Capítulo 1

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Capítulo 1

Meus olhos navegaram pela boca dele.

- Senhor Raphael - brincou com meu nome -, eu perguntei-lhe se se sente melhor?

Fiz qualquer grunhido.

- Sabe responder-me em que ano nasceu?

- 89.

- E em que ano estamos?

- 2015.

Naufragava meus pensamentos no meio de suas pernas na altura de minha cabeça, deitado sobre a cama na emergência do hospital. Foi involuntário. Não tive como controlá-los. Lembrei-me dos seus longos centímetros. Uma carne firme, que ele balançava para mim, batendo sobre a palma da mão esquerda. Abri a boca, e devaneei. O álcool ainda queimava em minhas veias. E a sensação de leveza proveniente da maconha ainda parecia surgir um efeito nostálgico. Percebi que ele ficou constrangido, mas disfarçou. Não me envergonhei. Nunca fui desses.

Eu desejava aquele seu sexo.

E se eu estava ali, naquela situação vergonhosa, a culpa era dele. Sim. Somente dele. Culpa da sua carne ter me viciado...

Queria o seu corpo mais uma vez. Lembranças de uma noite de outrora, na verdade de semanas, me fazia pular para outra realidade: a de tê-lo para mim. Talvez um daqueles seus amasso contra parede, em que estou preso por aquelas mãos absurdamente grandes, com aqueles braços fortes encurralando-me, e descansando sobre mim todo o seu peso; isso já me bastaria, mesmo que eu desmontasse em sua frente diante as circunstâncias que me encontrava: tonto e fraco. Louco. Mas eu desejava sexo. E desejava que fosse selvagem.

Que fosse selvagem como o dele.

Mas foi uma realidade que eu joguei fora. Se arrependimento matasse...

A única vez que tive seu sexo nunca irá ter sustentado a minha vontade dele.

Seus dedos entraram em meus cabelos, recordei-me.

Senti o cheiro de homem que exalava de seu corpo escondido sob o jaleco branco, aquele aroma gostoso que fazia-me ainda menos santo do que eu sou. Lambi meus lábios secos com sede, com meu coração inquieto, a mil, enquanto ele ajeitava o estetoscópio aos seus ouvidos. Continuou fingindo que nada percebia. Fugindo de mim, portando-se como o profissional que ele é. E quanto mais era, dentro daquela veste fetichista, mais me despertou conhecê-lo novamente desnudo.

De costas para ele, sua parte cutucou-me. As lembranças vinham afloradas. Cravei-me os dentes no lábio inferior. E deixei-me sonhar com o prazer por um segundo.

Despi-lo como da outra vez, eu pensei. Jogá-lo no sofá, molhei-me.

Olhei em seus olhos, indagando-os. Pediu-me para que eu abrisse a camisa e me sentasse na cama. Obedeci, esperando que seus olhos me indagassem discretamente, ao me examinar. Ele se aproximou, tirando-lhe os cabelos negros dos olhos. Então, ouviu meus pulmões, que se sufocavam com o seu corpo tão próximo ao meu.

- Inspira!

Calor. Olhei dentro de seus castanhos, fixamente. Muito calor.

- Até quando vai negar? - perguntei, soltando o ar, e impulsivo como sempre sou.

- Eu preciso que faça silêncio.

- E eu preciso que você me responda.

- Por favor, Raphael, aqui não. É meu local de trabalho.

- Isso me excita mais ainda. E me chama de Rapha. - peguei no meio de suas pernas, ousadamente. Enchi minha mão. Enchi com vontade.

- Não seja petulante! Eu não gosto disso.

Os Sete Pecados (Romance Gay)Where stories live. Discover now