Broken Boy ♦Luke Hemmings♦

♦ Lost Boy ♦

Tive um pesadelo horrível. O Luke tinha sido esfaqueado pelo pai e tinha perdido os sentidos.
Mas não foi um pesadelo. Aconteceu e é por isso que neste momento estou sentada no chão de um corredor de hospital.
A polícia prendeu o pai do Luke e encontrámos a mãe dele inconsciente no chão da cozinha mas acordou na ambulância e já está estável. Ela explicou o que aconteceu. O pai do Luke vinha irritado e descarregou nela. Ela disse que se lembra de ter visto o Luke a ir para a cozinha ajudá-la mas que depois perdeu os sentidos e não sabe de mais nada.
Luke foi levado inconsciente para a sala de operações onde levou pontos e estou até agora sem saber mais nada.
Liz, a mãe dele, está sentada numa cadeira agarrada à mala e a chorar. Tanto do choque do marido como do filho. Quero ajudar mas não sei como. Queria ir lá e falar mas não sei o que dizer numa altura destas. Ainda acabava a chorar e isso não ajudaria nada por isso deixo-me estar com os joelhos ao peito encostada à parede.
-Sra. Hemmings? - olho e vejo o médico que ficou encarregue do Luke. Levanto-me e corro até ele. A mãe dele faz o mesmo.
-O Luke... - Liz deu-me a mão, o que me apanhou de surpresa. Está com medo. Estamos as duas. O médico continua - ...perdeu muito sangue. Está em coma.
Pensava que iria ser eu a apoiar a Liz, mas o efeito que aquelas palavras têm em mim foram mais fortes. Caio de joelhos no chão e fito o vazio escuro do corredor. Não, não. Por favor, não.
As lágrimas escorrem devagar e não consigo falar, nem mexer.
Sinto o braço de Liz sobre os meus ombros. Abraça-me e tenta colocar-me de pé. Ajuda-me a sentar e senta-se ao meu lado.
-Ele vai acordar. - diz, mas sei que nem ela tem a certeza nas palavras que diz. - Ele falou-me de ti. Antes de tudo acontecer.
Olho para ela. Está com um sorriso triste para me acalmar.
-Quando ele voltou disse que tinha conhecido uma rapariga. Eu ri-me porque sendo o Luke, conhece muitas. Mas ele olhou-me nos olhos e disse "Mãe, ela é diferente." . Disse que contigo pode ser ele próprio e que é uma ótima sensação. E que gostas de cantar e que cantas maravilhosamente. Querida, ele disse que sonhava com a tua voz. Ele disse que eram duas pessoas destruídas que se completavam. Que sem ti ele era um rapaz perdido.
O Luke disse aquilo sobre mim?
-E eu perguntei onde estavas. Ele disse "Em segurança" e foi aí que percebi o que o pai dele tinha feito. Ameaçou fazer-te mal. E a mim. E foi por isso que ele voltou.
Ela faz-me festas na mão e sorri-me.
-Ele ama-a muito. - digo.
-Ele sempre teve um coração enorme.
-Ele tem de acordar.
-E ele vai, querida.
Espero que sim.

♦

Depois de três dias sem avanços, Luke foi transferido para a Austrália a pedido da mãe, porque é onde é a sua casa. Voltámos todos para as nossas casas. Já a minha casa passou a ser o hospital e a minha cama o sofá ao lado da cama do Luke. Tenho falado com ele com esperança que ao reconhecer a minha voz acorde, mas nada. Também tenho cantado para ele.
Sinto falta da sua voz. Sinto falta dos seus olhos azuis. Sinto falta das covinhas que se formam nas suas bochechas quando canta. E sinto falta de o ouvir chamar-me "meu anjo". Eu só quero que ele acorde, que volte para mim. Para os amigos. Para a mãe.

♦

Uma semana e não há progressos. Os médicos já disseram que é provável que não acorde. Não quero pensar nessa opção.
-Vai para casa descansar. Não dormes há dias. - diz a Chloe.
-Não preciso de dormir.
-Precisas. Por favor, depois voltas.
Acabo por ceder e ir para casa mas prometendo que voltava assim que dormisse um pouco.
A cada dia que passa a minha esperança vai diminuindo.

♦Cause I've been from place to place, trying to bring you back♦