𝙰𝚚𝚞𝚎𝚕𝚎 𝚋𝚎𝚒𝚓𝚘

57 10 4
                                    

- Então, onde estávamos na semana passada?

Por um momento, voltei os pés para a Terra. Tentei me lembrar o que ela havia me dito quando estive aqui alguns dias atrás.

- Processos. - resmunguei para mim antes de continuar - Eu o conheci há dois anos, quando estávamos em uma agência de publicidade.

- Sim, eu me lembro.

Repiro fundo. Sei aonde ela quer que eu chegue. Fecho os olhos.

Era um dia comum, uma terça sem graça, nublada em um parque de diversões nada especial. Esperei por volta de cinco minutos até vê-lo desviar das várias pessoas no caminho. Ele estava sorrindo e meu dia se tornou imediatamente mais belo. De repente aquele era o parque mais interessante que eu já havia visitado, mas nunca deixaria que ele soubesse.

- Oi. - falo com um aceno rápido que ele ignora e vem direto com os braços abertos para me apertar como sempre fazia.

Nunca fui muito fã de abraços. Era uma parte íntima, um contato que você fazia com pessoas que na maioria das vezes sequer conhecia. Elas não se importavam com você. Mas os braços dele... Era completamente diferente. Eu gostaria de morar ali para sempre, aconchegada, abraçada pelo mundo. Alguém que estava se tornando o meu mundo, e eu não fazia forças para impedir.

- Ei, anjo, sentiu minha falta? - ele pergunta ainda com aquele sorriso matador.

Minha vontade era a de sair dando pulinhos como uma adolescente apaixonada.

- Como se tivesse tido tempo para isso. - provoco e ele ri.

- Sei que sentiu. - ele insiste e não faço questão de negar.

- Então, em qual vamos primeiro? - pergunto com um sorriso travesso - Os perigosos são meus favoritos.

Ele arqueia a sobrancelha, mas não discute. Damos a volta pelo menos uma vez na maioria das atrações do parque.

- Acho que nunca sorri tanto na vida quanto naquele dia. - digo, de repente, interrompendo minha lembrança.

- Esse foi o ponto alto da noite? - ela pergunta enquanto anota algo em seu caderno.

- Não.

Estou de volta àquele dia. E estamos rindo como idiotas contando coisas aleatórias sobre nossas vidas um para o outro, quando ele para e me compra um algodão doce. Estamos indo em seguida para um lado mais escuro do parque. Estamos entre a montanha russa e o parque do terror, tão fundo que não vemos ninguém, e de repente paramos um de frente para o outro em um momento constrangedor.

Não sei se alguma vez na vida me senti tão nervosa por algo que achei que aconteceria. Sabe, quando uma adolescente que nunca beijou alguém na vida acha que pode estar próxima a dar o seu primeiro beijo? Ele não seria meu primeiro beijo, mas se tornaria o único que importava.

Kim Namjoon. Seu cabelo claro estava caindo sobre seu rosto e por um momento quis tirá-lo, tocar seus fios, seu rosto, olhar naqueles olhos lindos...

Nem me dei conta que ele estava se aproximando até que estivesse tão perto. Tão perto agora que podíamos sentir nossas respirações. Não estávamos mais sorrindo. O mundo havia congelado, mas meus olhos não paravam de se mexer, confusos, olhando para seu nariz, sua boca, a sobrancelha, o cabelo caindo no rosto, aquele rosto perfeito.

Abruptamente ele me beijou, como se não conseguisse se segurar nem por mais um segundo, como se a distância doesse.

Eu não sei quanto a ele, mas doía em mim. Sua boca era macia, gostosa e nosso beijo era intenso e desesperado. Queríamos um ao outro mais do que qualquer coisa na vida.

Coloquei a mão por trás de sua cabeça, enquanto ele me puxava pela cintura como se não estivéssemos próximos o suficiente. Eu pude sentir o seu pau duro enquanto ele puxava meu cabelo e, meu Deus, como eu estava molhada.

Puxei sua cabeça para mim beijando-o cada vez com mais intensidade. Eu não queria parar, odiava os momentos que éramos obrigados a respirar e pausar nossos beijos. Porra, eu queria arrancar as roupas dele ali agora mesmo e beijar seu peitoral inteiro, queria tirar as calças dele enquanto ele tirava as minhas e eu sentava em seu colo, mas não podíamos.

Estávamos na droga de um parque de diversões.

Teríamos continuado assim por horas se uma criança não tivesse nos dedurado para os pais, apontando fervorosamente o dedo para nós. Então rimos e nos distanciamos aos poucos sem pararmos de nos olhar.

Nunca mais alguém me beijou daquela forma. Éramos como peças de um quebra-cabeças que se completavam.

- Foi difícil dormir aquela noite. - eu disse para ela - Nunca pensei tanto em alguém em toda a minha vida.

- E de que vida estamos falando dessa vez? - ela me encara, penetrante, me analisando.

- Uma mais recente. Não havia telefones celulares pelo que vi e as roupas eram bem coloridas. Mas ainda fomos audaciosos o suficiente para nos pegarmos no primeiro canto escuro que encontramos.

- Você diria... Década de oitenta?

- Talvez.

Penso sobre isso. Tenho memórias dele em tantas vidas que me pergunto se nos encontraríamos nessa.

Mas, afinal, não era para isso que eu estava ali?

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Feb 01, 2021 ⏰

Adiciona esta história à tua Biblioteca para receberes notificações de novos capítulos!

Desde SempreOnde as histórias ganham vida. Descobre agora