ORGULHO E PRECONCEITO - SÉC. XXI

8

As horas passaram muito rápido enquanto Lizzie não conseguia pregar os olhos. Ainda sentia o formigamento nos lábios devido ao beijo com Darcy. Não conseguia entender como eles chegaram aquele ponto, ela realmente não gostava dele, o achava soberbo e preconceituoso, não era o tipo de homem que a cativaria, ao qual se inclinaria a ter algum relacionamento. Até já havia ficado com alguns homens, mas nada sério. Darcy poderia muito bem ser um deles, se não fosse o fato de isso nunca ter lhe passado pela cabeça, pelo contrário, tinha uma espécie de aversão a ele desde que ele a desdenhara na festa da cidade. Ela notou que ele estava mais aprazível por esses dias, e sendo ele uma pessoa educada para com ela, receberia o mesmo tratamento. Mas ainda se perguntava, como chegaram aquele ponto?
Bem, não iria esperar mais. Lizzie foi até a janela, vendo o sol lá longe no horizonte começar a tingir o céu. Não havia conseguido sequer um cochilo. Olhou para Jane que estava em um sono profundo, gostaria de esperar a irmã, mas não queria encarar ninguém pela manhã.
Ela arrumou suas coisas, e deixou uma mensagem de texto para Jane.

"Me desculpe por não esperar por você, mas precisava ir para casa. Você sabe que eu amo caminhar então não se preocupe.
Espero que você e Charles se acertem.
Amor.
Lizzie."

Ela desceu as escadas, sentindo o frio da madrugada lhe fazer bater o queixo. Então pegou o sobretudo que estava pendurado na cadeira da sala, tão logo o mandava devolver por Jane. Reparou que a casa não estava bagunçada, porém, já não podia dizer o mesmo da área externa. Restavam copos e restos de comida pelo chão. Alguém dormia na sala-discoteca e a piscina estava um caos.
Assim que Lizzie passou pelos portões, agarrou com força o sobretudo e enfiou a cara dentro dele para evitar o vento gélido. Mas qual sua surpresa quando exalou aquele cheiro familiar. Era dele. O cheiro de Fitzwilliam impregnava o tecido e agora suas narinas. O destino não poderia ser mais traiçoeiro, pois agora ele pensaria em muitas alternativas equivocadas quando ela lhe devolvesse a peça.
Maldito dia. Deveria ter ficado em casa, de cara para o teto, fazendo nada.
Os primeiros raios da manhã lhe bateram no rosto e ela suspirou a brisa fria com o toque morno de sol. Se Darcy não fosse insuportável e arrogante ela bem que poderia ter gostado do momento que tiveram, bem, ela não podia dizer que não foi bom. Tinha que admitir que o homem sabia o que fazer com as mãos e a boca, mas isso não apaziguou o coração de Lizzie. Não deveria ter acontecido, mas já que aconteceu e ambos não estavam em seu estado normal, ela passaria uma borracha em seu deslize e daquele minuto em diante, seria como se nada tivesse acontecido.

🌸🌸💛🌸🌸

Jane acordou pela manhã com um pulo. Raios fracos de sol entravam pelas frestas da cortina e ela logo se recordou da noite anterior. Desconfortável, procurou pela irmã, mas nem sinal dela. O sofá cama estava arrumado, os lençóis dobrados e intocados. A mochila de Lizzie não estava ali, então ela resolveu ligar para a irmã mas viu uma mensagem de Lizzie, que dizia que ela precisava ir.
Ficou aliviada, ao mesmo tempo em que sentia o coração saltar. Esperava que Charles estivesse dormindo e assim poderia escapulir também. Por que Lizzie não a acordou para ir com ela? De acordo com a mensagem, a irmã tinha esperanças de que Jane e Bingley se entendessem. Por que Lizzie fugiu? Bem, essa era uma história que somente Lizzie poderia contar.
Sem mais delongas, ela arrumou suas coisas, fez sua higiene e desceu nervosa, pronta para partir. Mas qual sua surpresa quando encontrou todos reunidos na sala, tomando café da manhã. Seus olhos cresceram um pouco, ela abriu a boca para falar mas não conseguiu dizer palavra alguma.

- Bom dia Jane. Pensei em lhe acordar para o café, mas achei melhor deixá-la descansar. - Carol disse, mordendo um croissant com delicadeza.

Alguns pares de olhos se movimentaram para ela, bastante curiosos. A notícia devia ter se espalhado. Ótimo.