Capítulo 11

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Segunda - Feira

- Hero! Você precisa deixar para lá. Eu sei que é difícil e acredite a culpa não vai diminuir, mas você precisar estar cem por cento focado!


Zack me diz, com o tom de voz grosso mas também compreensível, e eu concordo com a cabeça, ciente de que ele está certo, e de que agora essa culpa pertence a mim.
O cenário muda, e derrepente eu não estou mais conversando com Zack no nosso esconderijo. Não, agora eu estou no hospital, de frente para a cama de Zack, que se encontra entubado e com o rosto todo enfaixado.


- Você fez isso comigo, a culpa é sua!


A voz de Zack sussurra no meu ouvido, e eu balanço a cabeça em uma negativa ao mesmo tempo em que tampo meus ouvidos para não escutar mais o quê eu já sei.


- Você não pode fugir disso, Hero! Eu te avisei para deixar de lado, eu te disse para esquecer o quê aconteceu com a garotinha e se concentrar na sua missão!
É SUA culpa o fato de eu estar quase morrendo! Você vai ter que lidar com isso, Hero, porque se não fosse por VOCÊ eu JAMAIS teria me desconcentrado e a equipe NUNCA teria sido sequestrada!


Zack grita mais alto, e eu abro os olhos para me deparar com o quarto de hóspedes do apartamento de Titan.
Foi só um pesadelo. Só outro maldito pesadelo!
Eu me levanto da cama, e vou na direção do banheiro torcendo silenciosamente para que a água fria fassa o peso no meu peito afrouxar um pouco, muito embora eu saiba que mereça sentir isso depois de tudo o que fiz enquanto estava no exército.

●●●

- Cara, você já pensou em dormir só até as dez da manhã? Você está ganhando dinheiro por ficar seis anos no Afeganistão sem dormir direito, isso é basicamente um pedido para que você durma mais um pouco !


Meu irmão mais velho diz, quando eu entro no apartamento, depois de duas horas correndo na rua.
Eu não respondo a pergunta de Titan, apenas pego uma garrafa d'água na geladeira, e me sirvo de um dos dois sanduíches que Titan estava preparando.


- Quer dizer, você passa o dia na academia e depois vai para o psicólogo, que é a única coisa da sua rotina que que faria se tivesse a sua psicóloga. Então, porque acordar tão cedo ?


Titan me perguta, e eu ignoro a sua referência a Josephine, e finjo que não sei o porque de eu acordar tão cedo, já que nem Titan nem ninguém, sabe sobre os meus pesadelos, exceto é claro a minha psicóloga!


- Eu acho que é o costume. Só isso.


Eu digo, e Titan concorda com a cabeça, aceitando o meu argumento, o que me causa um certo alívio.


- Você vai almoçar com a mamãe e o Bruno, hoje?


Titan me perguta, mas eu balanço a cabeça em uma negativa, já que desde que minha mãe avisou que o meu padrasto está de folga hoje e ela adoraria que eu fosse almoçar com eles, eu disse que não poderia ir.



- Não. Eu concordei em passar mais tempo com a nossa mãe, mas ficar perto do Bruno não dá!

Eu digo, e percebo que meu tom de voz saí bem seco e sério, mas eu disfarço isso mastigando o último pedaço do meu sanduíche.


- É, eu sei. Eu também demorei muito para me acostumar com ele, principalmente porque era óbvio que ele estava interessado na mamãe mesmo com o nosso pai morrendo naquele hospital!


Titan diz, e eu concordo com a cabeça, enquanto tento imaginar como foi para Titan, aturar o Bruno durante os anos em que eu não estava aqui e que minha mãe certamente o obrigou a comparecer nos almoços e jantares em famílias.


A Psicóloga Onde as histórias ganham vida. Descobre agora