanto caminha em minha direção. — Tenta disfarçar o seu choque, talvez encarar o Charles ajude.

Estou confusa para um caralho. Alicia nem tem intimidade comigo, ela é melhor amiga da Blue, a qual não me suporta por algum motivo. Não faço a menor ideia do que vou ouvir ou porque tem que ser em particular.

— Eu não sei se você sabe, mas caso não, vai saber agora que o seu melhor amigo, Nick, transa com a Blue. — Preciso evitar minha cara feia ao ouvir seu cochicho, eu não estava esperando uma informação tão desagradável e nem um pouco novidade. — E essa não é a parte mais divertida. Blue contou para o nosso grupo de amigas, que Nick gemeu o seu nome quando os dois estavam transando.