Capítulo 5

10.9K 711 267
                                    


Eu estaciono o carro na base militar, e ando pesadamente até o elevador.
Meu dedo indicador aperta o botão do terceiro andar, e enquanto o elevador sobe eu desejo que Josephiene esteja sozinha em sua sala.
Eu sei que na sala de espera não vai ter ninguém, já que hoje eu sou o último paciente, mas pela hora ela deveria estar atendendo outra pessoa.
Eu sinto meu corpo tremer em meio as imagens que ainda estão nítidas na minha cabeça e em toda a confusão do almoço.
Eu praticamente espanco a porta de madeira da sala da Jospehiene, e eu sinto que finalmente posso respirar quando ela aparece. 

- Você está com alguém?

Eu pergunto, e percebo que minha voz saí firme e até assustadora.
Josephiene a príncipeo me olha com um certo divertimento, mas assim que nossos olhos se encontram, ela parece notar que tem algo de errado comigo, o que me apavora ainda mais já que eu não gosto de demostrar o que eu sinto.

- O paciente que eu iria atender antes de você teve um problema em cima da hora. Entre !

Josephiene diz, ao mesmo tempo em que abre a porta e me deixa entar na sua sala.
Tudo parece igual em comparação com as minhas outras duas visitas neste consultório,  mas eu sei que nem tudo está normal. EU não estou normal!

- Hero ? Hero o que está acontecendo?

Josephiene me perguta, e por alguma razão a preocupação em seus olhos azuis parece me acalmar.

- Eu não... Eu não sei o quê está acontecendo eu... por um momento eu estava lá e no outro eu estava no exército... e... eu não consigo...

- Hero, calma! Por que você não se senta e respira fundo?!

Josephine me sugere, e eu me sento no sofá ao mesmo tempo em que fico  mexendo minhas duas pernas em uma tentativa de aliviar o peso no meu peito e me distrair do que está acontecendo.

- Olhe para mim.

Josephiene diz, e eu encaro seus olhos azuis com tanta intensidade que por um instante eu paro de tremer.

- Está tudo bem agora. Você vai respirar fundo e nós vamos conversar sobre o quê está acontecendo!

Josephiene diz em uma voz completamente calma, e eu me sinto envergonhado quando penso que ela já está acostumada a lidar com esses chiliques.
Eu me levanto do sofá, pronto para sair desse consultório e fingir que eu não estou passando essa vergonha, mas Jo dá três passos a frente e diz com um olhar extremamente calmo e firme :

- Hero, você não tem nada com que se envergonhar.
Eu sei que essas palavras podem parecer vazias, mas elas não são. Você passou por muita coisa, você viu muitas coisas e chega uma hora que você não  pode mais controlar os efeitos que todos os anos em combate causaram em você.
Você não é o primeiro , e não vai ser, o último soldado a sofrer com as consequências do exército, e é por isso que eu estou aqui, para te ajudar a lidar seja lá com todas as coisas terríveis que você já passou e viu!
Agora, se sente, e nós vamos conversar sobre o que você quiser me falar!

As palavras de Jo me confortam, e por mais que um lado meu fique com raiva por estar agindo como todos os outros que ela conhece, a outra parte de mim, a que ainda está fazendo meu corpo tremer, acaba escutando a psicóloga.
Por fim, eu me sento, e a parte antes revoltada dentro de mim fica um pouco mais tranquila quando Jo, apesar de ficar um pouco indecisa por alguns segundos, como se não soubesse se devesse fazer isso ou não, pega o seu caderninho, que agora eu consigo ver que é preto e cheio de gliter, e se senta do neu lado.

- Antes de começarmos eu só queria deixar claro que você fica, realmente, muito melhor sem barba!

Jo diz rindo, e eu acabo soltando uma risada pelo que parece ser a primeira vez desde que eu voltei do exército. 

A Psicóloga Where stories live. Discover now