02 - Valentina

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Depois de sair do Constatini's comecei a me perguntar se fiz o certo ao contar para Valentin sobre meu plano. Ele é o único capaz de me ajudar, mas acho que dessa vez fui longe. Como todo garoto de dezessete anos, ele acha que é estupidez essa história de alma gêmea. Quando fiz quinze anos e comecei a namorar Ashton Greene ele disse que eu estava me iludindo se achava que o relacionamento ia durar. Nós tivemos uma discussão feia que resultou em um nariz quebrado (dele) e castigo de dois meses por quebrar um nariz (meu). Ele estava certo, o namoro acabou uns cinco meses depois. O mesmo aconteceu com meus outros namorados. Cada um deles parecia ser o certo até fazer algo para me magoar ou irritar. E em todas as vezes Valentin acertou ao dizer que não iria durar. Nunca entendi a mania dele de só ver o lado negativo das coisas, mas em alguns momentos é exatamente isso que me faz manter os pés no chão e minha mente focada na realidade. Valentin sempre foi meu elo com a sanidade. Sem ele eu já teria sido presa ou teria sido expulsa da escola, no mínimo. Aparentemente não é todo mundo que vê a graça em soltar uma galinha dentro do vestuário feminino. Sem ele eu teria me iludido mais vezes do que poderia contar. Sem ele eu seria... Metade de quem sou. Por isso eu sei que ele vai me ajudar e desta vez, quando eu encontrar meu par para a festa de Sally Hastings, será para valer. Porque eu confio muito mais no julgamento de V. do que no meu próprio. E se há alguém capaz de encontrar um amor para mim, essa pessoa é Valentin Constantini, o garoto que me empurrou do balanço no dia em que nos conhecemos e logo depois me pediu desculpas e me fez sua melhor amiga.

Uma batida na janela do carro me faz esquecer meu plano. Em um sobressalto viro o rosto e encontro os familiares olhos azuis de minha irmã maiores do que o normal. Ela gesticula e volta a se encolher, em seguida corre pela frente do carro e se senta no banco do carona.

— Está congelando lá fora! — Liza vira as saídas de ar para si e esfrega as mãos. Analiso sua pouca roupa e acabo por soltar uma risada. Claro que ela sentiria frio vestindo somente uma camisa de malha justa com manga três quartos no meio de um dos invernos mais rigorosos que já enfrentamos! Assim que fiz a manobra e voltei a dirigir minha irmã se virou na cadeira e me encarou alegremente. — Você não vai acreditar!

— O que? — Uma coisa que me irrita profundamente nela: a cada cinco frases, quatro são ditas como uma exclamação.

— Sally Hastings dará uma festa daqui a duas semanas!

— Eu já estou sabendo.

— Essa não é a melhor parte... Carter me convidou para ser seu par! — E com isso ela solta um gritinho de adolescente      que acaba me fazendo sorrir ao invés de me irritar.

— Carter? Aquele garoto que aos doze anos era magrelo e esquisito?

— Ele mudou. Agora ele não tem nada de esquisito. E é tão forte!

— Acho que a puberdade fez bem para ele. — Ofendida, minha irmã me empurra bem de leve, mas ri.

Carter é o típico capitão do time de futebol e ídolo/objeto de desejo das calouras da escola. Assim como minha irmã é a chefe das líderes de torcida e mente perversa que domina todos os grupinhos da escola (abaixo dos dezesseis anos). Claro que faria sentido que os dois finalmente estivessem juntos. Diferente de mim, minha irmã gosta de se aproveitar de sua posição social e beleza de uma forma que a maior parte das pessoas considera errada. Verdade seja dita, Liza é má e fútil na maior parte do tempo.

— E você?

— O que tem eu? — Finjo estar concentrada na direção do carro quando, na verdade, estou gritando por dentro pelo fato de minha irmã de quinze anos ter um par e eu não.

— Quem vai ter acompanhar?

— Ainda não decidi.

— Foi o que eu disse! Hoje cedo umas garotas vieram me perguntar quem seria seu par, mas como eu sei que você tem sempre vários garotos nas mãos, eu sabia que você ainda não tinha decidido! Eu seria a primeira a saber. Você promete que vai me contar antes de revelar para o resto do pessoal?

— Claro.

Minha irmã bate palmas e liga o aparelho de som do carro, encerrando a conversa. Passo os próximos dez minutos escutando Hollaback Girl com a certeza de que eu seria capaz de enforcar alguém se tiver que escutar a música de novo nos próximos mil anos. Nada contra Gwen Stefani, porém Liza canta tão mal que acabou destruindo qualquer respeito que eu possuía pela música. Quando estaciono o carro e minha irmã pula para fora eu me sinto no paraíso do silêncio, onde nenhuma irmã mais nova pode entrar. Ainda sentada no banco do motorista, observo Liza correr para dentro de casa com os braços apertados contra o corpo.

Neste momento meu celular toca e ao ver o nome de Valentin brilhar na tela um sorriso surge em meus lábios. Eu sabia que ele iria me ajudar.

— Quando será o primeiro encontro? — Vou direto ao ponto e escuto uma risada do outro lado da linha.

— Você está me devendo. E muito. Andar por aí com uma lista em meu bolso está me fazendo parecer uma garota indefesa.

— Corta essa Constantini. — Faço questão de dizer seu sobrenome, pois Valentin sabe que toda vez que estou falando sério eu o chamo por seu último nome. — O que você conseguiu?

— Que tal você me encontrar hoje à noite e eu te falo tudo sobre seu encontro de amanhã? Se disser não, você vai precisar adivinhar...

— Eu não posso hoje. Meus pais vão receber alguns amigos e eu preciso participar do jantar.

— Assumindo os negócios da família? — Ele diz de modo zombeteiro, me fazendo revirar meus olhos. Um dia eu sugeri que ele podia fazer parte da máfia italiana por causa de suas origens e ele rebateu dizendo que os mafiosos russos são os mais temidos e conhecidos.

— Sabe, eu poderia contratar alguém para arrancar essa sua língua grande se você continuar falando essas besteiras. O que você quer?

— Agora estamos falando a mesma língua. — Ele faz uma pequena pausa para gerar suspense. — Você me ajuda com a Suzie e eu te conto quando e onde você deve ir amanhã.

— Pensei que você não quisesse nada sério com ela. — Não sei por que, mas minha voz acaba saindo mais dura que o normal. Algo em Suzie me tira do sério, e não é o cabelo alisado dela nem o nariz falso...

— Não quero. Você tem me dizer o que eu faço para que ela não tenha a ideia errada. É só diversão.

— Você devia dizer isso para ela. — Torcendo para que essa resposta seja suficiente, arrisco a perguntar mais uma vez. — E quem eu devo encontrar amanhã?

— Ansel Moose. O candidato número um.

— Você é incrível, eu já disse isso?

— Hoje não. — Soando bem convencido, Valentin ri uma última vez e se despede com a promessa de que amanhã durante nosso intervalo ele ma dará o restante das informações.


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Parece que a Val conseguiu o primeiro encontro, o que será que vem por aí?


Parece que a Val conseguiu o primeiro encontro, o que será que vem por aí?

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O romance épico de Valentin & ValentinaWhere stories live. Discover now