Capítulo Quinze

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- Tu estás pronta. Tu estás pronta. Tu estás pronta, Lizzie. – sussurrei para mim própria, não saindo do banco do condutor do meu carro.

Faltava apenas meia hora para o início da sessão de lançamento do meu livro e eu já devia estar na sala em que tudo aconteceria, mas estava demasiado preocupada a controlar a minha respiração. Tinha conseguido ignorar todos os meus nervos durante todo o dia anterior e até durante a manhã daquela sexta feira mas, duas horas antes, no momento em que retirara as minhas roupas para tomar banho, tudo tinha caído em cima de mim. Eu ia lançar um livro na Lumiére, iria concretizar o meu sonho mais antigo – o de eu ser uma das escritoras da elitista livraria da cidade. E toda a minha família e amigos estariam lá, a apoiar-me, a dar-me a confiança que eu tão desesperadamente precisava.

Olhando para o relógio do meu carro e percebendo que tinha obrigatoriamente de sair do veículo, respirei fundo e, apertando o volante com todas as minhas forças uma última vez, abri finalmente a porta do meu lado. Naquele dia calorento, tinha escolhido um vestido preto comprido e que assentava bem no meu corpo – não ficava justo, mas ficava largo o suficiente para ser confortável e salientar as curvas do meu corpo – e cujas alças eram tão finas que mais um pouco e seriam inexistentes. Colocara uns brincos que a minha mãe me oferecera num dos meus últimos aniversários, com detalhes dourados, e fizera uma maquilhagem simples mas elegante.

Embora Edgard Lumi fosse um homem casual, os lançamentos que se realizavam na sua livraria eram bastantes formais. Todos os escritores que por lá passavam sabiam que faziam parte de uma lista remota e, portanto, queriam sempre mostrar o seu melhor lado. Eu tinha a mesma mentalidade, naquele dia, e estava pronta para deixar toda a gente boquiaberta com o meu livro. Sobretudo os meus avós, que não faziam ideia do que o livro retratava, mas eu suspeitava que eles chorariam imenso. Fizera questão de avisar a minha mãe para levar lenços a mais, já que ela sabia vagamente o tema do livro – e o apoiara a cem porcento.

Vi-me na necessidade de entrar na livraria pela porta das traseiras, sobretudo depois da mensagem de Jodie que me informava que existia uma fila de pessoas por todo o quarteirão, já à espera do momento em que as portas abrissem. Sentia-me mal por não existir espaço para mais gente como acontecera nos lançamentos dos meus últimos livros, mas não podia realmente fazer nada: ter sido escolhida para apresentar algo na Lumiére significava que tinha que me submeter a grande parte das suas regras.

- Liz, estás tão bonita. – fui sobressaltada pelo elogio por parte da minha editora. Quando a encontrei com o olhar, sorri-lhe e apressei-me para a abraçar. – O Edgard já está na sala, à espera que apareças para falarem dos últimos detalhes. – assenti, obrigando-me a respirar fundo. – Estás nervosa, não estás?

- Não. – respondi, alongando a sílaba propositadamente para ela perceber que eu estava a ser sarcástica. A minha amiga revirou os olhos, mas levou uma mão a um dos meus braços e apertou-o.

- Tu tens toda uma legião de fãs que te adora e que está prontíssima para devorar o teu livro. Todos estes nervosismos vêm de algo que tu superaste e que sabes que sim. O livro está escrito, os críticos adoram-no...eu não te disse isto, já agora...e o teu ídolo, Edgard Lumiére, adora-o mais do que toda a gente! O que é que te assusta?

Encolhi os ombros porque, de facto, não sabia.

- Estás a concretizar o teu maior sonho, Liz, e não sei de ninguém que o mereça mais que tu. – sorri-lhe, agradecida, embora não soubesse o que lhe responder. – Agora...vais entrar naquela sala, sentar-te, ser o humano lindo e maravilhoso que és, e vais deslumbrar toda a gente porque é isso que tu fazes. Está-te no sangue.

Caminhos Cruzados // harry stylesWhere stories live. Discover now