Livrai-nos de Todo o Mal

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- Fico realmente surpresa desta sua atitude. - Disse Aurora se aproximando lentamente de mim. Eu não me movi. - Se importa tanto assim com a humanidade a ponto de morrer por ela?

- Falou o demônio que se arrependeu de seus crimes e busca por perdão usando a abençoada de Deus como pretexto. - Era uma teoria, mas ao ver que ela havia ficado séria notei que era verdade.

Aurora buscava paz...

- Sabe Aurora... Certa vez eu estava assistindo a um filme onde contava a história da segunda guerra mundial... Um homem tinha que apertar um botão e matar mais de 1000 judeus carbonizados... - Olhei para ela com as lágrimas expondo o meu rosto. - Eu não quero apertar o botão...

Aurora respirou fundo e olhou dentro dos meus olhos ao dizer sua palavra final.

- Que Deus tenha piedade de sua alma. - Respondeu e eu já sabia o que estava por acontecer.

  Ela sabia como eu poderia fechar os portões e iria me ajudar...

  Porém... No exato momento em que Aurora pegou a adaga de Laura da minha mão. Alguém apareceu empurrando a bruxa para a longe de mim e perfurando seu abdômen com a adaga fazendo-a gritar.

Infelizmente, não era o Blake.

Era Mamom, um dos sete líderes do inferno.

***

  Quando me referi ao filme para Aurora quis dizer ao quanto tinha medo de me tornar igual ao meu pai.

  Não que ele fosse nazista. Mas ele era um assassino. E mesmo que fosse por acidente, eu já matei antes.

  Já apertei o botão duas vezes.

  Uma com meus pais adotivos e outra na tumba contras as bruxas. Estava prestes a apertar de novo aquele botão. Mas desta vez não seria por acidente. Não iria mais fraquejar e por mais que fossem demônios eu ainda iria matar.

  Aurora entendeu o meu lado e sabia que eu não queria fazer isso, mas que era necessário. Quando a vi sendo atingida daquela forma entrei em pânico. Ela era uma renegada do inferno, já sabia disso, mas... Se Aurora não consegue lutar contra Mamom... quem seria eu pra conseguir?

- E então Deus disse: Que haja luz... E da escuridão a luz surgiu. - Disse Mamom sorrindo para mim. - Aonde ele está para te proteger agora Havillard? - Perguntou tentando me provocar e uma risada desengonçada e macabra surgiu daquela biblioteca.

- Deus possui formas estranhas de proteger seus filhos Mamom. - Disse outra criatura e aquele em particular eu já conhecia.

- Macer... - Sussurrou Aurora.

 Então aquela era a verdadeira forma dele?

  Uma criatura torta com as orelhas pontudas e pele acizentada que se contorcia ao se mover...

- Você não pode me vencer.

- Eu sei. - Respondeu Macer alegando sua derrota.

- Mas a garota é a filha do Belzebu. Isso basta pra mim. - Respondeu se atracando com Mamom enquanto que Aurora ainda ensaguentada segurava meu braço e recitava alguma magia negra que fez tudo ficar branco de repente.

  Ela havia me transportado para outro lugar.

***

- Não temos tempo! - Disse Aurora fraca com a mão sobre o ferimento grave se sentando na beirada da cama. Estávamos no quarto do diretor. - Não posso te proteger nesse estado. É agora ou nunca Rebecca. - Disse ela sem reparar na presença de um terceiro assistindo a cena de pernas cruzadas e um sorriso malicioso no rosto.

  Aurora travou no exato momento.

- Tenho de admitir Rebecca. Seu cheiro é realmente tentador. - Disse a voz sensual e preguiçosa de uma vampira usando um traje de couro decotado e muito sexy.

- Lilith... - Sussurrei já reconhecendo que aquele tom de voz estava mais pesado do que o de Rachel.

- Desculpe lindinha. Mas ninguém vai fechar portão nenhum.

 Que droga... Isso só podia ser brincadeira.

***

  A quadra da escola estava uma bagunça.

  Muitos dos alunos fugiram, mas muitos foram atingidos. Alguns mortos outros sofrendo com a dor.

  Haviam aqueles que tentavam ajudar uns aos outros, mas agora, ela estava basicamente vazia. O centro das atenções estava dentro da escola.

  Porém o diretor agora banhado em sangue que não era dele, passeava lentamente pela quadra com a raiva exposta e sem acreditar no que estava de fato acontecendo.

- Você sempre foi um pouco dramático quando o assunto era uma bela entrada. - Disse o diretor se virando as colocando as mãos no bolso com aquela feição séria e diabólica que só ele tinha.

- O rei do drama. Como você mesmo dizia. - Respondeu um homem com vestes pretas e sorridente também com as mãos no bolso. - Se lembra do dia em que você decidiu me seguir na rebelião Bel? - Disse Lúcifer sorrindo. - Você não queria ir por causa de Ariel. Mas largou tudo isso porque pra você eu era um irmão. Veja só você agora Bel. Me traiu para o que? Virar um diretor de um colégio de adolescentes? Se rebelou contra mim para o que afinal? Deus não irá devolver suas asas de anjo meu caro.

- Eu sei. Não traí você porque acreditei que o criador fosse nos perdoar Lúcifer. Traí porque acreditei que fosse perdoar a mim mesmo.

- Si perdoar por ter me seguido?

- Me perdoar por ser um assassino e achar que merecia uma vida melhor. Quando Rebecca nasceu, jurei para Ariel que jamais tiraria uma vida novamente. E consegui cumprir minha promessa até o momento em que Rebecca chegou nesta escola. Voltei a prometer pra mim mesmo que não decepcionaria minha filha esbanjando mais sangue... E cá estou eu... Coberto por ele novamente.

  Lúcifer encarou Belzebu por um momento e respirou fundo.

- Eu não quero lutar contra você meu irmão. - Disse em legendas e o diretor sorriu e retorno.

- Eu também não Lúcifer.

- Então volte para o meu lado e lute!

 Belzebu se aproximou cada vez mais de Heilel retirando o sorriso do rosto.

- Sequestrou uma aluna minha para que sua esposa vivesse, destruiu minha escola, infestou ela de demônios e agora ameaça matar minha filha. - Ele parou. - Você deixou de ser considerado meu irmão há anos atrás Heilel. Agora você é o inimigo.

- Considerarei isso um "pensarei com carinho antes de ser derrotado". - Respondeu avançando na direção do diretor Queen que fortaleceu sua base de luta transformando-se em um demônio completo.








Renegados do Inferno - Destinada - vol 3 (Concluído)Where stories live. Discover now