Ela sabia que naquele momento, a mãe devia estar secretamente contando os minutos para que ela voltasse. A Senhora Bordeaux detestava quando os eventos sociais não saíam como o planejado. Como Evangeline quase sempre, causava os atrasos e os imprevistos, sua mãe comumente era vista tentando esconder sua irritação por detrás de sorrisos forçados para convencer os convidados de que estava tudo bem.

Minutos depois, para o alívio da sra. Bordeaux, Evangeline sai do quarto e caminha sem entusiasmo até a sala de jantar. Tinha colocado um dos seus vestidos, e os cabelos ainda estavam úmidos por conta do banho.

Celia Bordeaux, sua mãe, olha com certo desgosto para o cabelo molhado, mas depois se sente parcialmente aliviada, pois ao menos não estavam alvoroçados como de costume.

Sentados à longa mesa de madeira entalhada, de doze cadeiras, estavam seus pais e sua irmã, Polly, o seu pretendente, Edmund, e aqueles que deviam ser os pais dele, pois tratava-se de um casal por volta dos cinquenta anos.

― Evangeline, filha! Já era hora! ― o pai exclama. ― estávamos esperando você.

Ele se levanta, numa formalidade de praxe, para apresentá-la para os convidados.

― Cornelius, Clara, Edmund, esta é minha filha mais nova, Evangeline!

O pai, sujeito roliço, meio careca, exceto pelo grosso bigode, a apresenta, ao que os convidados respondem, levantando-se para cumprimentá-la.

Evangeline faz uma reverência a todos, inclusive a Edmund, que explica que os dois já foram apresentados.

Ela se senta em uma das cadeiras vazias, ao lado da irmã. Polly tinha os cabelos louros arrumados num sofisticado penteado, cheio de presilhas semelhantes a flores de inverno. Estava como sempre, deslumbrante.

A beleza de Polly sempre foi louvável, com seus olhos claros, a boca avermelhada, a pele clara como veludo. Era apenas um ano mais velha que Evangeline, mas as duas conseguiam ser muito diferentes.

Enquanto Polly era loira e meiga como uma flor de primavera, Evangeline tinha cabelos castanhos encaracolados, indomavelmente volumosos. Sua cabeleira dava-lhe um ar atrevido que sua mãe dizia não ser adequado para uma moça, por isso vivia objetando-se a ele. Os olhos de Evangeline eram castanhos muito escuros e as bochechas eram salpicadas com pequenas sardas. As duas irmãs, entretanto, herdaram um corpo comprido e esguio que acreditavam ter vindo da avó materna, pois a mãe e o pai não tinham a mesma estrutura.

Celia Bordeaux tinha um corpo imponente e seios fartos, os olhos cor de mel, eram vivazes e estavam sempre expondo muito claramente suas emoções. Seu cabelo era louro escuro e a textura era parecida com a de Evangeline, mas não tão espiralado, era muito mais domável. Ainda assim sempre o mantinha preso e comportado, motivo pelo qual talvez, quisesse que a filha mais nova também fizesse o mesmo.

Celia vinha falando sobre este momento pelos últimos dois meses. O momento em que sua filha mais velha iria finalmente ser apresentada a um homem de boa família, filho do chefe de negócios do seu pai.

Agora, Evangeline finalmente tinha descoberto como era o rapaz. Passara todo esse tempo imaginando como parecia terrível a ideia de ser apresentada a um homem desconhecido com quem devia se casar. Não conseguia entender como a irmã estava, não só tranquila, como também animada com isso.

A comida já estava servida, e após uma breve oração, todos começaram a comer.

O tipo de conversa que se instala numa mesa em eventos como aquele, começa. Evangeline concentra-se na sua comida, enquanto a irmã lhe destina alguns cochichos.

― Você viu ele?

Polly pergunta.

― Vi sim. ― ela responde, com desinteresse. ― ainda bem que não é o rapaz baixinho e balofo que imaginei.

A Irmã da NoivaTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon