Capítulo um

112 9 4
                                    

São Petersburgo é maravilhosa no inverno.

Por enquanto é a única face dessa cidade que eu conheço, mais é fascinante, realmente muito bela. Estava caminhando pelas ruas que começavam a ficarem cobertas pela neve, sentido um frio de matar mesmo usando uns mil casacos, não podia disfarçar minha supressa ao encontrar um cidade ativa mesmo quando o frio fazia a gente querer ficar perto de uma lareira bebendo uma xícara de chocolate quente acompanhado por um livro de romance. As pessoas caminhavam pelas ruas e calçadas sem se importarem com o ar gelado, bem os russos já estavam acostumados com as baixíssimas temperaturas, a estrangeira aqui era eu que reclamava sem parar do tempo louco da minha cidade que adorava usar roupas mais curtas no verão.

Ri sozinha com os meus pensamentos deslumbrados.

Isso só podia ser ironia do destino, morar em um dos países mais frios do planeta, mas quem mandou reclamar tanto?

Mas Bolshoi* era meu sonho de consumo desde que aprendi que no ballet dança-se de sapatilhas, ou seja, desde sempre.

Minha professora de brasileira, a qual ensinou-me tudo que sei hoje, insistiu para mim fazer a inscrição de uma bolça de estudos no Bolshoi uma das melhores companhias de dança do mundo, eu sempre achei que não era boa o suficiente para estudar em uma das melhores escolas e no começo neguei, mas no fundo eu estava com medo de todas essas minha suspeitas a respeito do meu talento se comprovasse e eu não sabia se lidaria positivamente com uma rejeição. Mais Marina (minha professora) recusou todos meus argumentos e conversou abertamente comigo e acabei seguindo seu conselho, ela me disse que confiava no meu potencial e que eu não tinha nada a temer.

Hoje caminhando pelas ruas dessa linda cidade, eu sou muito grata a Marina e minha família por ter acreditado em mim quando nem eu mesma tinha tanta fé que as coisas iam dar certo.

Parei em um café tipicamente russo, havia até matrioshkas* em prateleiras extremamente limpas atrás do balcão de madeira aromática envernizada e uma moça bem gorda com cabelo louro mel e vestido verde que me conduziu até uma mesa perto do aquecedor ao lado de uma janela embaçada, pedi um cappuccino com canela e tirei as luvas pretas de camurça quando ela se retirou. Havia um lenço de papel no meu bolço que usei para limpar o vidro, do outro lado da rua tinha uma loja de discos, que pude notar pelo conteúdo da vitrine porque o nome era completamente incompreensível.

- Cappuccino com canela quentinho!- ouvi uma voz amigável do meu lado e virei-me na sua direção para olhar. Um cara lindo com olhos azuis e gentis sorrindo para mim.

- Ah sim obrigada- Recebi o cappuccino e dei algumas moedas a ele como gorjeta e o rapaz pegou o dinheiro e ficou um pouco confuso, mas depois sorriu.

- Ah não! Eu não trabalho aqui- corei, mal cheguei de viagem e já estou pagando mico.

- Não? Mais você...

- Eu costumo vir bastante aqui e estava te olhando e então tive essa oportunidade de falar com você- deu de ombros enquanto falava. Ele era tão fofo.

- Inteligente! Estamos conversando agora- rimos – Quer me fazer companhia?

- Claro- ele se sentou.

- E então, qual é seu nome?- perguntei meio tímida, eu não sei por que motivo eu ficava tão envergonhada perto de pessoas bonitas, principalmente do sexo masculino.

- Ryan e o seu? – perguntou-me.

- Luiza- estendia mão num Cumprimento e decidi dá continuidade a apresentação – E dá onde você é? Porque definitivamente você não tem cara de russo! – deixei escapar.

- E como seria a cara de um russo?- levantou a sobrancelha e fitou-me intensamente, seus olhos brilhavam com divertimento.

-Sei lá, mais você não parece russo!

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Feb 10, 2015 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

Em Busca da Perfeição Where stories live. Discover now