♦ Broken Home ♦

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Está um carro da polícia à porta de minha casa e vejo a minha mãe a chorar enquanto o meu pai fala com um inspector. Está uma mulher ao seu lado e reconheço-a. É a secretária dele, a Kim. O que é que ela faz aqui? O que é que se passa aqui?
Corro até à minha mãe.
-O que é que se passa? Porque é que estás a chorar? O que é que se passa aqui?
Ela só consegue soluçar e não pronuncia uma palavra.
Decido recorrer ao meu pai.
-Pai, o que é que se passa?
Ele olha para mim com uma expressão triste e melancólica.
-Filha... - ele faz uma pausa para respirar fundo - ...o teu irmão desapareceu.
Aquelas palavras fizeram o meu mundo cair. De vez.
-Como assim?!
-Ele...eu... Kylie, eu estava com a Kim...e ele viu-nos e começou a gritar e a perguntar porque estava a fazer aquilo com a mãe e porque é que não podemos ser uma família feliz.
Olhei para a Kim que também chorava. Eu já desconfiava que eles tivessem um caso mas também pensava que já tinha acabado.
O meu pai continua a explicar-me o que aconteceu e eu só sinto raiva dele. E da minha mãe. Podia sentir raiva da Kim, mas não. Ela é só mais um peão neste jogo. Os verdadeiros culpados são os meus pais. A atitude deles, as discussões, os gritos e agora isto. Levaram o miúdo ao limite.
-Depois disso, ele começou a correr e fugiu. Não consegui apanhá-lo...
-Sim, estavas demasiado ocupado a comer a tua secretária. - digo. Nunca tinha falado assim com ele.
-Kylie...
-Nem sequer tentes dar-me lições de moral! O Jamie fugiu! Está sozinho sabe-se lá aonde e a culpa é vossa! Eu odeio-vos! Tiraram-me a única coisa que ainda mantinha a minha felicidade cá em casa! E se lhe acontecer alguma coisa eu nunca vos hei-de perdoar!
O meu pai fica a olhar para mim tal como a minha mãe. As lágrimas estão a picar-me os olhos mas recuso-me a chorar à frente deles. Entro em casa e corro para o meu quarto onde choro até me arderem os olhos.
Entretanto a polícia já se foi embora e os meus pais estão na cozinha.
Dirijo-me ao quarto do meu irmão. Arrumado como sempre. O Jamie sempre foi um rapaz organizado. Reparo que não levou nada consigo para além do lenço que o Ashton lhe deu. Uma vez disse-me que se sentia seguro com ele.
Liguei para os amigos dele mas ele não estava com nenhum. Já não sei mais o que fazer e o meu desespero aumenta à medida que o tempo passa.

Depois de algum tempo a tentar dormir, desisto. Sei que devia descansar para amanhã procurá-lo mas não consigo.
Decido sair do quarto e descer as escadas devagar para não acordar os meus pais que dormiam os dois no sofá. Abro a porta e dirijo-me a uma casa que já me é familiar. Aproximo-me da porta e bato. Não demoram muito a vir abri-la.
-Kylie?
Luke está com calças cinzentas de pijama, despenteado e ensonado
-Posso entrar?
-Claro!
Desvia-se para eu passar e fecha a porta.
-O Michael e a Rachel não estão aqui...
-Eu sei.
-Kylie, o que é que se passa? Estiveste a chorar?
E não consigo segurar as lágrimas de novo e deixo-as escorrer pelas minhas faces. Luke não hesita em abraçar-me. Não pergunta nem diz nada até eu me acalmar e eu agradeço.
Não sei porque vim. Podia ter ido a casa do meu namorado mas algo que atraía aqui. Até ao Luke
Contei-lhe tudo o que aconteceu e ainda aprofundei mais acerca da situação dos meus pais. O Jamie é forte, mas não é de ferro.
Ele ouve-me atentamente e vai passando o polegar em algumas lágrimas que caiam.
-Vamos encontrá-lo. - diz.
Ele disse vamos. Ele vai ajudar-me.
Encosto-me a ele e abraça-me.
-Eu voltei para a Austrália por que também já não aguentava as discussões entre os meus pais. - diz. Eu não sabia disto.
Levanto a cabeça e olho para ele. Ele olha para as mãos e continua.
-Eles discutem por tudo e por nada. O meu pai levava mulheres lá para casa para magoar a minha mãe e ela fingia que aceitava e pronto. Às vezes, estava tão magoada e irritada que descarregava em mim. Gritava, insultava-me e chegou a bater-me num desses ataques de raiva mas não tanto como o meu pai quando quando eu tentava proteger a minha mãe das mãos dele. Eu odeio-o, mas não consigo odiar a minha mãe, sabes? Tudo o que ela me fez foi uma reflexão do que o meu pai lhe fez e nunca o hei-de perdoar por a ter tornada numa pessoa tão desfeita.
Agora chorava por ele.
Ele olha para mim e sorri tristemente.
-Parece que não existem vidas perfeitas. - diz.
Chego-me mais para ao pé dele e abraço-o. O gesto apanha-o de surpresa mas rapidamente me rodeia com os seus braços.
-Nós vamos encrontrá-lo, Kylie. Eu prometo.

Nothing left to hold. Locked out in the cold ♦

Broken Boy ♦Luke Hemmings♦Where stories live. Discover now