Capítulo Dois

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Na terça-feira de manhã em vez de subir a colina como de costume. Fiquei no meu quarto arrumando minhas malas. Ainda não entendo muito bem o por quê estou indo para esse lugar. Eu gosto do Texas, gosto do meu colégio e das pessoas idiotas que tem lá, mas isso não é o bastante para que eu permaneça aqui.

Ontem à noite ouvi meu pai em um telefonema. Provavelmente falando com o supervisor do reformatório... é, vou ter que me acostumar com isso, bom ele estava dizendo que... não, eu não quero interferir nos seus projetos de ensino... sim... não... se for preciso pode tomar as devidas medidas para correção... sim, drásticas se necessário... ou algo assim, acho que ele realmente quer se livrar de mim.

- É Chloe, acho que é isso. - disse a mim mesma com as mãos nos quadris e observando as três malas lilás de rodinha.

- A senhorita não vai embora sem me dizer adeus né?

- Ah, oi Jeb! - disse com um sorriso nos lábios. - Lógico que não iria.

- Que bom criança! - Ele disse sentando na minha cama. - Vejo que já arrumou tudo para a viagem né? - confirmei com a cabeça.

- Quanto tempo você acha que eles vão me deixar lá Jeb?

- Não sei criança, espero que não muito, vou ficar com saudades de você! - Por que ele faz isso? Sorri desse jeito tão caloroso, meu Deus Chloe, por que você não o conheceu antes dele morrer?

- Também vou sentir saudades Jeb. - sorri ruborizada e o fiquei encarando em silêncio.

- No que você está pensando?

- No quanto eu queria te abraçar, pelo menos uma vez. - disse envergonhada.

- Já abracei você uma vez, lembra?

- Sim, mais é complicado pra você fazer isso.

- É mais não é impossível. Deixa eu me concentrar. - Ele fechou os olhos por alguns instantes e quando os abriu de novo, havia aquele brilho que eu talvez não tivesse percebido antes.

Ele me estendeu a mão na intenção que eu a pegasse, estiquei o meu braço com um pouco de receio até tocar a mão dele. Seu toque era frio. Mas de certa maneira caloroso. Ele me tomo entre suas pernas e me abraçou como se não fosse me soltar mais.

- Ah Chloe, se eu pudesse mudar meu passado, e tivesse te conhecido mesmo assim... - pressionei meu dedo nos lábios dele.

- Não fale como poderia ter sido. Já que nunca saberemos realmente.

Ele ficou de pé e me pressionou contra o peito, ele me afastou um pouco e acariciou as minhas bochechas, me causando arrepios, com movimentos lentos foi se inclinando até mim, será que poderia ser possível?

Um beijo, entre uma humana e um fantasma materializado?

Talvez descubra agora. Jeb me ergueu um pouco e pressionou seu nariz no meu, igual beijo de esquimó, me olhando firmemente nos olhos eu vi aquele brilho novamente. Então seus lábios encostaram-se aos meus, por alguns segundos.

- Ownnn que lindos! - Jeb perdeu a concentração e eu fui de encontro ao chão. Soltei um longo suspiro e me ergui, olhando fixamente pro Caleb.

- Porra, nem no meu próprio quarto, você me deixa em paz Caleb?

- Não docinho, tenho que ficar de olho na mão boba de certo rapazinho. - Ele disse estreitando os olhos para Jeb.

- É mais fácil ele ficar de olho em você, do que você nele. - disse a mim mesma

- Disse alguma coisa Chlo?

- Não. Nada. - disse estalando a língua.

- Que eu saiba o pervertido aqui é você. - Jeb começou a andar em direção a ele e eu me coloquei no meio dos dois rapidamente, mesmo ciente de que talvez isso não funcionasse.

- Já chega os dois. Parecem duas crianças me poupem gente, já tenho o bastante para digerir e não sou obrigada a separar brigas de fantasma. Não sou babá de vocês. - disse olhando ferozmente para cada um deles. - Agora eu realmente tenho que ir embora.

- Mais Chloe... - Jeb disse como uma súplica.

- Não Jeb, tenho que ir. Adeus... aos dois. - me virei em direção a porta e puxei duas das três malas para o corredor. Por que eu me sinto tão confusa em relação a esses dois? Meus Deus, eles estão mortos.

- Está pronta querida? - minha mãe perguntou acariciando meus cabelos.

- Sim mãe. - disse com um longo suspiro. Meu pai vinha descendo com a mala restante e eu já não conseguia encara-lo nos olhos.

- É para o seu bem Chloe, com o tempo você irá entender porquê da nossa decisão. - sorri fraco de cabeça baixa e minha mãe me levou pela mão até o carro.

Uma última olhada a casa onde eu nasci e cresci, é está na hora de dizer adeus.

Lá estavam eles. Espremendo um ao outro na janela do meu quarto, Jeb apoiado com a palma da mão no vidro jogou um beijo em silêncio para mim e percebi Caleb fazendo sinal de que iria vomitar. Patético.

Outros olhos também encontram os meus. Phillip. Ele parece triste, meio perdido, não sei... acenei com a mão para ele, que sorrio em resposta levantou a mão e a parou no meio do caminho, sorrio para si mesmo e balançou a cabeça negativamente, então entrou porta adentro.

                         ***

Havia tanta gente no aeroporto, muita gente mesmo, que eu não sabia para onde olhar. Minha mãe me levou para fazer o check-in e todas as outras coisas que se faz antes de entrar num avião, enquanto meu pai despachava minhas malas.

- Estou com medo mãe. Não quero ir.

- Eu sei querida, mais é para seu próprio bem, você irá entender em breve. - Ela disse me abraçando apertado. - Nós te amamos meu bem, é a única coisa que você precisa entender agora Chloe.

- Tudo pronto Helena?

- Sim George! - Mamãe me levou pela mão até o portão de embarque, 14, meu número da sorte. Será que realmente deveria confiar na minha sorte? Especialmente neste momento? Realmente não sei.

- Está na hora querida. - Mamãe disse chamando minha atenção.

- Tudo bem mãe, eu amo você! - disse abraçando-a com força.

- Sentirei sua falta Chloe. - me retirei do abraço para olhar meu pai, ou pelo menos tentar olha-lo nos olhos.

- Pai, não sei exatamente porquê o senhor está me mandando para outro lugar, talvez eu continue não sabendo a verdadeira razão, mais irei descobrir! - disse com toda firmeza que jamais tive.

Dei mais uma última olhada em meus pais e segui portão a fora.

A vida de Chloe Willians estava para mudar. A minha antiga vida ficando para trás, era muito doloroso saber que ficaria afastada de todos aqueles que eu amo e por mais louco que possa parecer, daqueles que desprezo também.

No corredor do avião havia já algumas pessoas procurando seus assentos, 024 era o número do meu, lado da janela, pelo menos isso, odeio o corredor. Acomodei-me ao meu lugar e coloquei meus fones de ouvido.

- Senhorita, terei que pedir que desligue o seu Ipod, nenhum aparelho eletrônico ligado é permitido dentro das dependências do avião. -concordei com a cabeça e guardei o Ipod de volta em meu bolso, e sorri do mesmo jeito robótico que a aeromoça.

O avião começou a se mover e as coisas que se passavam pela janela começaram a ficar pequenas, isso então é um adeus à cidade da minha vida.

Até a volta Texas.


Elementais - Segredos PerdidosWhere stories live. Discover now