[19] - Teia de Aranha

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Uma semana depois

Tóquio, Japão

No coração da cidade, em um bairro repleto de arranha-céus reluzentes e ruas estreitas, encontrava-se uma boate clandestina conhecida apenas pelos poucos corajosos o suficiente para adentrá-la. Escondida em um beco escuro, longe dos olhos curiosos, estava a Kitsune Noir, uma boate que se tornou o epicentro dos negócios escusos da Yakuza.

Ao atravessar as portas pesadas, você será atraído por uma atmosfera saturada de extravagância e decadência. Luzes de néon coloridas piscam freneticamente ao ritmo pulsante da música eletrônica que ressoava pelos cantos escuros. O cheiro do álcool e das drogas permeavam o ar, misturando-se com o perfume do luxo e do perigo. O interior era um labirinto de salas escuras e corredores estreitos, todos decorados com o exagero cafona e popular. Poltronas de couro vermelho e dourado se espalhavam pelos espaços, convidando os frequentadores a se entregarem aos seus vícios mais nocivos sob o olhar atento daqueles que comandavam tudo. No centro da pista de dança, mulheres deslumbrantes se contorciam em pole dances, hipnotizando os homens da Yakuza com seus movimentos sensuais e a ganância obscura ao alimento de suas existências.

Nas mesas VIP, aqueles considerados chefes da máfia japonesa se reuniam, cercados por uma corte inteira de belas mulheres asiáticas, todas vestidas com roupas provocantes e olhares sugestivos. Garrafas de saquê caro e uísque importado eram despejadas sem cerimônias, enquanto os traficantes circulavam entre os convidados, oferecendo uma variedade de substâncias ilícitas e capazes de viciar com mero contato.

Apesar da fachada de festa sem fim, a tensão estava sempre presente no ar. Olhares furtivos e conversas sussurradas abrindo e fechando os negócios obscuros discutidos em cada canto escuro. Um mundo onde a luxúria, o crime e o poder se entrelaçam em uma dança perigosa, onde a única regra era sobrevivência dos mais astutos e implacáveis.

Nesse caso, Daiki Toyasaki.

O mais jovem eleito líder de sua geração era conhecido, principalmente, pelo sorriso fácil.

— Aqui, mulher.

Daiki, apesar de sempre alerta, se permitia relaxar em momentos assim. O terno caro esquecido no encosto do sofá vermelho, mangas da camisa dobradas até os cotovelos para exibir com orgulho todas as tatuagens que mal deixavam notar pele sob a tinta colorida. Muito alto, até demais para a média esperada para um asiático, sua postura o fazia parecer sempre grande mais para qualquer ambiente.

— Isso realmente te deixa excitado?

Ele não respondeu pontualmente à pergunta de Momoi, seus olhos escuros e quase chapados se mantiveram na mulher jovem demais que ocupava sua coxa esquerda. As mãos, ágeis e tatuadas, segurando o cachimbo dourado enquanto a via inalar a fumaça tóxica da pedra de crack. Aquele que ele havia escolhido especialmente para ela.

— Você está melhor a cada dia, Hina-chan. – Daiki sorriu depois de afastar o isqueiro. A mesma mão descansou sobre a coxa da garota, acariciando suavemente enquanto afastava o cachimbo dos lábios pintados de vermelho. – Você quer mais?

— Por favor, Daiki-sama, por favor! – a garota assentiu em quase desespero, viciada e fodida demais para se dar conta do perigo. Dezesseis anos, obrigada a se prostituir para sustentar os irmãos mais novos e brinquedo favorito de Daiki naquele mês.

Daiki, sombrio e excitado, assentiu. Ele a deixou inalar mais da droga.

— Ela não é linda, Momoi? – perguntou a cunhada, ganhando dela um revirar de olhos. – Gosto muito quando elas são jovens assim, dá pra ensinar tanta coisa.

— A Sakura odeia esse seu fetiche de merda em crianças. – Momoi bebeu um pouco mais do uísque e olhou ao redor, sempre alerta aos rostos ali. – O carregamento chega que horas?

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