open the damn... I'm sorry, I mean, the jazz door!

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Capítulo Único: Open The Damn... I'm Sorry, I Mean, The Jazz Door!

— Mulher, silêncio! — ela gritou.

— Ora, pois! — me enfureci. — Como ousa pedir por algo fazendo o contrário? — rebati.

— E como ter a percepção de que algo é algo sem o seu contrário?

— E por que, então, é tão difícil a percepção do que se está a nossa volta; tão alcançável?

— Como olhar para o que está a nossa volta quando já antolhos presos a nós?

— E quem determina esse caminho-de-uma-única-visão?

— E por que alguém deveria determiná-lo? Ele não pode apenas acontecer?

— E o que acontece sempre é livre? Como as coisas simplesmente acontecem?

— Se há limitação de visão, acredito que já alguém por trás, já que o controle é uma ideia humana.

— Mas como as coisas simplesmente acontecem? Há alguma regra, alguma definição, por favor, alguma explicação!

— E isso eu não sei.

— Você não sabe.

Eu não sei. A liberdade está em poucas coisas, eu posso sentir. E não saber me liberta para todas as possibilidades do saber.

— Oh, mulher...

— Shhhhhh. — ouvimos o som vindo de perto de nós.

— E o que é um som? Este som que determina algo? O que são estes conjuntos de sons que saem da minha boca neste instante perguntando-se o que são eles mesmos?

— Um som é um som. Por isso é "um som".

— Volto a perguntar: quem determinou que um som é um som?

— Então volto a responder: ninguém precisa determiná-lo. Um som ainda seria um som ser ser "um som".

— Uma rosa ainda chegaria tão bem se chamasse-de esgoto.

— Um som ainda seria um som se chamasse-se silêncio.

— Mas e o silêncio não tem som?

— A falta de algo é também algo ou o algo em si?

— Se estamos todos mudos, não estamos fazendo nenhum som.

— Se estamos todos cantando, então estamos todos mudos?

— Rá! — soltei, a assustando. — Não!

— Por que a surpresa assusta tanto?

— Por que devemos esperar por algo? Saber por antecedência?

— Bom, se sabemos não é mais uma surpresa.

— E por que não pode ser? Por que querer saber?

— Por que não saber?

— Se você sabe, então você sabe. E então não há surpresa! Há script.

— E o que há de errado em escrever sua própria história?

— Se você a escrevê-la vivendo, é claro, suponho que não há nada de errado. Se escrevê-la, no entanto, em uma sala escura sozinho com uma xícara de chá na mão, o lápis na outra chorando para que a vida simplesmente aconteça em uma tela brilhante a sua frente; se, respeito, você está nesta sala, não pode culpá-la pelo sentimento de frustração que lhe perseguirá então. A escrita da vida acontece simultânea a ela mesma. Você está nessa sala porque viveu a escrita de que é o que você está destinada.

— Se ninguém quer se ver nesta sala, por que ela está lotada de todos nós?

— Você vê portas ou janelas na sala?

— Oh, não...

— Não sabemos como sair.

— Alguém abra a maldita... oh, me desculpe, não, não.

— Alguém abra a porta de jazz!

— E quem disse que jazz resolve qualquer coisa?

— E quem disse que jazz não pode resolver qualquer coisa?

— É só eu acreditar?

— É só você acreditar. — o silêncio volta a sala por uns minutos.

— Eu devo dizer "eu acredito em fadas"?

— Bom... fadas, jazz, se formos olhar para tudo de uma vez, dá quase na mesma, não?

— Eu acredito em jazz!

— Você ouve?

— Shiny Stockings de Barney Kassel em sua cabeça?

— Está mais para The Darktown Strutters Ball de Alberta Hunter.

— Olhe a sua volta, todos estão dançando!

— Eles também escutam!

— Mas ao quê?

— A singularidade de cada ser nos permite imaginar que cada um escuta uma música diferente.

— Há tantas músicas.

— Há tanta gente.

— Há tanto "tanto".

— Bem, agora há uma porra. E daí?

— Eu não sei. Lembra? — fomos em direção a porta.

— Eu acho que o som do silêncio é "shhhhh". — nós rimos enquanto atravessávamos.

Escrevi a primeira versão disso em uma tarde do dia 03 de outubro de 2018 sem internet às 16h enquanto escutava a rádio de jazz na TV. Tudo é possível com jazz. Mulheres são a sabedoria.

Eu vejo.

Dance por isso, mulher.

Born To Be Blue de Mel Tormé está a tocar.

Hmmmmmmmmm.

(E que som é esse?)

here in silence.Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon