Capítulo 15

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Era domingo, e nos domingos a livraria não abria. Dylan resolveu que iria me ensinar a patinar e aqui estava eu, de pé, agarrando-me a ele para não cair.

— Foi uma péssima ideia – falei fazendo-o rir.

— Você não está prestando atenção nos meus ensinamentos. Mantenha suas pernas retas e você vai deslizar com passos pequenos, como estou fazendo. – Olho para suas pernas e faço o mesmo. – Relaxe o corpo.

— Juro que estou tentando – murmurei focada na pista.

— Deixe suas costas retas, dobre um pouco seus joelhos e deslize um pé para frente e depois o outro.

Aos poucos deslizei um pé, com Dylan me puxando pela mão para segui-lo. Vejo seus movimentos e copio, eu sentia seus olhos me observando, mas estava concentrada demais no gelo a minha frente para levantar a cabeça e fitá-lo.

— Relaxe. – Repetiu e sorri.

— Não tem como ficar relaxada aqui.

— Quer que eu te ajude a relaxar? – Eu o fitei rapidamente surpresa.

— Quando ficou tão atrevido assim? – ele gargalhou e me puxou novamente, me fazendo deslizar sobre o gelo. – Não acredito que estou fazendo isso – digo sorrindo.

— Vou te soltar.

— Não! – exclamo nervosa.

— Mantenha seus pés retos.

— Dylan!

— Você só vai deslizar, mantenha o equilíbrio.

— Dylan, não! – grito quando ele desprende sua mão da minha.

— Mantenha o equilíbrio, estou bem atrás de você! – falou próximo a mim.

— Eu vou cair, vou cair! – avisei e em segundos ele estava do meu lado, no entanto, acabo tropeçando nos meus próprios pés e caio no chão trazendo-o comigo.

Sua risada alta ecoou pelo ambiente, chamando atenção das outras pessoas. Mas nós não estávamos ligando para elas. Ri junto ao Dylan, deitando-me por completo. Ele se levantou apoiando o braço no gelo e me observou por alguns segundos. Meu riso foi diminuindo, e acariciei seu rosto.

— Desculpa. Sou péssima nisso.

— Mas é maravilhosa em outras coisas – disse me deixando envergonhada.

— Quero meu tímido Dylan de volta – disse em protesto. – Não estou acostumada com essas suas frases de duplo sentido – murmurei.

— Pois acho bom se acostumar. Você me deixou atrevido! – sussurrou para que outras pessoas não escutassem e ri escondendo meu rosto com as mãos.

Dylan se mexeu levantando e fiquei de pé com sua ajuda. Em segundos, eu estava tentando patinar de novo, mas em minutos desisti. Ficamos apenas observando os outros patinarem e conversando besteiras, que nem percebi que o dia já havia passado.

Era tardezinha quando andávamos de volta a livraria. A estação de trem me veio à cabeça e sorri ao lembrar que ele também ia lá. Se eu tivesse o visto, será que teríamos sido amigos?

— Que sorriso é esse? – questionou me fazendo olhá-lo.

— Lembrei da estação de trem – respondo. – Posso saber por que você também ia para lá? – perguntei e ele respirou fundo, mantendo seu olhar em frente.

— A escola às vezes era horrível – ele disse e balancei a cabeça concordando. – Então ia para a estação e ficava pensando se eu deveria fugir ou não.

Até Que O Inverno AcabeWhere stories live. Discover now