[16] - Troca de Favores

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Horas antes

— O que está acontecendo?!

Juan, abaixado no banco do passageiro, ameaçou levantar a cabeça para olhar ao redor, entretanto um estalido o assustou.

— Fica abaixado! – Sebastian gritou. A mão enluvada girou o volante do carro com força para a esquerda. – Caralho, mas que... – mais estalidos, alguns perto demais do carro puderam ser ouvidos. Confuso, Juan Angel abaixou a cabeça e assentiu, ele franziu o cenho com força, absorto na lembrança que aquele som trouxe à tona. Levou alguns segundos até concluir que sim, eram tiros. Tiros que acertavam o veículo blindado pelo lado esquerdo. – Você sabe atirar?!

— Não!

— Ótimo momento para aprender! – ele pisou no acelerador e os pneus do carro derraparam na pista, outra vez, com habilidade, a mão livre girou o volante. O veículo balançou pelo impacto com o meio fio. – Embaixo do banco tem uma arma, pegue-a.

— Sebastian, eu-

— Escuta, Juan! Só escuta! – o garoto, assustado, assentiu. – Eles estão atrás de mim, não de você! Nós vamos até um lugar seguro e eu vou te deixar lá, mas preciso que você fique com a arma caso-

— Não! Não quero isso! Não quero isso!

— Para de ser teimoso, caralho! – outro estalido, esse atingiu em cheio o para-brisa traseiro. – Se acertarem os pneus estamos fodidos! – fez uma curva muito fechada para a direita e isso fez Juan bater a cabeça no painel do carro com força. – Merda! Desculpa, protege sua cabeça com as mãos! Presta atenção, vou te deixar nesse lugar com uma arma, entendeu?!

— Você vai me deixar sozinho?! Vai me abandonar?!

Sebastian desviou o olhar da direção para encará-lo. Os olhos grandes estavam assustados, arregalados enquanto as lágrimas se acumulavam na linha dos cílios longos e loiros. Ele respirou fundo. Precisava tomar uma decisão e não havia tempo para pensar, não havia tempo para hipóteses ou sentimentos indesejados. Precisava voltar ao restaurante, pois, apesar de confiar em Yan e Matteo, Rebeca estava lá. Estava em perigo.

Mais quatro estalidos. Olhou a pista através do retrovisor interno do carro e viu os dois carros que os perseguiam, encarou as placas e não precisou de mais uma olhada para decorá-las. Trocou a marcha e lambeu os lábios.

— Cubra os ouvidos, moleque.

Juan obedeceu. Ele cobriu os ouvidos e seu corpo bateu contra o banco com força quando o carro derrapou na pista, girando em 180 graus até estar diante dos outros dois. Sebastian bateu o cotovelo no botão automático e a janela do seu lado desceu depressa. Com o carro ainda em movimento e os pneus cantando sobre o asfalto, ele colocou o braço para fora e fechou um pouco o olho direito para mirar.

Então, ele atirou quatro vezes. Certeiro, confiante e sem hesitar.

Os outros dois carros, modelos S.U.V completamente pretos, giraram na pista com violência. Os motoristas estavam mortos. Dois tiros na cabeça cada um e nada mais a dizer. Sebastian recolheu o braço e colocou a arma no espaço entre os bancos. Ele girou o carro outra vez, movendo o volante com a mão enluvada até parar no acostamento quase deserto daquele lugar.

Abriu a porta do carro segundos depois dos veículos passarem capotando para fora da pista.

— Fique aqui-

— Não me deixe sozinho, por favor! Sebastian, não quero ficar sozinho aqui! – Juan, trêmulo dos pés a cabeça, negou. Ele estendeu a mão para agarrar as roupas de Sebastian, apavorado demais para sequer se lembrar da fobia do outro homem. – Vão me pegar, vão me levar de volta pro Leon, vão-

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