Mamã

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"Mamã, muita coisa aconteceu desde que eu cheguei aqui ao palácio! Quando penso que vim para o palácio com quatro anos porque tentei fugir da casa da avó e formei um contrato com uma criatura mágica, até começo a rir. Quase fui assassinada quando ainda era uma criança indefesa e por causa disso passei a dormir com o papá. Desde aí, muita coisa aconteceu, mas o mais importante foi quando eu contei sobre a minha vida para o papá. Mas já se passaram cinco anos desde esse dia. O papá ainda matou uma família por desrespeitar uma ordem imperial e nem mesmo eu consegui evitar que eles não fossem mortos.

Mas fora isso, as coisas têm estado mais pacíficas. Quando completei seis anos, passei a dormir no quarto que usava para me trocar. Aquilo foi apenas para o meu pai provar que eu ainda era dependente dele, no entanto, eu já era independente. Após ficar naquele quarto por um ano, o Hiroshi convenceu o meu pai a permitir o meu retorno para o palácio da Lua.

Confesso que no início fiquei com um pé atrás. Eu tinha sete anos quando fui encontrada e mandada ficar no palácio da Lua. Retornar para aquele palácio quando completei a mesma idade foi um pouco assustador, mas logo acostumei-me. O papá visitava-me todos os dias e insistia para passar um bom tempo comigo. Claro que quem não gostou disso foi o Hiroshi, mas as coisas voltaram rapidamente ao normal. Uma das razões para o papá ter permitido o meu retorno ao palácio foi graças ao Felix e ao Lucas. Os dois confirmaram que eu sabia usar magia e manejar uma espada o suficiente para me proteger. E eu até provei isso logo no início.

Agora que penso, até é uma história engraçada. Quer dizer, não engraçada mas... Bem, não interessa. Aconteceu que após umas cinco ou seis semanas após voltar para o palácio da Lua, um assassino voltou a atacar. Mas desta vez, eu estava preparada. Foi a meio da noite. Acordei com sede e quando me levantei, ouvi passos no corredor. Primeiro pensei que fosse um cavaleiro a ver se estava tudo bem, mas logo percebi que não era ninguém do palácio. Então eu usei o mesmo truque da almofada que no passado e escondi-me ao lado de um dos móveis. Quando o assassino entrou no quarto, percebi uma adaga na sua mão, que logo foi espetado na almofada. Mal sabia o assassino que eu tinha uma espada comigo. Pedi à Alfa para proteger-me enquanto tirava a espada do medalhão. Mas antes da espada, tirei a varinha e lancei um feitiço para o assassino ficar parado. Depois disso, usei a espada para prendê-lo ao chão.

O papá ficou surpreso quando entrou no meu quarto a meio da noite e viu que eu tinha um assassino contra o chão, completamente encurralado pela espada que me tinha sido dada como presente de cinco anos. Após isso, o Hiroshi elogiou-me por ter dado conta de um assassino sozinha e sem matá-lo. Mas isso também fez com que eu me aproximasse mais dos filhos dele. Como? Bem, explicando de maneira simples... Aquelas pestes já estavam a aprender a manejar a espada na altura do meu aniversário e por isso começamos a treinar juntos. Depois eles ainda foram colocados para dormir no quarto ao lado do meu, para além de ter três guardas designados para proteger a porta do meu quarto.

Ah, mas isso foi apenas no início. Quer dizer... os gémeos ainda dormem no quarto ao lado, mas não é sempre. E os três guardas já não ficam na porta do meu quarto. Após todos estes anos, acho que ninguém iria mandar assassinos para o palácio da Lua. Quem quer que mande assassinos, estará apenas a gastar dinheiro. Oh, nem sequer falei do meu melhor amigo, o Lucas. Ele agora passa grande parte do tempo na torre onde ficam os outros magos. Admito que fiquei chateada no início por ele já não passar tanto comigo, mas na verdade, ele ainda passa demasiado tempo comigo."

- Princesa, os seus amigos, Ethan e Valtore já chegaram. Ouvi a Marie dizer após bater à porta, fazendo-me perceber que eu deveria dar um fim à carta.

- Entendido. Disse, relendo a última coisa que eu escrevi.

"Mamã, eu estou bem a viver com o papá. Não tens que te preocupar com nada. Agora eu sei que ninguém no palácio irá me odiar como no passado. Ah, o papá também está bem, apenas mais atarefado com o baile de aniversário dele. Eu e o papá te amamos, mamã!

Com amor da tua amada filha,
Sakura <3"

Assim que assinei a carta, coloquei-a no envelope e despachei-me a sair do quarto. Se aqueles dois estavam aqui, de certeza que não é para me verem. O Hiroshi deve ter mandado eles fazerem alguma coisa, porque eles não costumam vir assim tanto para o palácio da Lua, especialmente a meio do dia. Tenho que me apressar se quero conversar com eles.

- Ethan, Valtore! Chamei assim que os vi. Eles estavam a ir na direção da zona de treinamento, por isso devem ir treinar agora. É estranho nem me terem chamado.

- Sakura, o que estás a fazer aqui? O Valtore, o gémeo mais novo, perguntou assim que me viu do outro lado do jardim. Não sei como, mas este rapaz é rápido. Ele atravessou um jardim inteiro em menos de cinco segundos. E o jardim não é pequeno.

- Valtore, mais respeito. Princesa, é bom vê-la bem. O Ethan disse, fazendo-me sorrir. Como explicar? Bem, o Ethan e o Valtore são os gémeos, filhos do Hiroshi e da Sophie. Enquanto o Valtore é rude por natureza - eu penso que ele sai ao pai - o Ethan leva a sua posição muito a sério. Para além disso, o Ethan é o gémeo mais velho e o mais acertivo - sim, ele parece a Sophie. E como é óbvio, entre estes dois, o meu favorito é definitivamente o Ethan, mesmo que eu seja bem próxima dos dois.

The Loved One - 2Where stories live. Discover now