Capitulo 2

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França

-Eu sou adulta! Eu decido o meu futuro! - grito com os meus pais furiosa com a situação.

Porquê eles são assim? Porque não podia ter uns pais que apoiam a filha?

-Mariana, tu não sabes cozinhar, como queres viver na capital assim? - diz a minha mãe numa tentativa de arranjar argumentos para me convencer a ficar. Nada feito.

-Eu aprendo, não á de ser muito difícil. Vocês sabem que eu adoro moda, e paris é o lugar certo para mim. - digo calmamente tentando que eles aceitem a minha escolha.

-Mariana, a conversa termina aqui e nós como teus pais não aceitamos. -diz a minha mãe parecendo a autoridade.

Tudo bem, não preciso que eles aceitem, sou maior de idade e decido a minha própria vida.

-Está bem então -Digo mentindo na tentativa de acabar esta conversa e dirijo-me ao meu quarto.

Deito me na minha cama muito bem feita e pego o meu portátil, pesquiso possíveis lugares para poder morar, mas todos os que visualizo são excessivamente caros e mesmo a minha família tendo dinheiro até dizer chega, não posso simplesmente pedir lhes, pois já sei que não vão me dar já que não concordam com a minha ideia de ir trabalhar e morar em Paris.

Pouco me importa. Vou arranjar uma maneira de conseguir dinheiro pelo menos para chegar a Paris e lá logo se vê.

Olho as horas e percebo que já está a anoitecer e decido abrir o meu armário e procurar looks, um vestido vermelho, e umas botas pretas foram as peças eleitas depois de quase 1 hora a escolher e de agora ter uma pilha enorme de roupa em cima da cama, o que importa é que agora estou vestida.

Agora só falta a parte mais difícil, a make, nunca tive muita facilidade a fazer uma boa make, o delineado fica sempre torto, o batom sempre fica borrado, mas mesmo assim eu arrisco me e tento sempre fazer algo simples. Depois de uma hora de muito esforço e de ter voltado a fazer a make, finalmente sai algo mais ou menos, olho me no espelho e sinto realmente bonita, o que não é muito habitual, apesar dos meus pais dizerem que sou a mais bela francesa que já viram.

- Magnifique! - Digo para mim mesma, admirando me no espelho.

Prendo o cabelo numa espécie de trança improvisada e decido dar um passeio pelo parque perto da minha casa.

Assim que saiu de casa, ouço os pássaros "cantar" e as folhas caírem das árvores devido á estação que estamos, adoro esta época do ano, adoro sentir a brisa do vento e calçar as folhas e fazem um barulho satisfatório, sinto me num filme.

Caminho pela rua, olhando tudo ao meu redor e sorriu devido á beleza do local, devo parecer uma maluca para as pessoas que estão a passar do meu lado, mas para mim eu sou uma menina feliz de um filme qualquer de hollywood.

Sento me num banco da praça e coloco os fones pondo uma música francesa que adoro.

Imagino me em Paris, a contemplar a paisagem na esplanada de um café a comer um croissant enquanto penso em tecidos e molde para aquela peça em que vou estar a trabalhar e no final do trabalhos sair com as minhas amigas parisienses a um bar qualquer e dançar a noite toda.

Ok, talvez eu seja demasiado sonhadora, como dizem os meus pais, mas a verdade é que não custa tentar.

Levanto me no banco decidida a ir embora pois o frio instala se e eu esqueci me do casaco, para variar.

No caminho para casa passo por uma carrinha de gelados.

-Quero de chocolate e baunilha, por favor -Peço ao sr. sorridente que me dá o gelado logo de seguida.

Um rapaz ao meu olha para mim enquanto como o gelado, rindo se. Porque ele se está a rir?

-Tens gelado aqui - diz apontando para a parte superior do meu lábio, ainda rindo.

Limpo logo, e riu me com ele da situação.
Olhamo-nos mutuamente, fixando os nossos olhares um no outro.

-Podemos nos encontrar outro dia? -Pergunta timidamente.

-Não -Digo assim que ele acaba de falar a pergunta, tão rápido que nem eu tenho noção de como respondi tão velozmente à pergunta, mas a verdade é que tenho medo de falar ou estar com qualquer rapaz depois do namoro abusivo que vivi á algum tempo, é difícil esquecer o que vivi e por isso neste momento prefiro ficar assim.

O rapaz fica sem reação, esperando talvez uma resposta mais positiva.

-Bem.. acho que vou indo - Digo ao rapaz do qual não sei o nome.

Ele acena com a cabeça, concordando.

Pego a minha bolsa e vou me afastando da carrinha, passo o caminho calmamente e a pensar no momento que acabei de viver, talvez tenha acabado de perder o amor da minha vida, ou talvez não, mas neste momento prefiro não o saber.

As recordações e memórias dos tempos em que um relacionamento abusivo vêm á tona e apresso o passo com medo de tudo á minha volta.

Assim que chego em casa subo para o meu quarto e deito me na cama e puxo o lençol tapando até ao topo, tentando me esconder de tudo e todos. Como se o lençol fosse uma espécie de armadura protetora.

Acordo no dia seguinte, com a mesma função do dia anterior: Convencer os meus pais a deixar me viver em Paris.

Desisto da minha ideia inicial depois de 5 minutos a ouvir a minha mãe dizer todas as responsabilidades e afazeres de uma pessoa independente, mas não era isso que eu deveria ser? Uma pessoa independente?

Não quero ser a menina dos papás para sempre, quero conhecer o mundo, quero ser independente e viver num pequeno apartamento em Paris e trabalhar do que mais gosto, moda.

Sinto me presa, oprimida e pequena nesta miniatura de vila, não que não reconheça a beleza deste local, mas ele já não se identifica comigo, quero aventuras e viver. Viver a sério e não só fingir e seguir regras e desejos, que não são meus, mas sim dos meus pais.

Quero ser livre e viver. Fui crescendo em colégios, onde fui ensinada a como me comportar, a como falar, sentar, andar e até como comer ou me vestir, mesmo tentando de tudo para me enquadrar no padrão de todas aquelas meninas ao meu redor, eu não conseguia, eu apenas queria conversar com elas sobre diferentes assuntos, eu queria cortar o cabelo das bonecas e saltar na chuva e pintar uma parede branca com lápis de cor, nunca tive sequer amigas, tinha apenas colegas, mas nenhuma menina do meu colégio tinha coragem de falar com a "estranha" e "anormal", que não sabia equilibrar 10 livros na cabeça enquanto fazia uma vénia.

Mas por mim tudo bem, sempre tive muita imaginação e criava as minhas próprias amigas, e com o tempo aprendi a viver sozinha e a evoluir, agora com 19 anos consegui terminar os estudos e o curso de moda em muito pouco tempo pois os meus professores de moda sempre me apoiaram mesmo no colégio dizerem me que só poderia aprender moda, se soubesse me comportar e não proferir "asneiras".

Ainda bem que já não estou naqueles colégios, mas continuo a sentir me presa a este lugar, sugada por todas essas memórias tristes da minha infância.

Passo o dia reflexiva e triste no meu quarto, á espera que um milagre aconteça e os meus pais aceitarem a minha ida para Paris.

Chega a noite e caiu no sono mergulhada nos meus pensamentos.

Chega a noite e caiu no sono mergulhada nos meus pensamentos

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                           (Mariana LeBlanc)

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