Uma Carta para Dexter Mayhew

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A/C: David Nicholls, em Um Dia

Olá Dexter, como você pôde ser tão idiota por tantos anos? Ah, me desculpe, não é educado falar assim com alguém, apesar de você saber que é verdade. Tanto tempo perdido, e eu fico aqui pensando será que se no início você tivesse percebido que ela, sim Emma, era tudo o que você precisava, o final da história seria diferente? Você fez dela gato e sapato, né? Mas ainda bem que percebeu a tempo de se redimir e fazê-la feliz, pelo menos por um tempo.

A história de vocês me fez parar para pensar em como eu conto os meus dias, me fez perceber que eu sempre marquei datas e contei quantas vezes eu passava por certos dias. Do meu aniversário já foram 21 vezes, o que também significa que já passei pelo menos 21 vezes pelo dia em que meus dias se findarão. Gosto de contar os dias, gosto de contar os meses, sempre marco os anos, sem perceber que a cada dia que vivo é um dia a menos no fim.

A conta sempre tem resultado certo, só temos o hoje. Quantos dias a mais você teria com ela se tivesse percebido antes o que sempre esteve estampado na cara de vocês dois? Quanto tempo eu perco sem enxergar coisas que são mais claras do que água? Quantos dias se passam enquanto esperamos que um dia especial chegue, sem perceber que podemos fazer um hoje melhor, e que o resultado dos dias futuros depende do que fazemos com o dia de hoje?

Um dia, uma hora, um segundo, pode ser suficiente para mudar nossas vidas. Aquele minuto atrasado que te fez pegar uns três sinais vermelhos e ver um acidente logo ali na frente. O copo de refrigerante que você derramou na roupa e precisou voltar para se trocar novamente e te atrasou o suficiente para conhecer alguém diferente no caminho. Aquela rua interditada que te fez virar em outra esquina e te levou para o lugar certo, na hora certa.

Não existem coincidências, aproveite cada oportunidade, ela pode ser sua chance. 

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