Prólogo

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Desde que eu me entendo por gente sempre soube que teria que cursar direito, mesmo contra a minha vontade.Não existia escolha, minha mãe sempre fez questão de deixar bem claro que eu e meu irmão devemos continuar o legado da família como advogados renomados ou seja lá o que isso signifique na cabeça dela.
O problema? Bom, eu sempre fui mais artística, minha paixão é a fotografia, mas claro que para minha mãe isso não deveria passar de um hobby, na verdade acho que por ela nem isso mas por sorte tenho meu pai para me apoiar e amenizar a situação com a fera. Portanto aqui estou eu cursando direito contra a minha vontade, indo mais um dia para aquele maldito lugar, na minha melhor (ou seria pior) versão de jovem rebelde.
Chego atrasada, como de costume, e vou procurar meu irmão, que para minha sorte está sentado junto com a melhor coisa que tem naquela faculdade, o amor da minha vida, mas ela se recusa a aceitar isso.Tudo bem que eu não ajudo, desde que a gente se conheceu eu tento chamar a atenção dela implicando bastante e discordando de tudo o que ela fala, não tenho culpa se ela fica irresistível quando está bravinha, o que acaba me fazendo parecer uma babaca desconexa da realidade.
Assim que avisto o grupinho sentado em uma mesa, já vou logo jogando minha mochila antes de me sentar com eles, o que faz com que todos parem o que estão fazendo para me encarar.
-Continua- digo para Lu que estava apresentando alguma coisa antes de eu interromper.
Ela me olha com uma cara de poucos amigos antes de continuar, e eu a interrompo várias vezes para provocá-la até que ela se cansa e sai dali, seguida pelos outros.

-Você não acha que está pegando pesado demais não Tina? As pessoas vão acreditar que você realmente é essa alienada fútil.-Meu irmão sempre preocupado com minhas técnicas nada convencionais de conquista.

-Deixa eles, eu gosto de ver a Lu irritada, ela fica uma gata.

-Cuidado que esse seu método de conquista vai acabar afastando ela.

-Relaxa Igor, tá tudo sob controle.Eu sei o que eu estou fazendo, ela ainda vai ser minha.

-Espero que saiba mesmo, juízo aí.Vou indo pra aula.

Ele sai também e eu fico lá fazendo hora, gosto de chegar no último segundo de tolerância para atraso, na verdade a vontade mesmo é de nem ir, hoje é sexta feira, faltam uns dois meses para as férias e eu preciso passar nas matérias então me levanto e vou me arrastando até a aula.

Muitas horas de tortura depois, a liberdade, agora só volto nesse inferno segunda de noite.Vou caminhando até o estacionamento para pegar minha moto e ir para casa curtir meu fim de semana com a minha câmera, já está tarde e noto que meu amor está sozinha no ponto de ônibus e decido me aproximar, afinal, é perigoso ela ficar sozinha uma hora dessas, ainda mais no escuro e com a faculdade fechada.

Chego perto de onde ela está e noto ela se encolhendo e escondendo as coisas, provavelmente com medo de ser roubada, mal ela sabe que a única coisa que eu quero roubar é o seu coração.

-Te assustei?-pergunto tirando meu capacete e descendo da moto.

-Nem vi que era você.

-Tá fazendo o quê sozinha essa hora? Tá tarde, é perigoso.

-Tô esperando o ônibus pra ir pra casa mas vai demorar pra passar.

-Pega um táxi.

Ela me olha com uma cara de deboche e eu percebo que falei merda. 

-Sobe aí que eu te levo pra casa.

-Surtou Valentina? Nem morta que eu vou andar nesse treco, ainda mais com você pilotando.

Não vou deixar minha alma gêmea sozinha, então decido me sentar com ela pra esperar o ônibus, nosso primeiro "encontro", na verdade é a primeira vez que a gente fica juntas, só eu e ela, por falta de opção, já que o ônibus vai demorar e ela se recusa a aceitar minha carona, até que...

-Tá bom, eu vou com você, mas sem gracinha, tá?

Claro que eu corri de propósito para ela se agarrar em mim, não sei quando vai aparecer outra oportunidade dessas e assim que eu a deixei em casa, não sei o que deu em mim para falar para ela que a gente ainda vai se casar um dia, confesso que não resisti a carinha dela irritada, militando sobre segurança e infrações às leis de trânsito e mandei essa pra provocar mais e quem sabe ela não percebe que eu sou caidinha por ela...



Stupid Wife-The other sideWhere stories live. Discover now