Homem-Café - Politicamente Incorreto

Tempo de esperança, confusão e terror

Eleito como presidente da república, o Homem-Café assumiu o país numa situação gravíssima. Os críticos de sua campanha estavam certos sobre muitas coisas, seria muito difícil por em práticas muitas das ideias radicais contidas em seu programa de governo. Mas Café começou com o pé direito ao extinguir, por decreto, milhares de cargos no âmbito federal. Isso causou muita confusão em Brasília, e atrapalhou muito do jogo de barganha típica dos partidos para negociar votos. Extinguir ministérios e reorganizar os assuntos foi também uma questão árdua e, depois de alguns meses, pouco havia mudado. Havia muita confusão e funcionários insatisfeitos ameaçavam entrar em greve. Do plano original de sair de 39 ministérios para 12, menos da metade foi cumprida após seis meses de governo, mas muitos, achavam isso positivo, incluindo a imprensa. 

Havia problemas, mas o país estava numa fase otimista. Foi quando ocorreram os jogos olímpicos no Rio, e um pouco da tensão foi aliviada. O Brasil ganhou muitas medalhas e, seu povo, confiança na construção de um futuro melhor. Então após as Olimpíadas, a segunda parte do plano de governo foi colocada em prática: a reforma tributária.

A redução de impostos aqueceu a economia, mas até demais, causando um surto de consumo e elevação de inflação. O monstro que assombrara o país décadas antes ameaçava ressurgir e todos estavam em pânico. Café havia derrotado muitos monstros, mas o dragão da inflação ele não podia nem socar. Meses depois, conforme a inflação ainda subia, ele se viu tendo que ceder e fazer um acordo com o PSDT para obter aporte da equipe econômica a fim de refrear a inflação. Neste momento, o PMMB, Partido Mobilizado de Mobilizantes Brasileiros, também aproveitou para se aproximar. Assim o ex-presidente Polvo e PO, que odiavam o PSDT, começaram a fazer uma oposição ferrenha. Convocaram o povo para manifestações contra o governo do PES/PSDT. 

O clima de desequilíbrio do país era intenso. Café redirecionou verbas para Saúde e Segurança Pública, pois eram urgentes as melhorias, enquanto deixou de ter fôlego para um investimento maior em educação.

Neste estágio, a polícia prendia deputados, senadores e empresários corruptos num ritmo frenético, parecia que o país estava tomando jeito, mas então, aproveitando-se do clima instavel do país, financiados por guerrilhas de países vizinhos, uma série de ataque terroristas, nunca antes vistos, assolou o país. O Brasil se banhou de sangue. Muitos poderosos estavam perdendo seu poder e as opiniões polarizadas da população assustada e enraivecida começaram a criar conflitos mais sérios. 

Na imprensa começaram a ser veiculadas peças que culpavam o governo de Café pela inflação e pelo despreparo para lidar com a emergente questão do terrorismo. 2016 estava acabando. O ano havia começado com esperança e ela se ampliou, mas tudo começou a mudar no fim do ano e tumultos começaram a acontecer em grandes cidades.

Café reuniu-se com o Ministério da Defesa para tentar assumir o controle do país, constatou que as próprias forças armadas estavam divididas, de acordo com regiões. Era possível que uma guerra civil estourasse, e que aproveitando-se disso, a Bolívia e Venezuela invadissem o país. O presidente declarou estado de emergência e as forças armadas foram convocadas para apaziguar os tumultos que aconteciam nas grandes capitais. Café chegou a ligar para seus amigos da LIS, pedindo ajuda, mas foi recusado.

— Coffepal, — dizia seu amigo Timeslip, numa conversa pela internet — Sinto muito que as coisas não estejam dando muito certo no seu governo. Nós da LIS estamos torcendo por você. Mas infelizmente não podemos nos envolver com questões de ordem política. Quem sabe quando seu mandato terminar?

Enquanto aqueles dias críticos se desenrolavam, Café se trancou no Palácio do Planalto com sua equipe para tentar encontrar uma saída para a crise. Ele se sentia culpado por tudo aquilo. Queria mudar o país, mas parecia que tudo ainda poderia piorar muito. Foi quando explosões soaram fora do palácio.