Capítulo Nove

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Ela mal conseguia acreditar. Não era possível. Helen tinha-lhe ligado há menos de uma hora, dizendo-lhe que Leonard estava fora do controlo e que ia sair de casa por umas horas, porque tinha medo que ele lhe fizesse mal. Arden tinha saído da sede da revista praticamente a correr, sem sequer saber de quão louca parecia a atravessar o mar de seus colegas a correr em saltos de quase dez centímetros. Algo na voz de Helen tinha feito alarmes soarem no seu cérebro e nem pensara duas vezes antes de ligar a Holand e pedir-lhe ajuda. Ele ainda trabalhava para ela, mas não tinha tido tempo para caminhar até ao escritório do guarda-costas, tinha sido mais fáci ligar.

A viagem entre a sede da empresa e o bairro onde os Whitt viviam não demorara mais que meia hora, no trânsito, mas aparentemente tinha sido tarde demais. Quando Arden chegara à rua, polícias rodeavam-na de todas as formas e feitios. Ao longe, ela via uma ambulância, com as luzes ainda a rodarem e a iluminarem as casas que compunham a rua. Ela conseguia ver vizinhos curiosos, crianças assustadas, cães a ladrarem para toda a confusão, carros parados na estrada porque os polícias tinham bloqueado a passagem. Arden mal conseguia acreditar e queria saber o que tinha acontecido.

Praticamente empurrando toda a gente que estava no seu caminho, ela furou passagem desde o seu carro até à fita vermelha que marcava a separação definitiva entre as pessoas e a cena do aparente crime. Quando estava apenas a dez centímetros de agentes da polícia, tocou com força no ombro do primeiro que viu. Ele olhou para trás, observou-a de cima a baixo e, quando a reconheceu, fuzilou-a com o olhar. Arden revirou os olhos e bateu com o pé, não querendo perder tempo com um polícia que achava que a conhecia só porque ela tinha exposto os seus colegas.

- Como assim ela está morta?

- O que é que tu estás aqui a fazer? Outra história falsa para escrever? – Arden riu, sabendo perfeitamente que o seu riso soou malévolo aos ouvidos de toda a gente.

- A Helen ligou-me há uma hora. – a jornalista percebeu que chocou o agente. – Ela ligou-me porque estava com medo do marido e eu quero saber o que aconteceu. Agora. – levou uma mão à sua coxa, e olhou diretamente nos olhos do polícia à sua frente.

Aos poucos, ela viu que ele estava a ceder. Talvez tivesse ficado chocado com o facto de ela conhecer Helen, talvez com o facto de ela ser tão persistente, mas quando ele suspirou, ela soube que tinha ganho. Ele levantou a fita vermelha que marcava a cena do crime e indicou a um seu colega para a levar ao detetive a quem o caso tinha sido designado. Arden não agradeceu, limitou-se a fechar as suas mãos em punhos e a caminhar até ao segundo agente, cujo nome ela não se preocupou em preocupar, e a segui-lo quando ele começou a andar, silencioso. Daquele ela gostou, porque não a incomodou com julgamentos e preconceitos desnecessários.

No caminho até ao suposto detetive, Arden passou por um grupo de pessoas que levava, numa maca, um saco preto que se notava perfeitamente que continha um corpo. Arden estremeceu, sabendo que era Helen que enchia o plástico do saco. A última vez que tinham falado, antes daquele dia, Helen tinha admitido que Leonard estava a ficar pior. Mais nervoso, mais violento, mais bêbado. Mais perigoso, portanto. Arden certificou-se de que Helen sabia que ela conseguiria ajudá-la, se ela quisesse, mesmo sem expor a sua história. O que importava era salvar Helen das mãos de um homem claramente violento e cruel, mas a mais velha tinha medo. O seu filho tinha apenas dez anos e ela queria protegê-lo do pai. Depois de aceitar a verdade sobre o caso de Michael James, Helen desenvolveu todo um outro tipo de medo pelo marido.

- Detetive Smith, está aqui uma senhora para falar consigo.

- Uma civil? Quem é que deixou que... - ao virar-se, Arden reconheceu Mike e suspirou audivelmente. Felizmente, Helen teria um caso justo. – Arden! Como é que conseguiste entrar no perímetro?

Equilibrar a VerdadeWhere stories live. Discover now