2 - Tolo cabeça oca

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  Quem passava por ali não podia evitar um olhar de tristeza, entre o chão e a parede fria, um pequeno corpo encolhido, trêmulo, rodeado por roupas cinco, talvez dez, vezes maior que ele. O tempo cinzento demonstrava o inverno chegando ou o outono tomando lugar.

  Quando Harry acordou se deparou com isso, suas extremidades estranhamente encolhidas, sujas e fracas, suas vestes mudaram e aumentaram de tamanho, havia uma manta no chão frio, não que isso influenciasse em seus já congelados membros. As pessoas que passavam por ele deixavam moedas, água e pão, mas nenhum falou com ele.

  A confusão em seu olhar se esvaiu um pouco quando um jornal parou em suas diminutas mãos, o ano era 1933, era vinte de dezembro de mil novecentos e trinta e três, Harry se sentiu confuso novamente, ora, quem não estaria?

"Realmente um pequeno tolo... o morto Snape disse, em sua carta, duas voltas, apenas, você girou três. "

  O vento gelado, que o fez espirrar, trouxe um sussurro tenebroso, Harry se sentiu idiota, era ele fadado a fazer esse tipo de estupidez por culpa de compulsões além da poção do amor? Não seria possível.... seria?

"Resolveremos com o tempo... "

  Sua risada soou tão tenebrosa quanto seu sussurro no início da noite fria que logo teria que enfrentar Harry. 

[...]
     

  Não era diferente de viver com os Dursley, Harry sentia fome, frio e dor, nada diferente do que uma vez experimentou em sua árdua infância, a única diferença era o jogo, o "Caça a aberração" já não era liderado por seu gordo primo Duda, mas sim por um gordo policial inglês que tinha um bigode grosso sujo de, provavelmente, glacê rosa.

  Era difícil despistá-los quando parece que cada adulto que o vê em sua atual situação, descalço, sujo e com vestimentas enormes, resolve acionar a policia local, boas almas, não faziam isso quando os Dursley o deixava dormindo no jardim traseiro, com o pé sendo preso pelo que deveria ser a corrente do cachorro.

  Claro, Harry Potter nunca terá sorte nesta vida, não teve na passada, quem garantia que teria nessa? Exato, ninguém! 

  Era início da noite, o momento exato em que uma padaria descartava os pães e doces, aparentemente, velhos para trocar por mais novos. Era o quinto dia na rua desde que despertou, tentara inúmeras vezes tentar achar qualquer vínculo mágico por perto, mas sua magia, graças ao sei pequeno corpo, estava apenas se desenvolvendo, era uma pequena faísca se enrolando lentamente, formando seu núcleo mágico.

  Apena pode decifrar sua localização, já que sua meta é evitar adultos, sejam bons ou maus, sua confiança em desconhecidos desceu gradativamente, e em seu coração, temeu ser traído ou deixado caso fosse se relacionar.

  Enquanto revirava o lixo cheio de doces e pães, onde com uma mão revirava e a outra metia pedaços de uma torta de maça, uma única que estava intacta, sua língua retirou os farelos dos lábios, sua barriga satisfeita, apesar da sua garganta arder pelo excesso de doce consumido. Engoliu seu suspiro, se engasgando com saliva quando uma mão grande cobriu todo o seu ombro direito, era um agarre firme.

  Harry, se virando lentamente e tendo uma prévia por sua visão periférica, uma um grupo de cinco policiais, todos com rostos sérios e severos, o aperto em seus ombros desceu ao braço, se pudesse, Harry lançaria um bombarda na cara de cada um, só pelas caras azedas que faziam em sua direção.

  Depois disso, dormiu na comissárias até que o assistente social, chamado logo na manhã seguinte, dia vinte e seis, o registrou no banco de dados do país, já que ele não tinha nenhum tipo de registro, o fizeram perguntas simples e fáceis de entender, apesar de Harry querer fingir ser idiota, era melhor facilitar para ser deixado ir logo.

  Data de nascimento? Harry julgou ter entre seis e oito anos, sempre fora muito pequeno para sua idade, ditou ter sete anos, nascendo no dia 31 de Julho de 1926. Nome da mãe? Ditou não lembrar ter uma, não muito diferente da realidade, fora a mesma coisa com o pai e demais familiares. Nome? De seus lábios saíram dois nomes, sem seu consentimento, Harrys Peverell, seu nome com o acréscimo de um "s" e "Peverell" um sobrenome não tão conhecido no mundo muggle, mas que dava familiaridade. Fora Morte quem o fizera dizer este nome? Não se sabe, mas Harry tinha certeza.

  No mesmo dia, uma assistente veio para banha-lo e vesti-lo, no mesmo dia, no final da tarde, Harry foi levado ao orfanato mais próximo, seu rosto mantinha as sobrancelhas franzidas, seus lábios em um bico, a porta do carro se abriu, e ele foi forçado a descer.

— Senhora Cole, boa noite,  — O homem tirou o chapéu coco para cumprimentar educadamente a mulher de aparência rígida, a mesma retribuiu enquanto levantava a bainha do vestido. — Este é Harrys, de quem eu falei por telefone, espero não ser um incômodo aparecer aqui tal horário.  

  Eles trocaram baboseiras enquanto Harry tentava ver e entender o porque aquele prédio parecia tão familiar e macabro, quando menos notou, seu braço era agarrado por uma mão ossuda com unhas afiadas.

— Me chame de senhora Cole, esta é Martha, Martha este é Harrys, o novo, ele vai ficar no quarto daquele lá, os outros estão ocupados por enquanto, se não houver adaptações no futuro, o trocaremos de quarto, por enquanto ele fica lá. Explique as regras e as punições caso descumpri-las. Me informe depois, estarei ocupada em minha sala.

— Como manda, Senhora Cole. — A mulher parecia ser mais gentil que a outra, porém seu sorriso trêmulo desde que foi citado aquele tal ele fez Harry sentir curiosidade. — Harrys, sou Martha! Ás 8:00AM é servido o café da manhã, 12:00PM o almoço e as 19:00PM o jantar, se chegar muito tarde é possível não conseguir comer nada. O toque de recolhimento é as 21:00PM, meia hora antes é quando começamos a alertar as crianças o horário de dormir. Os mais novos, de cinco a dez anos vão a escola, como você chegou agora e não tem histórico, terá que esperar um pouco enquanto um assistente social vem e testa sua capacidade, vamos ver se você acompanha os do seu ano ou terá que começar do início.

— ... — Martha tinha parado seu andar, se agachado e ficado cara a cara com Harry, que a olhava com escárnio, ora, como não? Percebera o corpo tenso a cada passo que dava, cada degrau, e quando parou e se agachou, seu sorriso trêmulo se tornou tão falso quanto seu doce olhar maternal.

— Você vai ficar com ele, durma cedo, não olhe pra ele, não troque palavras com ele, não o irrite... — Sussurrou olhando para os lados, tremendo ser escutada —, cuidado com aquele demônio, que Deus esteja com você!

— Quem é ele? — Harry perguntou em voz alta, a mulher, que se preparava para descer as escadas, parou, enrijeceu seu corpo e falou num sussurro tão baixo quanto o som de um mosquito, mas Harry escutou.

— ... Tom Riddle. — Amedrontada, a mulher desceu as escadas velozmente. Harry parou no lugar, tão tenso quanto a mulher, a diferença é que ele sim sabia que o demônio era capaz, e foi capaz. Harry realmente era um tolo cabeça oca, como afirmou Snape e Morte.

Tem poucas correções, eu reescrevi, então ou vc me conta onde os erros ortográficos estão, ou eles, provavelmente vão ficar aí para sempre
Beijo beijo

Vira-tempo - TomarryOnde as histórias ganham vida. Descobre agora