-Quando eu perguntei ao Leonardo se nós três podíamos sair juntos e ele se mostrou interessado. Eu fiquei cheio de esperanças, mas aí você recusou e mandou ele me avisar que a relação de vocês estava fechada. Eu respeitei e entendi. Respeitei que o amor de vocês fosse assim. E resolvi guardar o meu até encontrar alguém que me amasse assim também.

Por isso que eu não entendi nada quando no início do semestre encontrei o Leonardo arrasado e chorando um dia.

Eu perguntei o que tinha acontecido e ele disse que você estava tendo um caso com outro cara, e foi aí então que nós...

-Pera aí. O que que você tá dizendo? Eu tendo um caso?

-Ora guarde esse ar de surpresa pra outro. O Leonardo já descobriu tudo.

-Me desculpe, mas eu não tenho idéia do que você está falando Miguel. Será que dá pra ser claro?

-Dá Tomás, dá sim. Eu estou falando daquele sonso do Fernado . O cara pra quem você deu a bolsa de estudos que tirou do Leonardo, O cara com quem o Leonardo te pegou trocando juras de amor pelos cantos do CPEER. O mesmo cara que você deu um carro, uma casa e sustenta escondido do teu marido.

-Será que deu pra avivar tua memória?

-Eu não acredito que eu estou ouvindo isso. O Fernando é meu irmão.

-Irmão?

-Olha Tomás, Isso ser uma surpresa pra mim, Tudo bem, mas como é que o teu marido não sabe disso?

-Bem, não é que ele seja meu irmão de sangue. Nós nos conhecemos no colégio interno e eu adotei ele como irmão.  Eu sempre quis ter um irmão e quando ele chegou lá precisando de um irmão mais velho, eu assumi o papel. Todo mundo lá acreditava nisso. Até a gente.

-Não tem quem adota um filho? Uéh! Eu adotei um irmão.

Aí então é que a ficha caiu sobre o que ele havia dito.

-Pera aí. Você tá querendo dizer que você e o Leonardo não foi só uma vez? Vocês estão tendo um caso? É isso? Tudo pra se vingar do babaca aqui que vocês acharam que tava tendo um caso?

-Desde quando vocês estão dormindo juntos porra? - Miguel deu um salto quando eu bati esmurrando o tampo da mesa. Ele tinha os olhos cheios de lágrimas quando respondeu. num sussurro:

-Desde agosto.

-Desde agosto? ...Isso são. .. quase.

-Quatro meses - ele completou ainda sussurrando.

Nessa hora me veio a lembrança de todos os momentos que Leonardo dava uma desculpa para não estar comigo, dos insentivos para que eu viajasse sozinho. ..

Derrepente eu me senti muito, mas muito cansado.

Levantei para ir embora. Antes de sair virei para Miguel e disse: Se vocês realmente me amassem como vocês dizem que me amam, vocês deveriam ter vindo falar comigo.

-Me perdoa! - Miguel chorava visivelmente atordoado com o que eu dissera.

No começo da noite voltei para casa, onde Bilóca me informou que Leonardo mudara para um dos quartos do térreo e que seus pais tiveram que ir embora para resolver problemas que surgiram na fazenda.

Olhei para a janela do quarto de Leonardo e vi a luz acesa. Peguei o telefone e fiz uma ligação.

Em poucos minutos Fernando e Renata estavam ao meu lado no jardim.

Fui com eles até a porta do quarto de Leonardo e bati.

Um Leonardo abatido e surpreso ao me ver abriu a porta. Depois fechou a cara quando viu Fernando.

-O que ele faz aqui?

-Leonardo esse, que você já conhece é o Fernando.

-O Fernando é pra mim um irmão. Eu já te disse isso. Eu amo ele como a um irmão.  E as vezes, assim como eu acredito que os irmãos fazem, nós falamos um ao outro que nos amamos.

-Essa aqui é a Renata. Renata e Fernando são namorados desde o ensino médio. -Renata sorria constrangida por saber o que estava acontecendo.

-E esse aqui - Eu disse segurando a barriga de Renata - é o pequeno Tomasinho. Meu sobrinho que vai nascer mês que vem e que daqui há pouco mais que um ano, quando estiver andando, vai entrar na igreja levando a aliança no casamento dos pais dele. E eu como sou um irmão,  cunhado e tio muito cuidadoso. Fiz questão que eles não ficassem sem amparo financeiro e o conforto de um carro e uma casa desde já.

Fernando deu um passo a frente e meio sem jeito falou:

-Olha! E-eu sou hetero. ...Eu se-sempre...sempre fui.

Renata o puxou abraçando e disse:

-Tudo bem amor! Acho que ele já entendeu.  Vamos  embora. Eles têm que conversar.

Eu aguardei eles sairem pelo corredor e olhei para Leonardo que entrara no quarto e estava sentado na cama com o cotovelo nos joelhos e a cabeça entre as mãos.

-Eu estava disposto a perdoar uma transa, um momento de fraqueza, mas quatro meses Leonardo? Quatro meses dormindo com outro homem em baixo do meu nariz? Inventando mentirinhas e desculpas para se encontrar com ele?

-Me perdoa Tomás eu... eu te amo! - Leonardo pediu entre lágrimas.

-Vocês dois fazem uma ótima dupla. Vocês são tão patéticos juntos! Como vocês dizem me amar, se tudo o que vocês fazem é me magoar?

-Você me perdoaria Leonardo?

Leonardo respirou fundo e sem erguer os olhos do chão respondeu com uma voz quase inaudível.

-Não. Eu acho que não.

-Então você já tem a sua resposta.

Dizendo isso eu virei as costa e parti em direção ao resto da minha vida. Uma vida sem Leonardo.

****** Continua ******

Um Amor DiferenteWhere stories live. Discover now