Negociação

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Finalmente entramos em casa, Léo todo empolgado mostrando tudo para o gato (ou gata) e eu discretamente fazendo um tour da casa para uma Luíza que continua sem esboçar qualquer sinal de emoção ou emitir algum som, bem diferente de quando a gente veio conhecer a casa pela primeira vez, cheias de ideias de decoração e planos para cada cantinho daqui, ou quando a gente se mudou e começamos a botar algumas ideias em prática e adaptar outras porque não funcionavam direito na prática.

Depois que acabei de apresentar as partes importantes da casa e as que ela mais gostava, subimos para o nosso quarto e nunca foi tão desconfortável estar sozinha aqui com ela.

-É..., eu vou ter que sair pra resolver a questão do gato, você vem com a gente?

-Não sei, acho que eu preciso de um tempo.

-Tudo bem -fui até a mesinha pegar seu telefone- aqui está seu celular, qualquer coisa liga, vou tentar não demorar.

Me inclinei para um beijo de despedida mas ela virou a cara e se afastou, essa indiferença está me matando por dentro, ela nunca me tratou assim antes.Tiro forças não sei de onde para conter as lágrimas e sair, a pior parte disso tudo é ter que fingir que está tudo bem enquanto meu mundo colapsa.

Pensar nisso agora não vai adiantar nada, então foco minha atenção na felicidade do meu filho, brincando com o gato que eu ainda nem sei se vamos poder adotar, e tento achar uma caixa perdida para transportar a bolinha de pelos.

-Léo, vamos! 

-A mamãe não vai com a gente?

-Não filho, ela precisa descansar um pouco. Agora me ajuda a botar o gatinho nessa caixa e segura bem pra ele não fugir.

-Por que ele não pode ir no meu colo?

-Porque não é seguro, ele pode se machucar no carro. -ou se perder, ou se enfiar em algum lugar, ou provocar um acidente, ou fugir ou mais infinitos cenários nada bons que eu pensei mas não falei.

Por fim conseguimos sair de casa e ir ao veterinário, e depois numa pet shop.O gato na verdade é uma gata que o Léo chamou de Peaches, mesmo eu explicando que talvez ela fosse morar em outra casa, com outra família e receber outro nome, o que ele não gostou muito de saber e insistiu que Peaches agora é parte da família porque ela apareceu na nossa casa e não na de um vizinho.

O resto do dia ia ser longo, Peaches ganhou um enxoval completo, nem fazia ideia de quantas coisas um gato pode ter e provavelmente nunca usar mas estava exausta e preferi deixar meu filho se divertir escolhendo brinquedos, caixas, potinhos e petiscos para a gata, até que finalmente voltamos para casa.

Agora era hora de outro estresse, conversar com uma Luíza desmemoriada sobre termos um pet, mas resolvi deixar esse assunto para amanhã e ir preparar a janta.  


Stupid Wife-The other sideWhere stories live. Discover now