Corpo quente, sangue frio

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Corpo quente, sangue frio
Eram 3 da manhã e chovia lá fora, de dentro de casa consigo ouvir as gotas de chuva que se batem de encontro com o telhado, o clima frio e o dia cinzento que em breve irá surgir é algo que eu e a natureza temos em comum, uma beleza cativante, porém sombria.

O odor do cigarro não consegue sobrepujar o cheiro dela que estava aqui minutos atrás, na cama ainda há vestígios do seu calor, marcas do corpo com o qual eu pude ter momentos de prazer, exuberantes rastros de uma beleza fenomenal, algumas pessoas se perguntam como o fogo foi descoberto, a reposta é óbvia, foi quando o primeiro homem sentiu tesão pela primeira mulher, e então ele percebeu que melhor que usa pele de animais para se aquecer ou manter brasas para seus alimentos e segurança, era o corpo de um fêmea para manter-lhe quente. O calor das mãos conhecendo o corpo um do outro, a fricção na pele incinerando os hormônios do organismo, a sua boceta quente, macia e mais úmida que as cavernas nas quais costumavam se esconder e disso eles gostaram, de esconder seus membros na cavidade aconchegante de suas companheiras com eles gemendo de prazer. Graças ao “fogo” o homem reproduziu e multiplicou.

Ouço o som familiar do toque do meu telefone, é ela.

Leon: -Porque está ligando?

Stella: - Leon, eu... você... não faça isso. (em prantos).

Leon: - Já está feito, a noite foi boa, agora adeus.

Stella: - Leon não! Espere... você... você não é assim...

Leon: - Assim como? Você quer dizer um cara que viaja de cidade em cidade se deitando com a primeira vagabunda que lhe da um mole? Adivinhe só, sou exatamente assim. Eu disse pra não se apegar.

Stella: - Eu sinto muito, mas eu... eu gosto de você... não faça isso com a gente.

Leon: - Com a gente? Não tem a gente, não existe a gente. Eu fui claro com meus termos se não sabe lidar com o seu coração, não é problema meu. Se cuida.

Ela balbuciou alguma coisa antes que eu desligasse a chamada, não dei bola. Agora observo a chuva passar lentamente enquanto deleto o seu número da minha agenda, mais um coração partido por algo que eu tentei evitar e ainda assim, acabou da pior forma.

É meu bem, o homem primitivo só mantém o fogo perto dele enquanto este serve o seu propósito, eu compreendo bem, pois a vida fez com que esse entendimento fosse parte de mim, capaz de despertar as chamas que elas possuem na alma, no corpo e no coração, alguém mais filha da puta do que eu, sei que nunca existiu, um homem de corpo quente e sangue frio.

Uma mensagem chega ao meu celular:

Stella: - Eu só queria te sentir dentro de mim uma última vez...”

Franklin S. Monteiro

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⏰ Last updated: Mar 23, 2019 ⏰

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Escritos aleatórios de um quase bêbadoWhere stories live. Discover now