capítulo 9

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Capitulo 9

O terraço do Soton era o nosso  lugar favorito.

Mas tinhamos um refúgio  secreto. Um lugar para onde fugíamos nas noites em que queríamos fazer um sexo mais barulhento e selvagem. A cobertura do centro de pesquisas.

Era um lugar amplo, aberto, com uma pequena área coberta, onde ninguém ia nunca nem de dia e muito menos de noite.

Em um canto escondido deixamos uma caixa  baú com um tapete, duas almofadas, uma coberta, frasco de lubrificante, e mais algumas miudezas.

A noite podia se ver o céu estrelado, devido a distância de outras construções e suas iluminações.

Aquela noite ia ser especial porquê haviamos recebido o resultado dos nossos exames de sangue pela manhã e estávamos loucos para tranzar pela primeira vez sem camisinha.

Chegamos a tirar a sorte para ver quem iria comer o cú de quem primeiro. Eu sortudo ganhei!

O relacionamento entre mim e Leo já não se resumia apenas a sexo. Nossa amizade e cumplicidade estava cada vez maior

E o marco desta mudança foi uma conversa que tivemos certa noite, quando estávamos deitados juntos  na mesma espreguiçadeira. Eu fazia cafuné em sua cabeça quando notei um discreto relevo comprido, mais ou menou três centímetro para trás da orelha direita.

-Que cicatriz é esta, bebê?

- Isso é para eu me lembrar que nem todo mundo que se diz seu amigo, é de confiança.

-Um amigo te fez isso?

-Não,  mas é como se tivesse feito.

-Como assim?

Ele ficou em silêncio e então como se não encontrasse as palavras certas para contar. Fez um gesto no ar como se assim viessem as palavras e então  começou a falar

-Minha mãe engravidou de mim quando tinha apenas 15 anos.

Era uma noite fria quando seu pai, um fazendeiro linha dura, descobriu.

Sem uma única palavra abriu a porta da casa e a colocou para fora.

Ela usava apenas um pijama e pantufas. Caminhou por muito tempo, até que chegou a uma auto estrada.

Um caminhoneiros parou e ofereceu carona e comida à ela.

Sem ter o que comer, ou para onde ir e também com muito frio, ela entrou no caminhão.

O caminhoneiro manteve ela por vários meses, até que chegou o dia do parto. Ele lhe deu algum dinheiro para que recomessasse a vida e a deixou sozinha na porta da maternidade. Ela nunca contou a ninguém de onde era. A assistente social teve que arrumar a papelada para que eu fosse registrado.

A esposa do capelão do hospital, uma mulher muito caridosa,  nos encaminhou à uma casa de amparo à mãe solteira, onde ficamos até quando minha mãe chegou a maioridade. Lá, minha mãe aprendeu a profissão de ajudante de cozinha. E graças a isso nunca me faltou nada. Pelo menos até o dia em que ela morreu por uma estupidez.

Leo estremeceu ao dizer a última centença. Eu apertei meu abraço e beijei sua cabeça.

-Esta tudo bem bebê. Não precisa dizer mais se esta história te tráz sofrimento.

-Não! Tudo bem! É que eu nunca contei isso a ninguém. Eu quero contar. É como se eu finalmente pudesse tirar este peso do peito, sabe?

Então ele continuou.

Um Amor DiferenteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora