Uma carta para Pat Peoples

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A/C: Matthew Quick, em O Lado Bom da Vida

Olá Pat, me diz uma coisa... Como você consegue malhar o dia todo e sair para correr depois? Isso não dói não? hehe

Sabe, no início eu não te entendia muito bem. Te achava muito estranho, compulsivo e meio bitolado nas suas perspectivas. Precisei de um tempinho refletindo e de afastamento, observando outras coisas para começar a perceber do que se tratava tudo o que você dizia.

Nunca estive em um lugar ruim, mas só pelo modo como você o chamava dá para perceber que era realmente ruim. As coisas ficam ainda piores quando só temos pessimistas em volta de nós, cara, como é ruim uma pessoa que sempre destrói teus planos, fala mal do que você gosta e diz que tudo que você quer não vai dar certo. Conheço Murph e suas leis, já sou pessimista o suficiente por mim mesma, não preciso de uma dose do pessimismo de outra pessoa.

Acho que você já percebeu que apesar de muitos filmes serem baseados em fatos reais, nossas vidas não são como nos filmes. Às vezes a gente quer que passem os dias apenas em uma mudança de cena ou no virar de uma página de um livro, mas já parou para pensar nas pequenas coisas que perderíamos se fosse assim? Se nossas vidas fossem um filme, ele já teria um roteiro pré-definido, nós caminharíamos apenas em direção ao grande final dele, mas e depois? Depois do viveram felizes para sempre? O ápice levaria ao fim do filme de nossas vidas? Ao fim de nossas vidas? Não é muito melhor saber que ainda podemos escrever muitas páginas novas, conhecer muitas pessoas e lugares incríveis? Isso que chamamos de vida é na verdade a nossa caminhada, nosso destino é a eternidade.

Levou um tempo para eu perceber que esse seu jeito de ver sempre o lado bom das coisas não é nada bobo, ao contrário é lindo! Pensar sempre no brilho do sol atrás das nuvens cinza. Ultimamente andei fascinada pelo céu e pelas nuvens, e apesar de sempre fazer sol – e muito calor – por aqui nessa época do ano, o verão traz algumas chuvas que fazem o céu ficar cinza, em alguns dos poucos dias nublados, pude enxergar o brilho prateado do sol por trás das nuvens, me lembrando de uma frase que li algum tempo atrás: “Se faz sentir, faz sentido”. Acho que foi assim que te entendi.

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