Capítulo Dezanove

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- Lizzie. – levantei a cabeça – Que palavras rimam com...fugir? – sorri, divertida.

- Hm...Cair, trair, partir, rir... - Harry gesticulou que eu continuasse e eu fechei os olhos, dando voltas ao meu cérebro por mais rimas – mu...mugir?

Ouvi o riso da baterista da banda de Harry, Sarah, e acompanhei-a. No entanto, ao receber um olhar severo de Harry, forcei os meus lábios a fecharem-se e voltei a pensar. Pensei alto, dizendo todas as palavras que me ocorriam – com as ajudas ocasionais de toda a banda – até Harry gritar um obrigado e voltar a rabiscar no seu caderno. Revirei os olhos, voltando ao meu próprio trabalho; Harry tinha tido razão quando me dissera que, durante o dia, eu poderia fazer o que quisesse, desde que me mantivesse por perto para quando ele precisasse de mim. Tinham sido poucas as vezes em que ele precisara realmente da minha ajuda.

Durante a manhã, Harry tinha sobretudo gravado as músicas que já tinha escrito. Não tinha sido nada abaixo de uma experiência etérea, tê-lo visto do outro lado do vidro, a cantar com todas as emoções que as palavras pediam. Nos últimos meses eu ouvira algumas vezes os últimos álbuns de Harry e podia dizer com toda a certeza que ele era um ótimo escritor; as suas músicas estavam repletas de metáforas e de termos que eu própria invejava. Tinha-lho dito, aliás, mas ele tinha ignorado qualquer elogio e mudado de assunto. No entanto, ouvir uma gravação de estúdio e vê-la era completamente diferente. Era mais íntimo, talvez.

Eu tinha ficado sentada nos sofás em que, durante a tarde, todos tinham escolhido para pousar, num ângulo perfeito que me permitia ver Harry, mas não todo o seu corpo. Via-o até ao centro do seu tronco, o suficiente para conseguir perceber o ritmo e a força das suas respirações. O plano tinha sido escrever e aproveitar a banda sonora gratuita que me tinha sido fornecida mas, quando percebera que conseguia ver Harry na perfeição, todos esses planos tinham ido por água abaixo. Quem se conseguiria focar com alguém como ele ali, tão perto? A fazer algo tão simples para um artista como ele mas que, para mim, era fascinante?

Harry tinha corado quando eu o elogiara profusamente, ao voltar para junto de mim. Elogiara também a banda, com quem ele parecia ter uma química e intimidade enorme – e eu calculava que isso ajudava em todo o processo e caminho -, recebendo sorrisos simpáticos e agradecidos. Depois de se sentar ao meu lado, Harry tinha desviado os meus elogios com a proposta de encomendar o almoço e todos concordáramos.

- Como vai o livro? – Harry perguntou, passado uns minutos da última vez que nos pedira ajuda com uma palavra.

- Vai bem. – respondi, sorridente. Ao levantar a cabeça, vi-o a olhar diretamente para mim, completamente fascinado.

- É sobre o quê?

- Não sei se mereces saber, Harry Styles. – provoquei, numa voz brincalhona. Harry limitou-se a pousar o caderno que tinha nas mãos no sofá, ao seu lado, e aproximar-se mais de mim para conseguir olhar para o meu caderno. – Ei!

- Vá lá? – pestanejou algumas vezes, fazendo-me rir com a sua semelhança instantânea a uma criança. Desviei o olhar, mas virei as folhas do caderno e decidi fazer uma espécie de resumo.

- É...quase um romance psicológico, vá. – ele assentiu, completamente focado no que eu estava a dizer. – Estás a ver o tipo de romance em O Monte dos Vendavais? Eu queria escrever algo assim, sombrio e cru. Focar-me nas personagens. Ainda não sei se vai resultar, porque em três ou quatro meses só escrevi uns cinco capítulos, mas...

- Tu consegues fazer tudo o que quiseres, Lizzie. – Harry interrompeu, pousando uma mão no meu joelho. Corei e ele sorriu, beijando suavemente a minha bochecha. – Obrigado por teres vindo.

Caminhos Cruzados // harry stylesWhere stories live. Discover now