13- IL MATRIMONIO (O Casamento)

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- Piero está irredutível e mais paranoico que o normal. Ele acha que se der mais tempo, quem tramou o ataque de ontem pode tentar novamente. Por isso a pressa com o casamento.

- Ele tá maluco? Não tem como.

- Na verdade, já está quase tudo agilizado. Vim aqui te deixar por dentro, mas já vou para as redondezas da igreja, ver se está tudo seguro, checar o hotel onde vocês vão se preparar para a cerimônia e essas minúcias.

- Não, não, não! - repetia sem parar como se fosse ajudar.

Matteo segurou minhas mãos, me fazendo parar de rodar de um lado pro outro.

- Se você quiser, nós paramos toda essa merda de casamento agora mesmo.

- Cazzo! Não vou desistir. É só que... eu não estava preparada. Hoje? Dio mio! - Passei a mão sobre os olhos na tentativa de pôr as ideias no lugar.

- Tens certeza disso?

- Tenho. - minha resposta saiu convicta mas a incerteza era a única coisa que passava pela minha mente.

- Va bene (tudo bem)! Assim que estiver tudo limpo, o motorista vai te buscar para levar para o hotel. Lá é mais perto da igreja e mais seguro do que aqui.

Matteo me deu um beijo carinhoso na testa e saiu em seguida.

[...]

A vista que tinha em minha frente era das grandiosas janelas, que salientavam a beleza do Duomo de Milão, uma visão linda! Posso ter nascido em Milão mas ainda me surpreendo com a magnitude da igreja. Fiquei tão encantada que por instantes, esqueci-me de estar sendo espetado pelos alfinetes das costureiras.

O hotel ficava bem próximo a catedral. Um desses hotéis 5 estrelas, luxuoso, marcado com uma arquitetura clássica e numa pegada até meio renascentista. Ouvi murmurinhos das costureiras que fecharam o prédio e a cobertura estaria inteiramente à disposição da máfia. E realmente, o número de funcionários que pude conter foram pouquíssimos. Não posso dizer o mesmo dos seguranças, esses entupiam o recinto. Só na porta do quarto deve ter uns quatro, fora os capangas no hall e os que estão espalhados pelo prédio.

A impaciência já tomou controle de mim. Estou há horas nesse tira e bota de vestido, as costureiras me alfinetam de um lado, a maquiadora me puxa para o outro, e ainda tem a cabeleireira. Ah! Titi, Lucera e Graziela também estão aqui. São tantas vozes dispersas, comentários vagos e inúteis, dicas das camareiras sobre relacionamentos. Cristo! Acho que vou enlouquecer, em breve. Minha vontade era de gritar, para que todas saíssem e me deixassem sozinha. Me sentia sufocada, vigiada, além de um brinquedinho para Piero. Ele apressou todo esse circo e nem sequer pediu a minha opinião. Ok, concordei com o casamento e tudo mais, só que a guinada que se deu nas últimas horas, me incomodava. Eu odeio não ter controle da minha própria vida. Odeio ainda mais a sensação de estar perdendo as rédeas do jogo que construí.

Em paralelo, as horas nunca custaram tanto para passar, cada segundo parecia uma eternidade, só quero que esse dia acabasse logo. Lá estava eu, provando pela milésima vez o vestido de noiva. Deixando minhas frustrações de lado, o vestido era incrível: Branquíssimo, feito em tecido leve, o que me fez vestir uma espécie de lingerie fininha por baixo, para melhor assentar o vestido, a peça seguia as curvas do meu corpo e as do vestido só que o cumprimento parava logo após a polpa da bunda. O vestidinho de baixo também estava servindo para que não ficasse nua toda vez que tivesse que experimentar o vestido principal, e agradeci por isso. As alças do vestido principal eram finas e tinha um decote "v" ligeiramente profundo, que encaixavam perfeitamente nos meus seios, e o tecido descia colado à minha cintura. Toda a parte superior era de renda incrementada com alguns arabescos, pequenas e delicadas pedrinhas brancas. A parte da saia seguia um padrão sereia até mais da metade da altura das coxas, onde a saia começava a ficar mais rodada, chegando a ficar franzida e o vestido terminava com um longa cauda.

Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia) - 01 [Danatto Sangue]Onde histórias criam vida. Descubra agora