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Elizabeth e Jane se encontravam a cerca de uma semana em Meryton. Precisavam retornar para o trabalho, já estavam se sentindo abusivas com a consideração dos tios. Decidiram que ficariam mais dois dias com a mãe, ela não estava nada bem. Todos muito apreensivos e em busca de qualquer notícia sobre o casal da vez. Elizabeth olhava com frequência o perfil de Darcy. Queria ligar, mas não tinha coragem. Queria mandar mensagem mas achava que ele merecia mais do que isso. Agora ela se dava conta de que o que mais lhe irritou no último dia em que se viram, não foi o fato de ter tido que esconder sobre o que sabia da personalidade de Wickham, mas sim expor aquela vergonha para Darcy. Ela já sabia sobre seus sentimentos em relação aos Bennet's. Ela mesma tinha vergonha de algumas atitudes de sua família. Não queria que ele tivesse participado de mais esse desastre para o Hall da Vergonha Alheia Bennet. Mas ali estava ele, disposto a ouvir e sem julgar. Relembrar isso, fez com que Lizzie sentisse um remorso horrível. Doía seu peito com a aceleração frenética do seu coração.
Quando voltasse para Londres, iria procurá-lo e muito provavelmente levaria um chute da bunda, mas precisava se desculpar. A antecipação da rejeição fez escorrer duas ou três lágrimas de seus olhos. Precisava se concentrar em sua irmã. 
O telefone de seu pai começou a tocar, insistentemente.

- Papai. O telefone está tocando. - Lizzie chamou, sem retorno.

Ela levantou um pouco do sofá onde estava deitada, ouvindo passos leves no silêncio absoluto daquela casa.

- Papai foi até o lago. Quem está ligando? - Jane trazia uma bandeja com chá e biscoitos provavelmente para a mãe convalescente.

- Tio Edward.

Lizzie mordeu o lábio. O nervosismo se apoderou das irmãs.

- Serão notícias de Lydia? - Jane era um agudo inaudível.

- Pode ser. - Lizzie cresceu os olhos para o aparelho.

Estava com medo. Encontrar Lydia era tão desafiador quanto não encontrar.

- Atenda Lizzie. - Jane ainda quase não tinha voz..

Não precisava de mais incentivo para isso.

- Tio? É a Lizzie. - disse sem fôlego.

- Olá querida. Onde está Leonard?

- Ele saiu e não levou o celular. Quer deixar recado?

- Escute. - pausou por alguns segundos  - Eu encontrei Wickham e Lydia.

- Meu Deus, eles estão bem?

- Sim. Sim. Não se preocupe. Mas temos muito no que pensar. Sua irmã está apaixonada pelo rapaz e não quer largá-lo, não vi relutância da parte dele mas tão pouco notei algum sentimento forte também.

- Mas... Tio, ela não pode ficar com ele.

- Ela não pode, mas quer. Ela é insistente... Conversei com ele e bem. Ele diz que pode assumir sua irmã.

Nesse momento, Leonard retornou de sua caminhada. Ele estava tenso de ficar trancado naquela casa, ouvindo as lamentações da esposa e pensando que Lydia deveria estar curtindo a vida e rindo, enquanto eles se preocupavam.

- Papai, é o tio Edward. Encontrou os dois. - Lizzie anunciou.

- Ponha no viva voz.

Leonard sentou sentindo o peso da idade e das moléstias. Não só as doenças, mas em como sua vida estava tomando um rumo que nunca imaginou. Não sabia se era bom ou ruim, mas estava feliz ao ver que ao menos Jane e Lizzie pareciam ter algum juízo.

- Pois me conte meu cunhado. Diga que ela está bem, feliz e que não quer voltar pra casa.

Já conhecia a filha o suficiente para saber que se ela estivesse bem, isso também queria dizer que voltar para casa não era uma opção. Lydia não tinha muita inteligência e era levada por devaneios que o Sr Bennet julgava grande parte de culpa de sua digníssima esposa.

ORGULHO E PRECONCEITO - SÉC. XXIWhere stories live. Discover now