Capítulo 03 - Explicações

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Yara arregalou os olhos, levou uma das mãos à boca, enquanto com a outra procurava se ajeitar mais confortavelmente na cadeira.

Ela encarava boquiaberta o homem à sua frente. O efeito que Felipe conseguira para o holograma era sensacional. À medida que foi se formando, a luz de onde ele havia surgido esvaiu-se aos poucos. Agora parecia uma pessoa normal à sua frente.

Já vira muitos hologramas desde pequena, mas tinha que admitir: seu namorado era mesmo um jovem cientista muito competente. Um fodão mesmo, como ele se autodenominava.

Ela o encarou com deslumbramento, admiração e paixão. Felipe sorria de orelha a orelha, satisfeito com o resultado final alcançado. Fora dureza fazer aquela pesquisa, com tanto trabalho sendo concluído em tão pouco tempo. Precisara usar a mais moderna tecnologia sobre hologramas disponível.

Mas também foi a oportunidade dele testar algumas ideias inovadoras que tinha, e que ainda não havia apresentado perante o Congresso da Ciência e Pesquisa. Precisava testá-las muito antes de mostrá-las em público. E esta era uma oportunidade sensacional para ver se suas ideias poderiam ou não ser usadas no futuro.

— Eu nem sei o que vou fazer com você depois que isso acabar. Não consigo pensar agora em tudo que pretendo, mas fique certo de que a recompensa será longa, cansativa e prazerosa — disse, fazendo cara de desejo quase incontido, olhos cerrados, lábios entreabertos.

— Pois saiba que vou esperar ansioso por esse momento — ele disse sorrindo e mostrando a língua ao final.

— Hum-hum...

Os dois se viraram constrangidos ao ouvir o insistente pigarro próximo a eles.

O homem do holograma estava sorrindo, maroto, como se tivesse feito alguma traquinagem.

— Eu estou aqui, crianças. Sou meio antiquado, não posso ficar ouvindo certas coisas — disse tentando fazer cara séria, mas acabou abrindo um novo sorriso, com dentes brancos perfeitos. — Achei que você teria tantas coisas a me perguntar, Yara, mas será que me enganei?

— Não... Não se enganou... Tenho mesmo — virou-se para Felipe como se não estivesse entendendo mais nada. — Como ele está interagindo conosco? Todos os hologramas que vi até hoje só transmitiam o que estava gravado no programa deles. Como pode?

— Yara, lembra-se de que estou trabalhando num projeto secreto já faz algum tempo? E que nem você deixei entrar no laboratório em muitas oportunidades? Pois é, trabalho num projeto de inteligência artificial ultrassofisticado. Uma nova tecnologia que, se der certo, poderá ser usada em combinação com a tecnologia dos hologramas, e assim fazer com que eles tenham, em certo grau, pensamentos próprios.

— Mas como você conseguiu? Ou melhor, até onde o holograma poderá ir? — perguntou surpresa e já angustiada. — E como ele sabia meu nome?

— Acho melhor você contar-lhe logo, pois me parece que ela pode surtar a qualquer momento — disse o estranho, sempre sorrindo.

— Surtar, porra nenhuma, vovô, bisavô, tataravô... ou sei lá o quê... — disse virando-se para ele e já se estressando, mas ao esbarrar em seu sorriso calmo e sereno, logo mudou o tom. — Desculpe-me, não quis ser rude, nem ofendê-lo.

O homem caminhou em sua direção, sempre sorrindo, deu um beijo terno na testa de Yara, que o olhava espantada, e depois foi sentar-se na beirada da cama dela, acomodando-se o melhor que pôde e ficou olhando para os dois.

— Vamos, Felipe, conte-lhe mais detalhes ou ela não vai tirar esse espanto do rosto e nem começar a ouvir minha história, que eu pensava ser o que ela mais quisesse ouvir — falou, sem parar de sorrir.

Amor Infinito  (Degustação: 21 capítulos)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora