CAPÍTULO DEZ

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Logo depois do almoço consegui dar uma escapada e ir para meu quarto. Decidi que já era hora de entrar em contato com a minha família.

Peguei meu celular e disquei o número já memorizado. Chamou uma. Duas. Três. Quatro vezes, antes de o fone ser tirado da base e eu ouvir a respiração fraca do outro lado da linha.

- Alô? - sua voz estava baixa, sonolenta, como se eu a tivesse acordado.

- Oi mamãe. - um breve silêncio se faz presente.

- Chloe, meu bem! - sua voz se fez aguda.

- Me desculpe por não ter ligado mais cedo, é que as coisas ficaram meio... loucas por aqui.

- Está tudo bem, filha. Holly nos disse que você estava bem. - confidenciou-me. - Como está indo o Colégio?

- Está tudo indo relativamente bem, mãe.

- Está com dificuldade em alguma coisa? Os outros alunos estão sendo legais com você, Chloe? - suspirei.

- Mãe, por que não me contou?

- O que querida? - perguntou ela.

- A senhora sabe do que estou falando. - silêncio. - Todos esses anos, tudo que ouvi desde pequena, sempre foi verdade!

- Então você já sabe?! - Ela afirmou.

- Sim, mãe. Eu sou uma bruxa, né? Nós, somos!

- Sim, Chloe, você é uma bruxa! - disse ela. - Mas há muito tempo, a magia já não me pertence.

- Como pode esconder-me de mim mesma durante todo esse tempo? Esconder quem a senhora é? A nossa família! - minha voz tinha subido uma oitava de seu tom habitual.

- Querida, eu precisava manter você segura.

- Mentindo pra mim? Eu confiava em você, mãe!

- Chloe... - suplicou ela.

- Papai sabe?

- Sim, seu pai sabe. Ele é um dos motivos de eu ter de esconder você. - fez-se silêncio por um instante e eu retornei a falar.

- Por que, mãe? Por quê?

- Seu pai é um akastry, Chloe, e você já deve saber o que isso significa. - disse-me ela. Prendi minha respiração e prossegui.

- Eu os achei. Os pertences de Isobel. Eu os achei. - informei-a.

- Como? Eles estavam perdidos há séculos.

- Bom, não os esconderam direito. - pausa dramática. - Por que vocês me deram o nome dela?

- Ah meu bem, gostaria tanto de esclarecer todas as lacunas na sua cabeça, mas simplesmente não posso. Você terá de descobrir sozinha. - boa mãe, além de estar pirando com toda essa história, ainda terei que resolver tudo sozinha. Obrigada, valeu mesmo hein. (Palmas.)

- Que seja. Quando posso voltar pra casa? - perguntei.

- Não pode. Não por agora. Não antes de completar seus 17 anos.

- Mas ainda faltam três meses pro meu aniversário! - esbravejei.

- Eu sei querida, eu sei. - disse ela calmamente.
Suspirei profunda e vagarosamente, e voltei a falar.

- Olha, tenho de ir. Meu segundo período vai começar. - digo áspera.

- Tudo bem, querida. Eu te amo!

- Eu também, mãe. - e desliguei. - Obrigada por nada, Helena! - digo para o celular já mudo.

Minha próxima aula seria de química. O que resultava em quarenta minutos presa dentro de um laboratório, que fedia a éter e álcool, lembrando os corredores de hospitais.

Elementais - Segredos PerdidosWhere stories live. Discover now