Capítulo 17

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- Olá, senhor Hero!


Jo diz sorridente, ao mesmo tempo em que abre a porta do seu consultório, permitindo assim que eu entre no mesmo.
Hoje foi o enterro de Zack, e pela primeira vez desde que meu irmão foi para o hospital eu vi Savana desmoronar. Ela estava devastada, mas de certa forma, todos estávamos.
Eu, Cody, o pai e o primo de Zack levando o caixão do mesmo, e eu havia me surpreendido com quantas pessoas estavam naquela igreja e depois no funeral. Zack sempre foi uma excelente pessoa e havia feito muitos irmãos ao longo da sua vida.
Eu estava conseguindo me controlar, era difícil, com o caixão de Zack tão proximo de mim e aquela parte de mim dizendo que tudo isso foi minha culpa, mas eu estava aguentando as pontas, até que eu a vi.
Nunca, nem nos meus sonhos eu poderia imaginar que fosse ver Josephine sentada em um banco naquela igreja no funeral de Zack, mas sou extremamente grato a ela por ter aparecido, caso contrário, não sei o que eu poderia ter feito ou o que me aconteceria se eu saísse daquela igreja e fosse até o funeral de Zack. Talvez eu também fosse parar em um caixão.


- Você está bem ?


Jo me pergunta gentilmente, quando eu ajeito meu boné com a bandeira dos Estados Unidos na frente e me sento no sofá preto.
O nó na minha garganta me impede de responder verbalmente, então eu apenas concordo com a cabeça, muito embora eu sabia que Jo tem pleno conhecimento do que está acontecendo comigo.
Eu consegui falar com ela fora da igreja, e a nossa tranza no carro  realmente me ajudou a ir até o cemitério e colocar o caixão de Zack dentro de um buraco, mas agora, agora que já se passaram algumas horas desde que eu estive com Jo e consegui liberar um pouco da minha raiva e tristeza, eu sinto como se fosse desmoronar novamente, e isso só me faz ter a sensação de que eu não passo de um tolo, um fraco que matou o próprio Irmão.


- Hero. Hero olha para mim!


Jo diz, mas eu balanço a cabeça em uma negativa, pois sei que se eu olhar para ela, vou ver uma preocupação genuína em seus azuis perfeitos, e isso será demais para mim.
Eu continuo olhando para a poltrona petra acolchoada, onde Jo costuma se sentar, e me surpreendo quando minha psicóloga tira os seus óculos dourados e os saltos altos e se senta do meu lado, dessa vez, sem seu habitual caderninho preto brilhante.



- Você me fudeu no banco de trás do meu carro, e aquilo pode ter sido suficiente para drenar a sua dor, pelo menos por algumas horas, mas agora, agora você precisar deixar toda a dor sair, Hero!


Jo diz, e eu olho para ela, agora não mais surpreso por ela saber o que está acontecendo comigo, afinal, essa é a Jospehine.
Antes que eu consiga tentar falar com o nó, cada vez mais apertado, na minha garganta, Jo puxa minha jaqueta de couro preta e me guia assim para o seu colo.
Assim que eu encosto minha cabeça no peito de Jo, e a mesma levanta um pouco sua saia e passa sua perna em cima das minhas, me fazendo ficar, na medida do possível, encoberto por seu corpo, eu desmorono de vez.
Toda aquela minha resistência em não deixar minhas emoções me dominarem e os meus esforços para aguentar levar o caixão de Zack sem esboçar nenhuma reação vão para o ralo quando Jo tira o meu boné com a bandeira dos Estados Unidos na frente e acarencia os meus cabelos, me fazendo assim chorar cada vez mais e mais em seu colo.



- Shhh, eu estou aqui com você!


Jo diz, quando meus soluços aumentam, dificultando ainda mais a minha respiração.
Jo passa sua mão pelo meu peito, massageando assim o local como se isso fosse ajudar o peso a desaparecer, enquanto com a outra mão ela acarencia os meus cabelos do jeito que eu adoro. Eu tento me acalmar, mas a cada vez em que eu respiro fundo e tento me controlar eu acabo desmoronando de novo, e Jo me aperta cada vez mais forte contra ela.
Alguns minutos se passam, e assim que eu realmente consigo parar de chorar eu me viro no sofá preto, de forma que Jo e eu agora fiquemos cara a cara.


A Psicóloga Where stories live. Discover now