6- O Rei dos Piratas

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O Mestre e Whisper estão de volta a Guilda dos Heróis. Weaver pede para que todos se reúnam novamente na Câmara do Destino.

— E então, qual o plano? ­— Questiona Briar Rose.
— Precisamos de mais informações sobre Artemísia e seus seguidores — responde Weaver. — Se ela realmente alcançou o Vazio, então eu temo que ela tenha adquirido poderes inimagináveis.
— Achei que apenas seres como Jack pudessem acessar o Vazio — diz Maze.
— Eu também — responde Weaver. — Mas parece que estávamos enganados.
— Denyel. — Ele se volta para o herói. — Quero que vá ao encontro dos Piratas do Sul e fale com a Vidente. Talvez ela possa nos orientar.

Nesse momento Denyel expressa um olhar de tristeza.

— Eu posso ir em seu lugar — diz Thunder tocando seu ombro direito. — Sei que é uma situação difícil.
— Não, está tudo bem — ele diz enquanto se recompõe. — Mas acho que Twinblade não vai me receber de braços abertos.
— Tem razão — diz Weaver. — Mas você saberá lhe dar com ele. Bom — continuou o mestre — eu também vou visitar um amigo.
— Aonde vai desta vez? — pergunta Briar Rose.
— Ao encontro de Sirius.
­— Provavelmente ele já está sabendo de tudo — diz Denyel.
— Tem razão. Mesmo assim será bom visitá-lo.


Weaver e Denyel estão do lado de fora da guilda. O Mestre espera que ele e Denyel encontrem respostas sobre o retorno de Easley e Artemísia e diz que a Guilda dos Heróis deve se preparar para possíveis batalhas.
Enquanto conversam, os grandes portões de madeira se fecham. Weaver e Denyel se despedem e  seguem caminhos diferentes.



Após caminhar por alguns quilômetros, Denyel chega a um pequeno vilarejo. Com um olhar nostálgico ele observa o lugar lembrando-se de sua infância, de seus amigos e dos momentos felizes com sua família. Mas a sensação de tristeza o atinge novamente quando ele se lembra de sua missão. Encontrar uma mulher conhecida como A Vidente.
Depois de um breve momento o herói se recompõe e continua a caminhar para o interior do vilarejo.
Denyel percebe que pouca coisa mudou. O lugar ainda possui as mesmas casas, algumas feitas de madeira, outras de pedra. Entre as moradias estão comércios, como lojas de roupas, de armas e tavernas.
Crianças brincam, pisoteando o chão de terra e grama enquanto alguns vendedores ambulantes trabalham pelas ruas do Vale do Carvalho, o lugar onde Denyel nasceu e viveu sua infância até o fatídico dia em o vilarejo foi destruído por Jack of Blades.
Denyel é então acometido por antigas lembranças.
O vilarejo está em chamas. Há dezenas de corpos pelo local incluindo o de seu pai. Um homem com um sorriso sádico e empunhando um machado corre em sua direção, mas um poder o atinge fazendo-o cair sem vida. Diante de Denyel está Maze que se aproxima e lhe estende a mão.

Venha comigo garoto, para a Guilda dos Heróis.

Denyel recobra os sentidos ao ouvir a voz de uma menina que o chamava.

— Você está bem? — ela pergunta com uma expressão preocupada.

O herói responde que sim e então segue em frente.
Ao perceber a presença de Denyel, algumas pessoas o cumprimentam de forma alegre. O dono da taverna o convida para entrar e diz que será por conta da casa, mas o herói recusa educadamente e segue seu caminho. Mais adiante Denyel chega à praia. Alguns comerciantes e pescadores trabalham no local.
Ele caminha pela areia branca e fina em direção a um barco.

— Para a Floresta do Sul — ele diz entregando algumas moedas de ouro para o barqueiro.

Após um longo percurso pelo mar, Denyel chega a uma grande floresta. Ele desce do barco e segue em frente até chegar a um local onde está um grupo de piratas, comendo e bebendo em volta de uma fogueira. Ele se aproxima do grupo que se irrita ao vê-lo.

— Você não é bem-vindo aqui — diz um homem careca, com brincos de argolas dourados, vestindo calça preta e camisa azul escura com as mangas dobradas sobre os cotovelos. Ele está sentado sobre um tronco e segurando pelo osso um pedaço de carne com a mão esquerda

— Estou ciente disso, mas preciso falar com ela.

O homem se levanta. Ele joga o osso da carne na fogueira e se aproxima de Denyel.

— E por que acha que meu capitão irá recebê-lo? — diz o pirata com um olhar de desprezo. — Depois de tudo que aconteceu.
— Eu não sou seu inimigo.
— Deixe-o em paz, Yugrant — diz Edward ao se aproximar. Ou se esqueceu de quem ele é?

Ainda com um ar de desprezo Yugrant abre caminho. Atravessando a floresta Denyel chega a uma praia. Há poucos metros de distância era possível ver um grande navio pirata. Do convés um homem nota a presença de Denyel.
Um barco chega à praia.

— É bom que não tente nenhuma gracinha, herói — diz o homem que rema a pequena embarcação.

Denyel é levado para o grande navio.
Já no convés ele se depara com um homem saindo do interior da embarcação e subindo as escadas. O homem se aproxima dele com uma expressão ríspida. Um gigante com mais de dois metros de altura, corpo extremamente musculoso, cabeça raspada e uma volumosa barba marrom. Ele veste calça cinza escura, suas canelas, antebraços e ombros são protegidos por placas de metal negro e as ombreiras sustentam uma longa capa vermelha. O peitoral nu do gigante ostenta diversas cicatrizes. Diante do Herói de Albion está Twinblade, o Rei dos Piratas do Sul.

— O que está fazendo aqui, herói? — diz Twinblade com tom de raiva e ironia.
— Eu preciso vê-la.
— Esse é o único motivo pelo qual eu permito que esteja aqui. — diz o Rei dos Piratas enquanto caminha para a proa do navio dando as costas para Denyel.
— Imagino que já saiba sobre os recém-chegados em Albion.
— Easley e Artemísia — ele diz enquanto alisa sua barba. Ela já me informou. Mas você derrotou Jack. — Twinblade olha para Denyel sobre o ombro esquerdo. — Então não há o que temer?
— Mesmo assim Weaver me enviou. Sabe como ele é precavido. Além disso, não conhecemos o poder daqueles dois.
— Por acaso está com medo.
— Com certeza não. Mas passar tanto tempo com o mestre também me tornou uma pessoa precavida.
— Precaução é para os fracos. Eu prefiro a batalha e por isso inda espero por uma revanche.
— Um dia, eu prometo — responde Denyel.

A conversa dura pouco, pois uma terceira voz os interrompe.

— Olá Denyel.

Ao virar-se para trás, Denyel se depara com uma mulher aparentando pouco mais de trinta anos. Seus cabelos são vermelhos e chegam à altura dos ombros, seus olhos estão cobertos por uma faixa branca com manchas de sangue. Ela veste uma camisa branca de mangas curtas, abotoada por botões pretos e brilhantes. Sobre sua cintura está uma longa saia branca com galhos e flores vermelhas adornando o lado esquerdo enquanto o direito está aberto deixando sua perna à mostra. E sobre os pés ela usa um par de sandálias marrons.

— Já faz um bom tempo — ela diz com uma expressão seria. — Irmãozinho.

Fabula dos Capítulos PerdidosWhere stories live. Discover now