Capítulo III

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As pessoas na paisagem se mexeriam o tempo todo, o barulho seria intenso e não se sabe se teria o tempo necessário para terminar.

Percebendo a face franzida de Evangeline, Edmund se aproxima:

- O que houve? Algo não está como gostaria?

Ela suspira por um momento e depois responde:

- Veja, estou muito agradecida pelo ato, porém não sei se conseguirei fazer um bom trabalho aqui. Terá muito barulho e logo todos estarão se mexendo, preciso de um local tranquilo para trabalhar, aqui é muito próximo das arquibancadas...

- Hm... - Edmund paira, pensativo.

Olhando para a lagoa na frente deles, ele procura algum lugar que pudesse ser sossegado. Logo avista que, do outro lado da lagoa, à sombra das árvores, ela estaria longe o suficiente do barulho e poderia trabalhar em paz, mas o local só era alcançável indo de barco.

- Se quiser, posso te levar de barco até o outro lado da lagoa, estará distante e o local é fresco sob as árvores. Assim que o campeonato terminar posso ir buscá-la, o que acha?

Evangeline pensa por um minuto e depois concorda, balançando a cabeça:

- Bom, não irá resolver, mas já ajuda muito. Pode pegar a canoa para irmos?

Edmund segue até a margem, onde suas canoas estavam atracadas. Havia uma em especial que não era de competição, que era usada em caso de emergências ou com propósito recreativo.

Era grande o suficiente, porém, para que coubesse Edmund e Eva e todos os seus utensílios de pintura.

Ele pega aquela canoa e segue até a ponte, amarrando-a ali perto e indo buscar Eva, que o esperava.

Os dois pegam em conjunto, os materiais, e o acomodam na embarcação. Edmund a ajuda a subir no barco, estende o braço, servindo de apoio para que ela possa entrar.

Eva sentia-se pouco atraente com aquelas intermináveis camadas de tecidos e babados inúteis, bem como aquele chapéu pomposo que tinha na cabeça, amarrado ao redor do maxilar, e por isso, enrubesceu e virou o rosto quando foi obrigada a ficar cara a cara com Edmund dentro da canoa.

Não sabia se era isso que a incomodava ou o sorriso faceiro do seu acompanhante, que tinha os músculos dos braços marcados e à mostra, bem como o desenho do seu peitoral marcados, sob a fina camiseta, ganhos graças à prática casual do barco à remo.

Ele remou com facilidade, fazendo a canoa deslizar pelas águas do lago. Pouco depois de terem partido, Eva abriu de novo sua sombrinha para aliviar o sol quente que batia em sua pele, e viu dentro d'água alguns peixes nadando alegremente e dispersando-se quando passavam, o que a fez sorrir.

De um dos lados da lagoa, os empregados que trabalhavam na mansão retiravam os patos e colocavam em gaiolas, atraindo-os com comida, para que não atrapalhassem o campeonato.

Edmund, por sua vez, com mais nenhuma distração, é levado a observar a beleza de Evangeline. Diferentemente de sua irmã, as linhas do seu rosto não eram tão suaves, e sim marcantes. Nota que além disso, tinha lindos olhos castanhos e os cachos pendiam das testas, em espirais amarronzadas. As bochechas eram salpicadas de pequenas sardas, e as sobrancelhas eram imponentes, o que a deixava sempre muito expressiva.

Tinha a mesma estatura longa e magra da sua irmã, porém. Seus olhos tinham uma vivacidade diferente, do tipo ousado, que não temia em encarar, desafiadores, quando queriam.

Em alguns minutos os dois estavam próximos do outro extremo do lago.

Eva levanta-se para começar a pegar suas coisas, mal sabendo que Edmund não tinha terminado de manobrar.

A Irmã da NoivaOnde histórias criam vida. Descubra agora