Se ela ao menos soubesse que além de vê-la, eu conseguia senti-la...

— Vou te contar uma coisa engraçada. — ela riu. — Falei pra moça da recepção que eu era sua noiva, acredita?

Você o quê? Por quê? — arregalei os olhos e comecei a rir.

— Estava desesperada pra conseguir o acesso de visitante. Eu pediria desculpas, mas não me sinto culpada, então não vou pedir. Espero que não se incomode com isso.

Por que eu me incomodaria? — foi impossível conter o sorriso.

Por um momento me perguntei onde Bruno estaria. Se Rafaella havia falado que era minha noiva e deixaram-na entrar, provavelmente seria porque ele ainda não havia vindo até aqui me ver.

— Você está um pouquinho machucada agora. Alguns cortes no rosto e outros ao longo do corpo... — ela percorreu a extensão do meu braço com a ponta dos dedos. Senti minha pele formigando e aos poucos dando lugar aos arrepios. — Mas você continua linda.

Rafaella... — fechei os olhos.

— Tem algumas coisas que você não sabe, mas que pretendo te contar em breve. Só que pra isso acontecer você precisa acordar. — senti seus lábios encostando na palma da minha mão, que ainda estava entrelaçada com a dela. — Você precisa muito acordar, Bi. Por favor, não me deixa aqui sozinha. São coisas realmente importantes. Eu não posso te perder. Não de novo.

Suas lágrimas caíam uma atrás da outra. Seu rosto pálido agora estava vermelho devido ao choro.

Eu só queria abraçá-la.

— Eu gosto muito de você, Bianca. Não sei o que tem feito comigo, mas nos últimos tempos a única coisa em que consigo pensar é em você. Eu fico criando coragem pra te chamar pra sair, mas não sei como você reagiria a isso e tenho medo de você se afastar. Você sairia comigo? — ela perguntou.

Ela estava se declarando?

— É claro que eu sairia com você, Rafaella!

— Não vai embora, por favor. Fica comigo. — ela sussurrou. — Me dá um sinal de que você consegue sentir que estou aqui.

Um sinal? Okay.

Pensa, Bianca, pensa.

Contornei o leito, me aproximando de onde Rafaella estava sentada. Segurei em sua mão e a apertei.

Ela ergueu o olhar para nossas mãos juntas. Parecia não ter acreditado no que sentiu.

Eu estou aqui, Rafaella. Sinta. — apertei novamente sua mão.

Rafaella ficou de pé, se aproximando do meu corpo deitado no leito.

— Oi, eu tô aqui! Você conseguiu me ouvir! Fala comigo, Bi! — ela apertou o botão de emergência, que chamava o médico mais próximo.

No instante em que ela apertou o botão, comecei a tossir e de repente tudo ficou preto de novo.

Eu havia voltado para meu corpo.

— O que aconteceu? — uma voz masculina perguntou.

Ouvi passos, como se um grupo de pessoas se aproximasse.

— Ela apertou a minha mão. Eu senti! — Rafaella respondeu à pergunta.

— Mas isso é impossível, senhorita. A paciente sofreu um acidente grave, as chances de acordar são mínimas. — o homem falou.

A CHUVAWhere stories live. Discover now