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A casa estava em um verdadeiro rebuliço pela manhã, as moças mais jovens se preparavam para a escola e as mais velhas para o trabalho, William Collins abordando o significado de seus versículos favoritos, o Sr. Bennet com seu jornal e a Sra. Bennet pondo os mexericos em dia. Por cima de tanto barulho e corre-corre, ainda era um momento de diálogo da família Bennet.

- Charles foi tão amável que também convidou os velhotes da cidade. Nós também merecemos um pouco de diversão, não acha Sr. Bennet? - a mulher estava eufórica sobre o baile. Louca para ver mais de perto as futuras instalações da filha.

- Se tiver comida por mim está de bom tamanho.

O velho nem ligava para nada daquilo. Não tinha as mesmas expectativas da mulher, e em suma já estava cansado daquelas conversas sobre casamento, riqueza, amor, riqueza, Charles, riqueza.

- Anime-se papai. Aproveita pra relembrar os bons tempos com a mamãe. - Lydia sorriu de boca cheia.

- Que bons tempos o quê menina. Não somos tão velhos assim, nossos bons tempos foram nos anos setenta. - ele riu embora falasse com um tom ranzinza.

- Eu hein. Os dinossauros eram daquele jeito dos filmes mesmo?

- Você também vai envelhecer Kitty, cuide ao menos para ter uma velhice tranquila.

- Leonard só precisa de um pouco de vinho e logo estará dançando Elvis comigo. - o marido fez uma careta, mas se manteve calado. Hildegard não se deixava abalar por absolutamente nada.

Estava tão radiante com o futuro promissor de Jane, que ultimamente seu passatempo favorito era ver enxoval de casamento, dos mais caros é lógico. Promoters de festas de famosos, buffet, notas em jornais e na internet sobre a união maravilhosa com Bingley.

- Você gosta de dançar, Lizzie? - William Collins tirou Lizzie da concentração em seu café da manhã. 

Ela não se espantou com a pergunta porque ele costumava falar coisas aleatórias o tempo inteiro.

- Sim. Apesar de achar que não levo muito jeito. - ela sorriu, debochando de si mesma. 

- Sou muito elogiado por dançar bem. Posso te ensinar alguma coisa na festa. - ele sugeriu, tentando ler alguma coisa nas feições da prima.

Ela queria dizer que dispensava essa, mas não poderia ser tão grossa com ele. Afinal, dançar não era nada demais, apesar de ela crer que William não era um bom dançarino. Elizabeth poderia ter estranhado seu súbito interesse em dançar com ela, não fosse o primo ser um puxa saco mascarado, pois no fundo Lizzie tinha convicção de que William adorava se gabar. 

- Pode ser. - Lizzie deu um meio sorriso, pra quem a conhecia, aquilo era sinal de que ela não gostava muito da idéia. 

Porém William não estava a par disso e muito longe de conhecer a prima, levou essa resposta como uma esperança para suas verdadeiras intenções. O café continuou como de sempre, todos levantaram rápido da mesa, somente Lizzie acabou ficando por último dando a oportunidade para sua mãe se aproximar. 

- Collins pode ser uma ótima companhia, não acha? - Sra. Bennet falou enquanto recolhia alguma louça, fingindo que não dava importância para o assunto. 

- Tá falando comigo mãe? - Lizzie olhou para os lados se certificando que estavam somente as duas.

- Mas é claro minha querida. Vocês ficam bem juntos. - a mulher continuou usando o tom de quem não dizia grande coisa. 

E nesse momento Lizzie engasgou com o pedaço de pão que mastigava. A bile queimou sua garganta e enfim sua ficha caiu. Com dificuldade para mastigar e engolir, levantou de boca cheia mesmo.

ORGULHO E PRECONCEITO - SÉC. XXIWhere stories live. Discover now