Escutando e Recrutando! A Preparação Para a Jornada

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Desde que essa masmorra foi descoberta, vários aventureiros entraram sozinhos ou em duplas, no máximo em trios. Poucos retornaram. Vivos, mas mutilados e desolados. Porém esses poucos sobreviventes foram essenciais para o plano de Tíbio.

As masmorras e seus tesouros eram a oportunidade que precisávamos para realmente mudarmos de vida. Meu irmão concordava comigo. Ouro e joias tornariam tudo melhor, entretanto ele não tem a disposição de ir buscá-las pessoalmente. Mas tem a inteligência que os aventureiros não têm e eu iria aproveitar isso.

 Por isso, foi ele que planejou e preparou tudo para a nossa investida. Ele tem a mente afiada e os ouvidos mais afiados ainda. Quando decidimos vender a carne dos animais ao invés da carcaça, ele passou dias na vila ouvindo sobre os melhores pontos de venda e o que as pessoas gostam mais de comprar. Para nossa aventura não foi diferente. 

Ele buscou o máximo de informação, conversou com todos os sobreviventes. Descobriu que além dos perigos normais de uma caverna récem descoberta, haviam figuras animalescas diferente de todos as outras coisas já vista na terra. Eram de toda sorte de tamanho, forma e cores. Alados e rastejantes. Venenosos e em chamas. Tudo neles emanaviam o perigo e foram essas criaturas (que agora são chamadas apenas de monstros) que ceifaram as vidas de muitos. Além disso, Tibio descobriu padrões nos ataques dos monstros das masmorras que ninguém pensava em existir. Desenhou mapas e planejou a melhor estratégia para minha investida. E é por isso, só por isso, que irei dividir o ouro com ele.

 Coversando com os sobreviventes pudemos ouvir os perigos que cada um enfrentou e aos poucos fomos descobrimos as falhas de cada um. As masmorras eram profundas e em cada andar haviam vários tipos de monstro, mas sempre um que se destacava mais. Eram esses que precisaríamos focar nossos esforços, então nos planejamos bem para isso.

Bem, ele planejou tudo muito bem com a informação que ele conseguiu, infelizmente não foi o bastante. Os idiotas que desceram antes de nós não conseguiram chegar perto do tesouro, muita coisa ainda estava obscuro para a minha jornada. Entretanto, não podíamos nos focar no que não sabíamos, assim formamos nossa estratégia. Primeiro, nada de grupos pequenos. Nós éramos mais fracos que as provações das masmorras, por isso tínhamos que compensar com um número maior de pessoas. O máximo que pudessemos conseguir.

O que não foi uma tarefa fácil. Assim como eu e minha inicial febre do ouro, os corajosos da cidade não gostavam da ideia de dividir o tesouro com terceiros. O que eles não sabiam era que eu não esperava dividir o tesouro com muitos, com sorte a maioria morreria antes de chegarmos ao final. Com azar eu teria que matá-los assim que chegarmos ao tesouro. Além desse empecilho, tínhamos outros. Os aventureiros não queriam ir conosco, mas pelo menos queriam ir. Precisávamos das habilidades de outras pessoas que não estavam dispostas a arriscar a vida. 

Força bruta e coragem era apenas um dos muitos ingredientes que precisamos. Para sobreviver às masmorras, era necessário alguém que soubesse lidar com o terreno e a escuridão. Pessoas com resistência às habilidades dos monstros que nós conheciamos era essencial para facilitar a jornada.  Agilidade e flexibilidade seria um bônus muito bem vindo entre os nossos companheiros também. Além é claro que alguém que possa cuidar de nossas feridas e evite que tenhamos que desistir no meio do caminho. 

Contudo as pessoas que possuíam essas habilidades não estavam dispostos a fornecê-las numa atividade tão pouco nobre. A freira do orfanato poderia muito bem nos ajudar apenas cuidando dos feridos e usar o ouro para ajudar os órfãos, porém...

- Como ousam considerar que eu faça um serviço tão diabólico! Naquele lugar longe dos cuidados divinos!

Ouvimos a mesma resposta de quase todos com quem falavamos. Recebemos tantas negativas que rapidamente toda a cidade sabia que estavámos recrutando. Isso foi ruim por um lado, pois vários já não nos atendiam quando os abordavámos e outros fingiam não estar em casa. Porém, milagrosamente isso nos ajudou a formar um grupo. Com os boatos alguns aldeões "peculiares" vieram até nós nos oferecer seus serviços. Não tínhamos mais opção.

- Aceite os melhores que vierem e mandem se preparar! Vamos descer amanhã, Tibio.

- Vocês vão. Eu esperarei na cabana, como combinamos. 

E assim foi.

Janete e a MasmorraWhere stories live. Discover now