Primeiras conversas

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4 De Abril, quarta-feira- Não abri os estores do meu quarto pensei seriamente em passar todo o dia em casa, porque lá fora chove e isso deprime-me.

Planos do dia: Estudar física, língua Espanhola e filosofia.

Final do dia: ver televisão na sala, ouvir musica no computador, ouvir a minha mãe a cantar (mal) e ir a biblioteca as seis horas.

O dia estava tão deprimente que não aguentei estar fechada, ainda que me custasse levantar-me, tomar banho e comer. Tinha de ver as minhas notificações e que mensagem recebi em quanto estive ausente daquele chat.

Cheguei a biblioteca e ainda tinha uma hora e meia para lá estar. Abri o chat de imediato e tinha alguns pedidos do meu endereço para conversar particularmente através do Messenger. Obviamente dei aos que pareciam interessantes, bonitos e que me tivessem dito a sua idade (sei perfeitamente que podiam mentir-me mas as foto ajudaram a aceitar).

Ao final apenas de o meu endereço a dois rapazes, um de 18 anos e outro de 21. O de 18 anos adotava o nickname de Manú, pelo que supus que se chama-se Manuel, mas não perguntei porque nem sequer tive a necessidade de chama-lo pelo nome durante toda a nossa conversa. O de 21 chamava-se Roberto e é um simpático intelectual que pratica surf e anda no terceiro ano da faculdade e tem conversas bem interessantes por acaso.

Numa conversa com Manú falamos de uma forma mais de engate. Descobri que el morava a quinze minutos de mim e não vou negar que fiquei bem empolgada. Não tenho amigos aqui, quem sabe não possamos vir a ser amigos e assim consiga arranjar mais através dele. Interessei-me e continuei a falar com ele na descontra.

- Nunca tinha estado com uma portuguesa, sempre me chamaram a atenção e gostaria de estar com alguma. – Disse-me depois que eu lhe revelasse a minha verdadeira nacionalidade para me desculpar dos possíveis erros ortográficos. – Fiquei interessado em ti assim que te vi. Tens uma beleza rara e magnífica.  

Não vou negar que ao sentir-me elogiada uma certa excitação apoderou-se de mim, mas foi um sentimento de dois segundos, porque logo dei-me conta de que era alguém que nunca me tinha visto e vindo de um chat diretamente com uma conversa daquelas não era de se fiar nem de deixar que qualquer tipo de sentimento se envolvesse naquela conversa.

- Tens a certeza que é o facto de eu ser portuguesa que te chamei a atenção? Sei perfeitamente que o meu tom de pele chama bem mais!

Tenho a certeza que é o meu tom de pele, é o primeiro rapaz que se baza na minha nacionalidade para fazer-se a mim.

- Poderíamos sair esta noite! Queres?

Não pode ser amigo, temos uma conversa de meia hora no máximo, nunca te vi pessoalmente e sair a noite é sem dúvida a ultima coisa que quero agora. (Para além de não poder).

- Não posso, não tenho como ir.

- Eu tenho carro!

-Mas também tenho algumas coisas que fazer…- desculpei-me

- Não me digas que é sair com outro rapaz?

Não sei porque é que me dei ao trabalho de lhe explicar que não conhecia ninguém e que ninguém me convida para sair desde que vim de Portugal. Devia ter-lhe mandado a merda, mas quero conhecer alguém antes de me ir daqui, por isso inventei uma desculpa.

- Tenho de tomar conta do meu irmão pequeno porque a minha mãe vai trabalhar a noite.

- Há esta bem, então combinamos para outro dia.

- Esta combinado. – Respondi por fim, contente por não me ter bloqueado assim que lhe neguei com desculpas a saída naquela mesma noite.

Por outro lado o Roberto fazia-me perguntas sobre a minha vida, os meus gostos. Perguntas que nos podiam levar a conhecer um ao outro e que nos levariam a uma amizade, mas vive a duzentos quilómetros de mim. Porquê? Enfim continuo a falar com ele, podemos ser amigos de qualquer maneira.  E estou a gostar de poder partilhar a minha filosofia de vida com ele, as minhas crenças sobre a vida social e religiosa. Através dele aprendi o que é seguir uma religião agnosia que é em poucas palavras ser anti metafisico. Interessante, nunca ninguém me tinha dito que é anti metafisico que não é de modo algum ser ateu. Eu não sou ateia, não sou anti metafisica. Eu no fundo acredito seriamente em Deus, não acredito é nas distintas religiões porque ao fim e ao cabo, segundo os meus pensamentos, cada uma acaba por ensinar o que melhor lhes parece de modo a atrair as pessoas a sua religião. Já visitei muitas igrejas e analisei por isso o digo. Creio que a religião é fazer o correto seguindo o que diz o livro sagrado não o que distintas instituições religiosas dizem e ensinam porque o homem tem a capacidade de persuadir e até destorcer.

Bem, por hoje já chega de conversa. A biblioteca vai fechar, tenho de ir andando.

Durante o curto caminho que percorria até casa, fui pensando no tal rapaz que mora a quinze minutos de mim. Não era má ideia sair naquela noite, sinceramente o pedido não veio nada mal. Mas não se deve confiar em desconhecidos, o que ele ainda era apesar da curta conversa e apresentação que tivemos. Sem dúvida nenhuma fiz bem em recusar e inventar uma desculpa se não quero que se vaia sem ter oportunidade de o conhecer. O que tenho de fazer é simplesmente dar mais algumas desculpas e tentar conhecê-lo.

Chego a casa e vou estudar um bocado física no meu quarto enquanto penso em como poderia encontrar-me com ele se de repente me desse na cabeça aceitar?

Sou, como se costuma dizer uma rapariga de família, tenho de avisar para onde vou e com quem, ainda que para isso tenha de inventar, mas o pior é que aqui nem tenho como inventar. Sair com uma amiga? Impossível porque não tenho. Dar uma volta? A onde se vivo num Pueblo e para chegar a algum sitio onde possa haver algo interessante, como cinema ou algo do género é preciso dinheiro e companhia, sim porque jamais a minha mãe viria com bons olhos que eu saísse de autocarro em rumo desconhecido, porque não conheço muito dos locais onde possivelmente poderia ir ara passar um bom tempo. Hum, já sei! E que tal se eu dissesse que um rapaz convidou-me para sair? Errado, porque deixei em Portugal um rapaz ao qual devo amar e respeitar até que a vida de novo nos junte.

Opá, que merda ser menor de idade e viver na casa dos pais e se calhar até, que merda quando os pais se preocupam!

P.S: Hoje não há Breve continuação porque tenho sono!

Navegando e AfogandoWhere stories live. Discover now