Capítulo 8

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Quarta- feira

Meu relógio digital apita insistentemente do meu lado, e eu o desligo ao mesmo tempo em que me levanto da minha cama quentinha e saio do quarto.
Depois que Hero saiu da minha sala, na segunda feira, eu decidi ir até o velho apartamento da minha mãe e, literalmente, dei com a minha cara na porta já que minha mãe não estava em casa e, seguindo a visinha fofoqueira que mora de frente para o apartamento dela, minha mãe havia saído a dois dias com um homem coberto de tatuagens e que parecia completamente fora de si. Era óbvio que eu não precisava de muito mais para montar o quebra cabeça. Homem fora de si = membro de gangue. O que significa que minha mãe está, novamente, andando com as pessoas erradas, mas eu não sei porque eu ainda uso o " novamente" já que ela nunca parou!


- Bom dia raio de sol!



Minha amiga diz, quando vê a minha aparência estilo zumbi .
Eu dou um resmungo para Inanna ao mesmo tempo em que despejo uma boa quantidade de café na minha xícara.



- Pelo visto você ainda não está bem. Qual é Jo, você sabe que a sua mãe é uma pessoa sem juízo. Não fica se martirizado por não saber onde ela está, ela mesma já deixou claro que não quer saber onde você está!


Inanna diz, mas eu não me dou o trabalho de responder, eu apenas me sento na cadeira de madeira e bebo o meu café.
Eu amo a Inanna, ela é a irmã que eu nunca tive, mas ela não entende o que eu sinto.
Eu e Inanna nos conhecemos no último ano do colégio, e assim que descobrimos que tínhamos muitas coisas em comum, nós rapidamente nos tornamos amigas, mas Inanna sempre foi a caçula e única menina da sua família, tendo seus pais tido seis filhos, e cinco deles serem homens. Então, dizer que minha amiga entende o que é ser praticamente abandonada pela própria mãe, é uma mentira descarada.



- Eu estou bem, Inanna. Eu sei, melhor do que ninguém, que a minha mãe não tem nenhum juízo, mas de um jeito ou de outro ela ainda é a minha mãe.
Mas agora não importa, eu vou tomar um banho e me arrumar !


Eu digo, ao mesmo tempo em que me levanto e vou até o banheiro para me preparar para mais um dia de trabalho.

●●●

- Então eu te vejo na sexta.

Amanda, uma das minhas pacientes diz, ao mesmo tempo em que eu a acompanho até a porta.
Depois que eu tomei o meu café, eu tomei um bom banho e me arrumei para vir até o trabalho, onde eu me encontro agora, depois de ter almoçado com a minha amiga.
Eu abro a porta, e assim que Amanda sai pela mesma, eu me deparo com Hero, encostado na parede e com seu habitual boné com a bandeira Americana na frente.
Hero levanta um pouco os olhos, e assim que seu olhar encontra o meu eu sinto meu corpo queimar e um sorriso inesperado surgir nos meus lábios.


- Agora é a sua vez, senhor Faulkner.


Eu digo, embora não tenha ninguém no corredor além de Hero, mas, quando a sua pele se arrepia e o seu corpo fica em chamas só de olhar para alguém que você está terminantemente proibida de ter qualquer tipo de contato, é melhor manter as formalidades fora das quatro paredes na minha sala.
Hero entra na mesma, e ele parece ter percebido o porque de eu tê-lo chamado de "senhor Faulkner" o que estranhamente me deixa aliviada.


- Você está bem ? Seus olhos parecem tristes, de novo.


Hero diz, ao mesmo tempo em que se joga no sofá preto de frente para a minha mesa. Eu ando até a mesma, e uma vez que eu me sento na minha poltrona petra acolchoada e tiro meus óculos dourados para limpar suas lentes.


A Psicóloga Where stories live. Discover now