O último dia

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Só mais três mapas e Pryia teria moedas o suficiente para sair de Porto Magnus. O vento em seus cabelos curtos refrescavam seu pescoço, enquanto sua larga bolsa de couro pesava em suas costas. Os adornos de caveira foram moldados em bronze, e fivelas contrastavam com a seda da sua blusa branca.

Ela era um navio encarnado, esperando por ventos melhores.

Pryia sabia que poderia estar vendendo mapas falsificados para piratas de verdade, que saberiam identificar uma fraude há milhas de distância. Ou seja: exatamente o tipo de gente que ela desejava encontrar nessa ilha esquecida pelas rotas onde estava presa há três anos. Desde que aquele maldito naufrágio.

Diferente de um pirata, ela jamais conseguiu um papagaio para levar no seu ombro. Mas como desejava ser uma capitã, sabia que Olive era muito mais sábia, guardando seus segredos ao invés de repeti-los em troca de um biscoito. A verdade, é que ela se apaixonou pela coruja assim que a viu, e a admiração foi recíproca. Criaturas perspicazes tendem a saber que são mais fortes quando estão unidas.

Ela até gostaria de sentir pena dos coitados que vinham até ela, e caiam na sua fala serena como mar, sua voz melodiosa como uma sereia e principalmente, pelos seus mapas que prometiam ouro, gemas e glória.

Se ela realmente soubesse sua localização, porque estaria aqui? Desperdiçando seu charme com a escória da pirataria.

Francamente, eles pediam para ser enganados.

Hoje, ela disse, seria seu último dia na ilha.

Hoje ela teria o suficiente para comprar um navio de farol, gasto como tudo disponível em Porto Magnus, mas o suficiente para sair dali. E reconquistar o horizonte.


PS. Direitos da ilustração usada como inspiração para criação da personagem Pryia pertencem a  https://www.instagram.com/bobkehl/

A falsificadora de mapasWhere stories live. Discover now